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Ricardo Gozzi
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Inflação enfim mostra sinais de alívio e analistas veem fim do ciclo de alta da Selic mais próximo

IPCA desacelerou a 0,47% em maio, de 1,06% em abril; dados vieram aquém das estimativas tanto em base mensal quanto na comparação anual

Ricardo Gozzi
9 de junho de 2022
12:35 - atualizado às 14:56
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Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

A desaceleração da inflação oficial em maio trouxe um pouco de alívio aos analistas do mercado financeiro.

Ao contrário do que ocorreu com a inflação de abril, quando parte do mercado começou a se preparar para um aperto monetário ainda mais forte pelo Banco Central, os números de maio alimentam a expectativa de que a alta de preços de alguns itens tenha chegado ao limite.

Com isso, volta a ganhar força a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) interrompa o atual ciclo de aperto monetário na próxima reunião, prevista para a semana que vem.

A taxa Selic encontra-se em 12,75%. Segundo analistas, ela deve ser elevada a 13,25% na reunião de junho do Copom.

Como veio a inflação de maio

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a 0,47% em maio, de 1,06% em abril.

Embora a mediana das estimativas dos analistas consultados pelo Broadcast sugerisse uma desaceleração, o dado veio aquém da estimativa de alta de 0,60%.

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No acumulado em 12 meses, o IPCA desacelerou de 12,13% em abril para 11,73% em maio. O número também ficou abaixo da estimativa de alta de 11,88%.

Alimentação, a grande surpresa do IPCA

O IPCA de maio trouxe algumas surpresas. A principal delas refere-se à forte desaceleração da alimentação em domicílio. O índice passou de 2,59% em abril para 0,43% em maio.

A desaceleração foi provocada principalmente pelos preços dos hortifrutis. Produtos como o tomate e a cenoura registraram queda superior a 20% nos preços na comparação mensal. Já o preço da batata inglesa recuou 3,94%.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Corretora, os números de maio sugerem que os gastos com alimentação alcançaram um teto.

Segundo ele, os preços já subiram de maneira relevante nos últimos meses. “Logo não é razoável supor altas ainda maiores”, afirmou.

Desaceleração da inflação alivia pressão sobre o Banco Central

O IPCA de hoje é um foco de alívio na pressão recente por uma postura mais austera da autoridade monetária”, avaliou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

De acordo com ele, porém, as perspectivas para a Selic seguem muito suscetíveis aos efeitos dos projetos em tramitação no Congresso Nacional, numa referência ao projeto de lei complementar que contempla um teto de 17% sobre o ICMS dos preços dos combustíveis e energia.

Na avaliação de André Perfeito, da Necton, “o resultado de hoje do IPCA sugere fortemente que o BC deve fazer apenas mais uma alta de 50 pontos base na sua taxa básica, levando esta para 13,25% e parando neste patamar”.

Cenas dos próximos capítulos

Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, adverte para o risco de uma nova aceleração da inflação em breve. Motivo? A aplicação de um novo reajuste nos preços dos combustíveis pela Petrobras.

“Nossas expectativas de curto prazo contemplam um novo reajuste da Petrobras da ordem de 10% nos próximos 30 dias, o que pode levar a um novo pico da inflação anual em julho”, disse ela.

Ontem à noite, a empresa avisou que a pressão sobre as cotações do petróleo e derivados nos mercados internacionais pode levar a novos reajustes no curto prazo.

“Com o petróleo nesses níveis, sabemos que alimentos e transportes continuarão pressionados. Então precisamos aguardar as cenas dos próximos capítulos”, disse Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed.

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