Economista-chefe do Itaú espera que Selic comece a cair no segundo semestre de 2023 – mas só se PEC da Transição não extrapolar
Modelo de Mário Mesquita, do Itaú Unibanco, para a trajetória da Selic considera impacto de R$ 100 bilhões da PEC da Transição
Se a taxa básica de juros vai cair ou subir, vai depender do tamanho do gasto fora do teto e de qual será a nova âncora fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo menos, são essas variáveis que ditam os rumos dos modelos do economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, para a Selic.
A projeção do banco é de que os juros comecem a cair no segundo semestre do ano que vem, contanto que o gasto extra-teto não extrapole demais.
“Por ora, a gente está com R$ 100 bilhões no nosso cenário. Se for maior, e contém esse risco, a gente vai ter que rever nossa projeção”, disse Mesquita à imprensa.
Mas ele antecipou que, caso o valor pedido pelo governo eleito na PEC de Transição seja por volta de R$ 120 bilhões ou R$ 130 bilhões, o cenário não muda muito. A proposta aprovada pelos senadores foi de R$ 145 bilhões, mas pode sofrer alguma desidratação na Câmara dos Deputados.
A posição do economista diverge um pouco do pessimismo que assola os gestores de fundos neste momento, que, inclusive, já precificam um novo aumento da Selic no começo do novo governo.
“Ao longo do segundo semestre de 2018, o mercado chegou a embutir uma sequência de alta de taxa de juros que nunca aconteceu. Acaba havendo uma convergência entre gestores e economistas”, afirmou Mesquita.
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Para o ano que vem, de maneira geral, o economista espera crescimento mais baixo da economia brasileira devido a uma igual expectativa para a economia mundial.
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Novo arcabouço fiscal
Por aqui, Mesquita aguarda mais clareza sobre os rumos da política fiscal e da agenda econômica do novo governo para fazer mudanças nos seus modelos.
Com o teto de gastos caminhando para ser removido, a expectativa é de que no primeiro semestre de 2023 haja bastante movimentação para definir a nova âncora fiscal.
Mesquita já adianta que não gosta da regra de superávit primário e consideraria um retrocesso caso ela seja proposta.
Ele prefere uma regra de gastos, mas afirma que poderia ser feita uma regra adicional com limite da dívida com gatilhos - se a dívida atingir determinado patamar, tem que tomar medidas compensatórias.
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