Fundos multimercados têm trimestre arrasador e deixam CDI no chinelo. Ainda dá tempo de pegar essa onda?
No ano, o Índice de Hedge Funds da Anbima registra retorno de 7,2143% para os fundos multimercados, enquanto o CDI acumula 2,89%
Referência entre as gestoras de fundos multimercados — que podem investir em várias classes de ativos — a SPX Capital teve em março o melhor desempenho da história. E isso não é pouco se considerarmos que o fundo é pilotado pelo renomado Rogério Xavier.
Mas o resultado da SPX está longe de ser isolado. Os fundos multimercados de modo geral não só têm surfado bem em um cenário complicado marcado por inflação, juros em alta e guerra, como estão ganhando muito dinheiro.
Desde o começo do ano até 14 de abril, o Índice de Hedge Funds da Anbima, o IHFA, registra um retorno de 7,2143%. Trata-se de uma verdadeira surra no CDI (indicador de referência) acumulado de 2,89% no mesmo período.
Como esses gestores fizeram para navegar as águas turbulentas do mercado e, principalmente, o que esperar daqui para frente? Eu trago ambas as respostas para você a seguir.
- MUDANÇAS NO IR 2022: baixe o guia gratuito sobre o Imposto de Renda deste ano e evite problemas com a Receita Federal
Sem bolsa, com juros
Num ano em que o grande destaque entre os ativos brasileiros tem sido o Ibovespa, pode soar estranho que a alocação responsável pelo ótimo desempenho dos fundos multimercados até agora esteja sendo, na verdade, a renda fixa.
Dos vários fundos estrelados que integram o índice da Anbima, é possível notar que boa parte teve os ganhos atribuídos às posições tomadas em juros — ou seja, que apostam na alta das taxas — de diversos países.
Leia Também
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
No caso do Ibiuna Hedge STH, por exemplo, a performance de 5,31% em março foi quase totalmente atribuída às posições em juros, que responderam, sozinhas, por 5,12% no mês.
O SPX Nimitz, principal multimercado da gestora de Rogério Xavier citada no início desta reportagem, obteve rentabilidade de 7,34%, o maior retorno mensal desde o início do fundo, em 2010.
E o que dizer do Vista Multiestratégia, que só no mês passado subiu espetaculares 13,1%?
Investidor não aproveitou o passeio dos multimercados
Os fundos multimercados em geral têm justamente essa característica de conseguir ganhar dinheiro tanto em cenários de alta como de baixa — desde que os gestores façam as escolhas certas.
O problema disso tudo é que parte dos investidores não está aproveitando a maré alta dos multimercados.
Isso porque os dados mais atualizados da Anbima mostram que essa classe de fundos lidera os resgates em 2022. Até o dia 8 de abril, mais de R$ 43 bilhões foram tirados dos multimercados.
É verdade que muitos fundos sofreram mais em janelas de tempo maiores, principalmente no início da pandemia da covid-19. Os resgates, contudo, começaram bem mais tarde, a partir do segundo semestre do ano passado.
E o mais curioso é que esse movimento é justificado pelo mesmo fator que provocou os ganhos dessa classe de fundos: os juros.
Visão precipitada
De acordo com o analista da Empiricus Bruno Mérola, os investidores costumam ter uma visão precipitada de que quando os juros estão subindo, os fundos multimercados performam mal.
Mas a característica que define essa classe é, justamente, a possibilidade de ajustar a carteira conforme os cenários macroeconômicos mudam.
“O primeiro trimestre de 2022 mostrou que os fundos multimercados conseguem ganhar dinheiro com ativos que a pessoa física não tem acesso”, disse Mérola.
Muitos fundos obtiveram rentabilidades expressivas por conta de posições tomadas em juros em outros países, tanto desenvolvidos quanto emergentes.
Outra estratégia vencedora do mês de março foi operar vendido na bolsa de valores americana. Ambas são posições que a pessoa física não consegue fazer.
Commodities
Uma outra fonte de rentabilidade para os multimercados foram as commodities, mais uma classe de ativos que o investidor comum não está acostumado a comprar.
