Oi (OIBR3): vem coisa boa por aí? Veja as previsões que o BTG Pactual fez para os resultados da empresa
A companhia de telecomunicações ultrapassou recentemente um obstáculo que libera a venda de sua unidade móvel e pode abrir as portas para a saída da recuperação judicial
Muitos acreditam que só olhando para o passado podemos compreender o presente e fazer um futuro melhor. Isso não vale só para pessoas, mas também se aplica às empresas. Na terça-feira (29), a Oi (OIBR3) divulga os resultados de 2021, e o BTG Pactual fez suas previsões sobre o que os investidores devem esperar.
ATUALIZAÇÃO: a Oi adiou a divulgação de resultados para o final de abril. Saiba mais aqui.
Antes de contar o que o banco de investimentos vê no caminho da Oi, é importante dar uma olhada no passado da empresa.
A OIBR3 foi fundada em 1998 e foi uma das empresas que mais se beneficiou dos empréstimos a juros baixos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com um plano de se tornar uma super tele.
Mas o projeto não vingou e a companhia se afundou em dívidas, acabando em recuperação judicial em 2016 — e segue no limbo desde então. Na ocasião, o passivo da Oi era de R$ 65 bilhões; o valor caiu para cerca de R$ 30 bilhões agora e deve ser reduzido a quase metade com a venda da Oi Móvel.
O presente da Oi (OIBR3)
Depois de visitar o passado da Oi, chegou a vez de olharmos para o presente da empresa, basicamente marcado pela venda da sua unidade móvel para as rivais Vivo, TIM e Claro.
O negócio foi fechado em dezembro de 2020, avaliado em R$ 16,5 bilhões, e é considerado um passo fundamental para que a empresa saia da recuperação judicial.
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No início do mês, a OIBR3 conseguiu derrubar uma barreira importante à venda da sua unidade móvel, depois que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) desconsiderou um recurso que barrava o negócio.
Na ocasião, o Cade manteve o Acordo em Controle de Concentração (ACC), mas aprovou por unanimidade a incorporação de imposições unilaterais que assegurem a mitigação dos riscos concorrenciais no setor de telecomunicações.
O que o BTG vê para os resultados do quarto trimestre
Em meio a tantos tropeços, o BTG Pactual projeta resultados brandos para a Oi no quarto trimestre de 2021, mas destaca o desempenho positivo do segmento móvel — principalmente no pré-pago e nos planos “controle”.
Confira as principais estimativas do banco de investimentos para os resultados da OIBR3:
Oi | 4T21 | 4T20 | Ano x Ano | 3T21 | Tri x Tri |
Receita líquida | R$ 4,449 bilhões | R$ 4,720 bilhões | -5,70% | R$ 4,464 bilhões | -0,30% |
Ebitda ajustado | R$ 1,424 bilhão | R$ 1,460 bilhão | -2,50% | R$ 1,443 bilhão | -1,40% |
Dívida líquida | R$ 32,384 bilhões | R$ 21,797 bilhões | 48,60% | R$ 29,899 bilhões | 8,30% |
O BTG destaca ainda que as receitas residenciais, que têm sido destaque nos últimos trimestres, não devem apresentar bons resultados.
Com base em dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o banco indica que as adições líquidas da Oi tiveram leve desaceleração no quarto trimestre de 2021.
- Adição média por mês no quarto trimestre: 72 mil clientes
- Adição média por mês no terceiro trimestre: 110 mil clientes
- Adição média por mês no segundo trimestre: 123 mil clientes
- Adição em janeiro de 2022: 49 mil clientes
Segundo o BTG, a tendência de menores adições não é apenas na Oi, com a deterioração do cenário econômico impactando o setor como um todo.
Além disso, o banco cita o fato de a maioria das empresas estar experimentando maior rotatividade involuntária, com clientes sendo cortados de suas bases por falta de pagamento, e maior concorrência.
O futuro da Oi
No futuro da OIBR3, o BTG vê o segmento de fibra óptica como uma fonte de retorno elevado sobre o capital investido, apoiando um forte crescimento nos próximos anos.
A previsão segue em linha com as tendências de aumento da penetração da banda larga no país, a migração de tecnologias para fibra e a consolidação de um mercado fragmentado.
Sobre novos clientes, o BTG espera que as adições líquidas retornem para cerca 80 mil por mês no segundo semestre de 2022.
O banco lembra que será difícil para a Oi voltar ao patamar de adições líquidas visto no pico da pandemia de covid-19, quando a demanda por internet de qualidade era alta.
Vale lembrar que o BTG comprou 57,9% dos ativos de fibra ótica da Oi, por R$ 12,9 bilhões; as duas empresas, agora, formam a joint-venture V.tal para atuação nessa área.
Venda da Oi Móvel: o que esperar?
Com a venda da unidade móvel para a Vivo, TIM e Claro aprovada pelo Cade em 9 de fevereiro, a Oi poderá iniciar o processo de separação de ativos.
Segundo o BTG, essa etapa deve levar de seis a oito semanas.
“Esperamos que o fechamento do negócio ocorra até a primeira quinzena de abril — com a possibilidade de acontecer ainda em março”, diz o BTG.