Conflito entre Rússia e Ucrânia ainda preocupa, mas disparada do petróleo e outras commodities embalam o Ibovespa e índice sobe 1,8% na volta do Carnaval
Com a ajuda de uma das alas mais representativas da bolsa, o índice virou um sambódromo para o desfile de gala das ações dos setores de óleo e mineração
Quem esperava que a quarta-feira (2) de cinzas da B3 faria jus ao nome e terminaria com o investidor recolhendo o que restasse da carteira após os ajustes à queda das bolsas estrangeiras durante o feriado de Carnaval se enganou.
Com a ajuda da ala das commodities e do bloco da recuperação na Europa e Estados Unidos, a bolsa brasileira resolveu estender os dias de confete e serpentina e transformou o Ibovespa em um sambódromo para o desfile de gala das ações ligadas ao petróleo e ao minério de ferro.
Com altas de até 13% na passarela do mercado financeiro, o principal índice brasileiro também encerrou o dia com um avanço para investidor nenhum botar defeito. O Ibovespa subiu 1,80% hoje, aos 115.174 pontos.
Já o dólar, que começou o dia dando sinais de que choveria no Carnaval estendido dos investidores brasileiros, encerrou o dia em queda.
A moeda norte-americana registrou alta importante na abertura, mas, ao longo da tarde, inverteu o sinal e fechou as negociações com desvalorização de 0,94%, a R$ 5,1073.
O resultado da bolsa e do câmbio é especialmente significativo considerando que um dos principais catalisadores para a recuperação no exterior — a possibilidade de que o diálogo ponha fim ao conflito entre Rússia e Ucrânia — ainda é apenas uma esperança.
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Mais cedo, a delegação russa indicou que está pronta para retomar as conversas sobre a guerra com representantes ucranianos. Até o momento, porém, não há mais informações sobre o novo encontro.
O baile das commodities
A notícia de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados decidiram aumentar sua produção coletiva de petróleo em mais 400 mil barris por dia no mês de abril era o que faltava para deslanchar as cotações de petróleo.
Os contratos do WTI e do Brent - este último referência internacional para os preços da commodity - fecharam o dia em altas de 6,95% e 7,58%, respectivamente. Após o fechamento, no pregão eletrônico, o Brent bateu os US$ 115 o barril pela primeira vez desde 2008.
Com esse samba enredo para impulsioná-las, a ala das petroleiras foi o grande destaque da B3 na avenida.
3R Petroleum (RRRP3) e PetroRio (PRIO3) lideraram as maiores altas do Ibovespa, enquanto as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) chegaram a operar no maior nível nominal desde o início do Plano Real, em 1994.
O minério de ferro, outra commodity com grande peso para a bolsa brasileira, também surfou no cenário internacional e embalou o samba das ações das mineradoras e siderúrgicas.
Veja abaixo quais papéis anotaram os maiores ganhos hoje:
Ticker | Empresa | Variação |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | 12,93% |
PRIO3 | PetroRio ON | 9,02% |
CSNA3 | CSN ON | 8,09% |
VALE3 | Vale ON | 7,99% |
BRAP4 | Bradespar PN | 6,54% |
Confira também as maiores baixas:
Ticker | Empresa | Variação |
ABEV3 | Ambev ON | -4,47% |
NTCO3 | Natura ON | -4,02% |
CIEL3 | Cielo ON | -3,89% |
UGPA3 | Ultrapar ON | -3,38% |
MULT3 | Multiplan ON | -3,17% |
Powell acalma exterior
Além da guerra e das commodities, outro protagonista da quarta-feira foi Jerome Powell. O último discurso do presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, tranquilizou quem temia que o conflito na Ucrânia motivasse uma alta mais agressiva na taxa de juros dos EUA.
Em depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o dirigente revelou estar inclinado a apoiar um aumento de 0,25 ponto percentual (pp) em março.
“O principal é que vamos prosseguir, mas com cuidado, à medida que aprendemos mais sobre as implicações da guerra da Ucrânia na economia”, disse Powell.
Com a sinalização, o Dow Jones subiu 1,79%, aos 33.889,96 pontos. Já o S&P 500 avançou 1,86%, aos 4.386,47 pontos, enquanto o Nasdaq teve alta de 1,62%, aos 13.752,02 pontos.
Mais sanções dos EUA e a resposta russa
Apesar da sinalização de diálogo, o governo norte-americano não dá tréguas ao presidente russo, Vladimir Putin, e anunciou uma nova rodada de sanções. Dessa vez, os alvos são o setor de defesa e de petróleo e gás russos.
Considerados fontes de riqueza da Rússia, em conjunto com aliados, os Estados Unidos aplicarão controles sobre exportações de equipamentos e tecnologia ligados a extração e refino das commodities energéticas, prejudicando a capacidade de produção russa no longo prazo, segundo a Casa Branca.
Na outra ponta, para mitigar os efeitos da enxurrada de sanções econômicas e financeiras, a Rússia decidiu cortar o compulsório dos bancos, ou seja, a quantidade de dinheiro das instituições financeiras que fica retida no banco central.
Veja também - Preço do petróleo dispara e Petrobras (PETR4) passa ser negociada em um dos maiores níveis desde o início do Plano Real
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