“As commodities começaram a ser fortemente afetadas desde o início da pandemia, pela transição energética global e pela guerra na Ucrânia. E os multimercados pegaram isso”, reforça Mérola.
Da rentabilidade de 13,1% do fundo Vista Multiestratégia, citado anteriormente, 12,3% vieram das commodities, especialmente do petróleo. Os preços dos barris dispararam com a eclosão da guerra na Ucrânia e têm reagido com força a sinais de uma oferta mais restrita.
Ainda dá para pegar a onda?
Se você está se perguntando se ainda tem o que aproveitar da alta dos multimercados, a resposta de Bruno Mérola é sim.
“Na minha opinião, nos cenários em que os juros estão altos e quando os Bancos Centrais começam a sinalizar que não vão aumentá-los muito mais, é o momento que os multimercados começam a se dar muito bem com posições no Brasil. Tem muita coisa boa para acontecer com esses fundos”, aposta Mérola.
Vale ressaltar que, para o analista, não existe um timing muito bem definido para comprar cotas de fundos multimercados: é algo que você deveria ter para sempre no portfólio.
É claro que, para aproveitar esse bom momento, é preciso escolher o bonde que leve o seu dinheiro pela trilha certa. Ou seja, é preciso fazer uma boa seleção dos gestores.
Confira abaixo a rentabilidade dos fundos multimercados preferidos de Bruno Mérola:
Fundo | % mar/22 | 2022 | 12 meses |
SPX Nimitz | 7,34% | 14,99% | 22,44% |
Vista Multiestratégia | 13,10% | 37,98% | 61,48% |
Verde | 4,18% | 9,22% | 4,49% |
Kapitalo Zeta | 3,94% | 7,31% | 15,16% |
Vinland Macro Plus | 5,20% | 8,03% | 14,89% |
Legacy Capital | 4,99% | 14,42% | 19,79% |
Giant Zarathustra | 4,46% | 6,90% | 16,17% |
CDI | 0,92% | 2,88% | 6,80% |
Leia também:
Itaú (ITUB4) supera Vale (VALE3) e se torna a ação mais indicada para investir em novembro; veja o ranking com recomendações de 13 corretoras
O otimismo dos analistas tem base em dois pilares principais: a expectativa de um balanço forte no 3T24 e a busca por um porto seguro na B3
Itaú no topo, Santander e Bradesco remando e Banco do Brasil na berlinda: o que esperar dos lucros dos bancões no 3T24
De modo geral, cenário é favorável para os resultados dos bancos, com a economia aquecida impulsionando o crédito; veja as projeções dos analistas
Sob pressão, Cosan (CSAN3) promove mudanças no alto escalão e anuncia novos CEOs em busca da virada — mas ações continuam em queda na B3
Apesar da desvalorização dos papéis do grupo na bolsa em 2024, é quase consenso entre analistas e gestores que as perspectivas para a companhia são positivas
“A Petrobras (PETR4) continua uma pechincha”: gestor da Inter Asset revela 5 ações para investir na bolsa até o fim de 2024
Para Rafael Cota, as ações PETR4 continuam “muito baratas” — mesmo que a companhia seja hoje avaliada em mais de R$ 500 bilhões
Afinal, o que o Drex vai mudar na minha vida? Veja duas aplicações do ‘real digital’ que vão te ajudar a poupar dinheiro
Ainda, saiba se a “criptomoeda do banco central” sairá no tempo esperado, e se a saída de Campos Neto do BC influenciará no cronograma
Mercado Livre (MELI34) tem “bilhões de dólares para conquistar” com receita de mídia nos próximos cinco anos, diz diretor
Na avaliação de Mario Meirelles, diretor sênior do Mercado Ads Brasil, a parceria com players externos, como o Disney+, será essencial para o crescimento da divisão de publicidade
Na nova ‘corrida do ouro’ do varejo, Mercado Livre larga na frente no ‘retail media’, mas as concorrentes brasileiras prometem reagir
O mercado de publicidade é visto como uma nova fonte de receita para o varejo — mas as brasileiras encontram-se ainda muitos passos atrás na busca por território no mercado local
Com alta da Selic, BTLG11 é destronado e um fundo imobiliário de papel é o novo favorito do mês; confira o FII mais recomendado para outubro
A classe dos FIIs de papel é a que mais tem a ganhar com o aperto na taxa, já que o rendimento de parte dos títulos está diretamente relacionado aos juros
Vale (VALE3) destrona Itaú e se torna a ação mais recomendada para investir em outubro. A China não é mais pedra no caminho da mineradora?
