Sem surpresas: Copom mantém a Selic em 13,75% e indica juros estáveis no médio prazo
Conforme amplamente esperado por economistas e investidores, a Selic permaneceu estável em 13,75%; saiba mais sobre a decisão do Copom
O mercado não esperava grandes emoções na decisão de juros do Copom desta quarta-feira (26) — e, de fato, nenhum investidor pode se dizer surpreendido pela postura do Banco Central: a taxa Selic foi mantida em 13,75% pela segunda reunião seguida, num movimento amplamente esperado pelos economistas e analistas financeiros.
Afinal, com a inflação acumulada em 12 meses finalmente começando a ceder, já não há mais necessidade de elevar os juros para um patamar ainda mais alto — por outro lado, o consenso é o de que é preciso esperar mais para começar a cortar a Selic, dando tempo para que o processo deflacionário se consolide.
Entre outros pontos, o BC continuou mostrando-se vigilante quanto aos riscos externos e domésticos; especialmente a possibilidade de deterioração do cenário fiscal brasileiro em função dos gastos fora do teto de gastos.
E, ao que tudo indica, esses 13,75% devem permanecer por algum tempo, dado esse equilíbrio frágil entre otimismo e cautela quanto aos potenciais fatores de risco — uma balança cujos pratos parecem na iminência de se mexerem, embora permaneçam parados no curtíssimo prazo.
Copom e Selic: o que está no radar?
Se a decisão em si já era aguardada pelo mercado financeiro, os argumentos a serem utilizados pelo Copom na manutenção da Selic nos patamares atuais poderiam gerar alguns ruídos, a depender do tom utilizado pela autoridade monetária. E o BC se mostra preocupado com uma janela de tempo relativamente ampla.
"O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024", diz o comunicado.
Leia Também
E o que isso quer dizer? Bem, que o BC está preocupado com os inúmeros fatores de risco que ainda cercam a economia brasileira, e que a manutenção da Selic nos atuais 13,75% é vista como a melhor alternativa para neutralizar essas incertezas e conduzir a inflação de volta às metas nos próximos dois anos.
Portanto, o processo de baixa na inflação acumulada tende a ser gradual — uma queda abrupta no IPCA, de modo a reconduzir os preços para dentro das metas definidas pelo BC, parece fora de questão. Nesse sentido, o Copom emitiu sinalizações bastante parecidas com as vistas na última decisão, de setembro, fazendo questão de deixar claro que, se julgar necessário, poderá até mesmo retomar as altas na Selic.
O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado
Trecho do comunicado de decisão de política monetária do Copom, em outubro de 2022.
Riscos para a trajetória dos juros
Em termos de riscos, o Copom apresentou o seu tradicional balanço: tanto no exterior quanto no Brasil, há fatores positivos e negativos a serem considerados — e o saldo, por ora, é o de que não é preciso agir nos juros para compensar o peso excessivo de um dos lados.
No momento, o BC parece mais preocupado com a dinâmica global, classificando o ambiente externo como "adverso e volátil"; a inflação no mundo continua sob pressão, e o ciclo de alta de juros ainda em andamento nas principais economias do mundo pode trazer ainda mais desequilíbrio às condições financeiras.
Ainda no âmbito internacional, o Copom adicionou uma observação nova em seu comunicado de hoje, ressaltando uma preocupação extra com os fundamentos fiscais no mundo — inclusive nas economias centrais. "O Comitê avalia que ambos os desenvolvimentos inspiram maior atenção para países emergentes", diz o documento.
E o Brasil? Bem, por aqui, o Copom avalia que os últimos indicadores de atividade mostraram um ritmo mais moderado de crescimento, e que mesmo com a forte baixa nos combustíveis e em outros preços administrados, a inflação ao consumidor continua elevada.
Veja, em resumo, quais são os principais riscos de alta para a inflação no Brasil que estão sendo considerados pelo BC:
- Maior persistência das pressões inflacionárias globais;
- Incerteza quanto ao comportamento do arcabouço fiscal do Brasil, com eventuais estímulos adicionais implicando numa elevação generalizada de preços; e
- Um aquecimento maior que o previsto da economia doméstica.
