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Larissa Vitória
Larissa Vitória
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo portal SpaceMoney e pelo departamento de imprensa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Carolina Gama
Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.
FECHAMENTO DO DIA

Conflito entre Rússia e Ucrânia ainda preocupa, mas disparada do petróleo e outras commodities embalam o Ibovespa e índice sobe 1,8% na volta do Carnaval

Com a ajuda de uma das alas mais representativas da bolsa, o índice virou um sambódromo para o desfile de gala das ações dos setores de óleo e mineração

Larissa Vitória
2 de março de 2022
19:02 - atualizado às 22:45
Mãos em concha segurando um líquido escuro, parecido com petróleo
Analistas apontam que o petróleo evoluiu de um bull market — ou seja, momento de tendência de alta — cíclico para um estrutural - Imagem: Shutterstock

Quem esperava que a quarta-feira (2) de cinzas da B3 faria jus ao nome e terminaria com o investidor recolhendo o que restasse da carteira após os ajustes à queda das bolsas estrangeiras durante o feriado de Carnaval se enganou.

Com a ajuda da ala das commodities e do bloco da recuperação na Europa e Estados Unidos, a bolsa brasileira resolveu estender os dias de confete e serpentina e transformou o Ibovespa em um sambódromo para o desfile de gala das ações ligadas ao petróleo e ao minério de ferro.

Com altas de até 13% na passarela do mercado financeiro, o principal índice brasileiro também encerrou o dia com um avanço para investidor nenhum botar defeito. O Ibovespa subiu 1,80% hoje, aos 115.174 pontos.

Já o dólar, que começou o dia dando sinais de que choveria no Carnaval estendido dos investidores brasileiros, encerrou o dia em queda.

A moeda norte-americana registrou alta importante na abertura, mas, ao longo da tarde, inverteu o sinal e fechou as negociações com desvalorização de 0,94%, a R$ 5,1073.

O resultado da bolsa e do câmbio é especialmente significativo considerando que um dos principais catalisadores para a recuperação no exterior — a possibilidade de que o diálogo ponha fim ao conflito entre Rússia e Ucrânia — ainda é apenas uma esperança.

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Mais cedo, a delegação russa indicou que está pronta para retomar as conversas sobre a guerra com representantes ucranianos. Até o momento, porém, não há mais informações sobre o novo encontro.

O baile das commodities

A notícia de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados decidiram aumentar sua produção coletiva de petróleo em mais 400 mil barris por dia no mês de abril era o que faltava para deslanchar as cotações de petróleo.

Os contratos do WTI e do Brent - este último referência internacional para os preços da commodity - fecharam o dia em altas de 6,95% e 7,58%, respectivamente. Após o fechamento, no pregão eletrônico, o Brent bateu os US$ 115 o barril pela primeira vez desde 2008.

Com esse samba enredo para impulsioná-las, a ala das petroleiras foi o grande destaque da B3 na avenida.

3R Petroleum (RRRP3) e PetroRio (PRIO3) lideraram as maiores altas do Ibovespa, enquanto as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) chegaram a operar no maior nível nominal desde o início do Plano Real, em 1994.

O minério de ferro, outra commodity com grande peso para a bolsa brasileira, também surfou no cenário internacional e embalou o samba das ações das mineradoras e siderúrgicas.

Veja abaixo quais papéis anotaram os maiores ganhos hoje:

TickerEmpresaVariação
RRRP33R Petroleum ON12,93%
PRIO3PetroRio ON9,02%
CSNA3CSN ON8,09%
VALE3Vale ON7,99%
BRAP4Bradespar PN6,54%

Confira também as maiores baixas:

TickerEmpresaVariação
ABEV3Ambev ON-4,47%
NTCO3Natura ON-4,02%
CIEL3Cielo ON-3,89%
UGPA3Ultrapar ON-3,38%
MULT3Multiplan ON-3,17%

Powell acalma exterior

Além da guerra e das commodities, outro protagonista da quarta-feira foi Jerome Powell. O último discurso do presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, tranquilizou quem temia que o conflito na Ucrânia motivasse uma alta mais agressiva na taxa de juros dos EUA.

Em depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o dirigente revelou estar inclinado a apoiar um aumento de 0,25 ponto percentual (pp) em março.

“O principal é que vamos prosseguir, mas com cuidado, à medida que aprendemos mais sobre as implicações da guerra da Ucrânia na economia”, disse Powell.

Com a sinalização, o Dow Jones subiu 1,79%, aos 33.889,96 pontos. Já o S&P 500 avançou 1,86%, aos 4.386,47 pontos, enquanto o Nasdaq teve alta de 1,62%, aos 13.752,02 pontos. 

Mais sanções dos EUA e a resposta russa

Apesar da sinalização de diálogo, o governo norte-americano não dá tréguas ao presidente russo, Vladimir Putin, e anunciou uma nova rodada de sanções. Dessa vez, os alvos são o setor de defesa e de petróleo e gás russos

Considerados fontes de riqueza da Rússia, em conjunto com aliados, os Estados Unidos aplicarão controles sobre exportações de equipamentos e tecnologia ligados a extração e refino das commodities energéticas, prejudicando a capacidade de produção russa no longo prazo, segundo a Casa Branca.

Na outra ponta, para mitigar os efeitos da enxurrada de sanções econômicas e financeiras, a Rússia decidiu cortar o compulsório dos bancos, ou seja, a quantidade de dinheiro das instituições financeiras que fica retida no banco central.

Veja também - Preço do petróleo dispara e Petrobras (PETR4) passa ser negociada em um dos maiores níveis desde o início do Plano Real

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