Com resultados robustos e o otimismo em relação à China, a Vale se tornou a ação queridinha para este mês; veja o ranking com indicações de 12 corretoras
Vamos (VAMO3): os três motivos por trás da queda de 11% desde o anúncio da reestruturação; ação recua na B3 hoje
A Vamos deverá se fundir com a rede de concessionárias Automob, que também é controlada pela Simpar — e o plano de combinação das operações gerou ruídos entre investidores
Guerra no Oriente Médio: o que está em jogo agora pode mudar de vez o mercado de petróleo. Como fica a ação da Petrobras (PETR4)? A resposta não é óbvia
A guerra ganhou novos contornos com o ataque do Irã a Israel na terça-feira (01). Especialistas acreditam que, dessa vez, o mercado não vai ignorar a implicância dos riscos geopolíticos para o petróleo; saiba se é hora de colocar os papéis da Petrobras na carteira para aproveitar esse avanço
Exclusivo: Mercado Livre ainda está no meio da curva de crescimento — e desta vez não vai abrir mão da rentabilidade, diz cofundador
Ao Seu Dinheiro, Stelleo Tolda revelou que quer manter o ritmo de crescimento na América Latina — e Mercado Pago e iniciativas em inteligência artificial são pontos centrais da estratégia
Kinea revela 8 ações “de excelência” ainda atraentes para investir na bolsa e escapar do “marasmo” do Ibovespa
Ao Seu Dinheiro, Ruy Alves, gestor da Kinea, avalia que oito papéis devem se sair bem nos próximos meses mesmo com o desempenho mediano da bolsa brasileira
O que pensam os “tubarões” do mercado que estão pessimistas com a bolsa — e o que pode abrir uma nova janela de alta para o Ibovespa
Após o rali em agosto, grandes gestoras do mercado aproveitaram para mexer nas posições de seus portfólios — e o sentimento negativo com a bolsa brasileira domina novas apostas dos economistas
Senhorio com CNPJ: com US$ 320 bilhões em imóveis, maior operadora de residenciais para renda do mundo conta como quer consolidar mercado no Brasil
A Greystar opera mais de US$ 320 bilhões em imóveis em quase 146 mercados e estreou no país com o lançamento de um empreendimento em São Paulo
O Ibovespa vai voltar a bater recordes em 2024? Na contramão, gestora com R$ 7 bi em ativos vê escalada da bolsa a 145 mil pontos e dólar a R$ 5,30
Ao Seu Dinheiro, os gestores Matheus Tarzia e Mario Schalch revelaram as perspectivas para a bolsa, juros e dólar — e os principais riscos para a economia brasileira
Depois de ‘comer poeira’ da Localiza (RENT3), o jogo virou para a Movida (MOVI3)? Gestores revelam o que esperar das locadoras daqui para frente
Na avaliação de analistas e gestores, o principal risco para as locadoras é o futuro do mercado de seminovos e da depreciação
Itaú (ITUB4) é a ação mais recomendada (de novo) para investir em setembro; veja o ranking com recomendações de 14 corretoras
Figurinha repetida no ranking de ações mais indicadas pelos analistas para investir no mês, o banco acumulou cinco indicações das 14 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro
Inter vai seguir ‘caminho do sucesso’ do Nubank? É o que aposta a Nero Capital — veja outros 20 investimentos da gestora
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Daniel Utsch afirmou que os resultados recentes mostram que o banco digital está no “caminho certo”; veja o que esperar da fintech e de outras ações na bolsa brasileira
ClearSale (CLSA3): prejuízo dispara mais de 400% e receita cai no 2T24, mas CEO prevê virada até o fim do ano; confira os números do balanço
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Eduardo Mônaco afirmou que a estratégia de diversificação de mercados e produtos já começou a dar frutos — e deve continuar a impulsionar a receita daqui para frente