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Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero com especialização em Macroeconomia e Finanças (FGV) e pós-graduação em Mercado Financeiro e de Capitais (PUC-Minas). Com passagens pelo portal R7, revista IstoÉ e os jornais DCI, Agora SP (Grupo Folha), Estadão e Valor Econômico, também trabalhou na comunicação estratégica de gestoras do mercado financeiro.
REVISÃO

Com risco fiscal no horizonte, Morgan Stanley rebaixa recomendação das ações do Brasil para neutro

Apesar do pessimismo com o Brasil, o banco recomenda seis ações nacionais entre suas favoritas na América Latina — veja quais são

Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
21 de novembro de 2022
13:26 - atualizado às 15:33
Tela de cotações da as ações da bolsa Ibovespa mercados
Tela de cotações - Imagem: Envato

A preocupação com a situação fiscal do Brasil não se resume ao mercado local. Conforme as incertezas e os ruídos políticos aumentam, cada vez mais bancos preferem se proteger e deixam o alerta em relação aos ativos brasileiros. Desta vez, quem entrou na fila foi o Morgan Stanley.

O banco rebaixou a recomendação dos ativos brasileiros de compra para neutro em relatório divulgado no domingo (20), que considera toda a carteira da América Latina.

Na avaliação da equipe, as principais justificativas para a mudança são o desconhecimento de quem será o próximo ministro da Fazenda — e as menores chances de que seja um de perfil mais ortodoxo — e também as sinalizações de descontrole fiscal do próximo governo.

Segundo o documento, isso naturalmente levaria a taxas de juros mais altas por mais tempo.

Se até pouco tempo atrás havia no mercado a leitura de que as ações brasileiras estavam com um nível de preço atraente, todo esse contexto acabou por abalar tal tese.

A conclusão é de que, caso o cenário fiscal mais desafiador se confirme, os próximos anos serão mais positivos para a renda fixa no Brasil, prejudicando o mercado de ações.

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Ainda que o banco esteja mais pessimista em relação ao Brasil, os analistas incluíram seis papéis brasileiros em sua carteira de ações para a região.

A lista inclui Itaú (ITUB4), Porto (PSSA3), Weg (WEGE3), Assaí (ASAI3), Vale (VALE3) e Americanas (AMER3). Também constam Mercado Livre (MELI34) — com boa parte de suas receitas ligadas ao Brasil —, Oma e Fibra Prologis (ambas mexicanas) e, por último, Credicorp (Peru).

Atualmente, a equipe do Morgan Stanley prefere olhar para exportadoras e companhias mais cíclicas e defensivas no Brasil. Entre os setores evitados estão bancos, energia e empresas ligadas ao governo federal.

Saindo do Brasil, de olho no México

Se a situação está ruim para o Brasil, o México se deu melhor, já que o Morgan Stanley elevou sua exposição ao país, com recomendação "overweight" (acima da média do mercado).

Na avaliação dos analistas, o México tende a se beneficiar de sua proximidade com os Estados Unidos, que pode experimentar uma atividade econômica melhor no segundo semestre do ano que vem e escapar de uma recessão profunda. A manufatura mexicana também é um destaque positivo.

Entre os demais países vizinhos, o Peru se manteve com recomendação "overweight" — beneficiado por sua alta correlação com o preço das commodities —, enquanto a Colômbia segue com indicação neutra e o Chile com recomendação "underweight" (abaixo da média do mercado).

Nestes dois últimos países, pesam as questões políticas internas.

No geral, a equipe do banco projeta 20% de retorno em dólares para ações latino-americanas com 2023, com o índice MSCI Latin America fechando perto de 2.700 pontos no ano que vem.

Como é de costume, o banco traça, além do cenário base, outros dois caminhos hipotéticos. No mais pessimista, acredita-se em um retorno negativo de 23% em dólares para as ações da América Latina em 2023, com o índice principal em 1.700 pontos ao término do período.

Na ponta mais otimista, o MSCI Latin America fecharia em 3.000 pontos, enquanto o retorno em dólares para as ações da região seria de 36%.

O relatório diz, ainda, que o valuation das ações latino-americanas está relativamente mais barato em relação ao histórico e também de maneira geral, quando comparado aos demais emergentes.

Isso pode gerar uma proteção interessante para os investidores com exposição global, especialmente em caso de mais revisões para o restante do mundo diante da desaceleração econômica generalizada.

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