E confira também os riscos de baixa para o IPCA e os demais índices inflacionários
- Desaceleração econômica global mais acentuada que o projetado no momento;
- Queda adicional dos preços das commodities; e
- Manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023.
Copom: compare os comunicados da Selic
No documento abaixo, fizemos um comparativo entre o comunicado de hoje e a versão passada, de 3 de agosto — na ocasião, o BC elevou a Selic de 13,25% para 13,75% ao ano. Os trechos excluídos estão taxados em vermelho; os incluídos aparecem em negrito, na cor azul. Partes idênticas estão sem formatação. Para ter acesso à integra, basta clicar na imagem ou no link:
CLIQUE AQUI PARA FAZER O DOWNLOAD DO ARQUIVO
O que o mercado achou da decisão do Copom?
Maurício Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander
"A decisão de manter a estratégia intocada naturalmente reflete a continuidade da confiança do BC em relação às suas avaliações e previsões. O Copom estima que, na atual dose de aperto monetário, a inflação deve ir para perto do centro da meta no segundo trimestre de 204 (em 3,2%, para ser preciso). [...] Quanto ao nosso cenário, projetamos a Selic em 13,75% ao fim de 2022. [...] Projetamos cortes de juros apenas no segundo semestre de 2023, e vemos a Selic em 12% ao fim do próximo ano".
Roberto Padovani, economista-chefe do BV
"A mensagem principal é de cautela, por dois motivos: primeiro, você tem um cenário econômico com uma incerteza atipicamente elevada. [...] Outro motivo de cautela é a necessidade de se assegurar um processo desinflacionário no Brasil, mas também uma convergência mais clara em direção às metas de 2023 e 2024. Considerando esse cenário, BC passou mensagem de cautela, o que faz com que a gente nao mude as projeções: 13.75% até junho do ano que vem".
Matheus Pizzani, economista da CM Capital
"O destaque foi a menção aos fatores externos levados em consideração pela autoridade monetária em sua análise, onde não só foi apontado o papel do desenvolvimento da inflação nas economias avançadas, algo recorrente nas últimas comunicações, mas também a maior sensibilidade do mercado à condução da política fiscal nas economias ao redor do mundo, o que inclui os países desenvolvidos".
Nicolas Borsoi, economista-Chefe da Nova Futura
"Frente a estratégia de ‘manter juros altos por período longo para garantir a convergência da inflação à meta’, com um cenário de inflação ainda pressionada curto prazo e com o mercado ainda sinalizando inflação acima da meta no horizonte de política monetária, a melhor opção para o Copom, em nossa opinião, era manter a taxa Selic e adaptar o texto para o reforçar o compromisso do Copom com uma postura conservadora. E acreditamos que foi exatamente o que o Copom entregou. Seguimos com o cenário de taxa Selic em 13,75% até ago/23, quando esperamos que inicie o ciclo de corte. Para o fim de 2023, seguimos com 11,50%."
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
Quantidade ou qualidade? Ibovespa repercute ata do Copom e mais balanços enquanto aguarda pacote fiscal
Além da expectativa em relação ao pacote fiscal, investidores estão de olho na pausa do rali do Trump trade
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira
O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades
7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa
Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA
Selic sobe para 11,25% ao ano e analista aponta 8 ações para buscar lucros de até 87,5% ‘sem bancar o herói’
Analista aponta ações de qualidade, com resultados robustos e baixo nível de endividamento que ainda podem surpreender investidores com valorizações de até 87,5% mais dividendos
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento
Ibovespa segue com a roda presa no fiscal e cai 0,51%, dólar fecha estável a R$ 5,6753; Wall Street comemora pelo 2° dia
Por lá, o presidente do BC dos EUA alimenta incertezas sobre a continuidade do ciclo de corte de juros em dezembro. Por aqui, as notícias de um pacote de corte de gastos mais modesto desanima os investidores.
Com Trump pedindo passagem, Fed reduz calibre do corte de juros para 0,25 pp — e Powell responde o que fará sob novo governo
A decisão acontece logo depois que o republicano, crítico ferrenho do banco central norte-americano, conseguiu uma vitória acachapante nas eleições norte-americanas — e na esteira de dados distorcidos do mercado de trabalho por furacões e greves