Um caminho das pedras: os comentários de Roberto Campos Neto que podem ajudar Fernando Haddad a melhorar sua relação com o mercado
Ao comentar almoço com Haddad, Campos Neto acabou produzindo uma espécie de guia capaz de ajudar o futuro ministro
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, concedeu nesta quinta-feira a tradicional entrevista coletiva que sucede a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
No entanto, o interesse principal dos jornalistas - presentes pela primeira vez no auditório do BC em Brasília desde o RTI do primeiro trimestre de 2020 - era dirigido ao almoço que Campos Neto teve na segunda-feira com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu indicado para a secretaria-executiva da pasta, o economista Gabriel Galípolo.
Ontem, em entrevista à GloboNews, Haddad limitou-se a dizer que teve um almoço cordial com Campos Neto depois de desconversar sobre uma eventual recondução do atual presidente do BC ao cargo em 2024.
Hoje, Campos Neto também foi questionado sobre a recondução. Esclareceu que ele e Haddad não tocaram no assunto e afirmou que pretende ficar no cargo até o fim de seu mandato, em 2024.
De qualquer modo, o próprio Campos Neto reiterou que considera um mandato suficiente para cumprir seus objetivos no cargo e que, pessoalmente, é contra a recondução.
E se Haddad mostrou-se econômico em seus comentários públicos sobre o encontro com o presidente do Banco Central, Campos Neto deu mais detalhes sobre esse primeiro contato com o próximo ministro da Fazenda.
Leia Também
“Foi uma ótima conversa”, avaliou o banqueiro central.
As dicas de Campos Neto para Haddad
Ao longo da coletiva, entre uma e outra fala, Campos Neto acabou produzindo uma espécie de caminho de pedras que pode ser bastante útil para Haddad.
Afinal, a indicação do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação para a Fazenda tem sido rejeitada por grande parte dos agentes do mercado desde que seu nome começou a ser ventilado, logo depois da vitória de Lula.
No almoço de segunda-feira, Haddad, Campos Neto e Galípolo discutiram o que o banqueiro central qualificou como “pontos de atenção” que, se observados, poderiam ajudar o governo a cumprir seus objetivos provocando o mínimo de ruído.
Segundo ele, esses pontos são a comunicação e o que chamou de destinação.
“Quando você explicita onde o dinheiro vai ser gasto com maior transparência, também gera maior credibilidade”, disse Campos Neto ao explicar o segundo ponto.
Algo parecido vale para a comunicação, prosseguiu ele. “Vem muito do nosso aprendizado aqui no Banco Central. Quando você comunica melhor, consegue atuar da maneira pretendida com menos danos à credibilidade.”
Em outro ponto da coletiva, Campos Neto disse ter comentado com Haddad que, em política monetária, se a comunicação for eficiente, “é possível fazer menos e ter mais potência”.
De acordo com ele, cada vez mais é possível observar que o mesmo raciocínio pode ser aplicado à política fiscal.
"Se você comunicar bem de forma a fazer com que os agentes econômicos entendam como vai se dar o processo de convergência da dívida, às vezes você pode até gastar um pouquinho mais com menos efeito de credibilidade."
Coordenação entre política fiscal e política monetária
A considerar as falas de Campos Neto, a expectativa é de que o Ministério da Fazenda e o BC mantenham aberto um canal constante de diálogo a partir da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O mais importante, na avaliação do presidente do Banco Central, é uma aparente disposição mútua de coordenar a política monetária e a política fiscal.
“Também falamos de outras questões relevantes, como o acesso de grandes empresas ao mercado de capitais, liberando o balanço dos bancos para fazer mais pequena e média empresa e também pessoa física”, detalhou o banqueiro central.
Cada um no seu quadrado
Durante a coletiva, Campos Neto foi questionado mais de uma vez sobre temas fiscais, entre eles a PEC da Transição e o teto de gastos.
Limitou-se a comentários genéricos e repetiu informações já conhecidas, como a de que o BC trabalha com uma estimativa de gastos de R$ 130 bilhões acima do teto em 2023.
Enfatizou que a PEC da Transição não foi aprovada ainda e que é importante olhar não só para a trajetória da dívida e para as despesas, mas também para o lado da receita.
No mais, “o Banco Central deveria falar o mínimo possível de fiscal. A gente usa porque influencia o canal de expectativas”, explicou.
A transição e a autonomia do Banco Central
Campos Neto qualificou o processo de transição como um experimento e um teste para a autonomia do Banco Central.
“O que se viu durante o processo eleitoral mostrou que a autonomia serviu como um ganho institucional e um atenuante de volatilidade”.
Sobre uma possível ampliação da autonomia do BC, Campos Neto deixou claro que nenhuma iniciativa nesse sentido partirá dele. “A autonomia é operacional e ampliá-la não é uma discussão para o curto prazo.”
Leia também
- Haddad dá palavra de conforto ao mercado e garante que haverá nova âncora fiscal no governo Lula
- Como garantir o crescimento econômico? Para Campos Neto, a resposta é clara: um plano com responsabilidade fiscal
O mandato do Banco Central
Ao longo dos últimos anos, políticos ligados ao governo eleito defenderam uma expansão do mandato do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Consideram que as metas de inflação deveriam ser consideradas em conjunto com metas de crescimento e nível de emprego.
Campos Neto discorda. “Nós acreditamos que a melhor forma de ter crescimento econômico saudável, sustentável, com expansão constante do mercado de trabalho e que gere eficiência na economia é por meio da estabilidade de preços”, disse.
Ganhou (n)a Loteria: por R$ 600 milhões e valorização de 130%, governo de São Paulo leiloa loteria estadual
Segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o valor será convertido para a construção de dois novos hospitais, em Birigui e em Itapetininga
“A esquerda morreu”: o que Lula precisa fazer para se reeleger em 2026 e onde o discurso se perdeu, segundo Felipe Miranda
O segundo turno das eleições municipais consolidou o que já vinha sendo desenhado desde antes do primeiro turno: a força da centro-direita no país. Não dá para esquecer que o resultado das urnas em 2024 é um indicativo de como deve ser a corrida para a presidência em 2026 — e as notícias não são […]
Eleições Goiânia 2024: Sandro Mabel (União) confirma favoritismo e vence Fred Rodrigues (PL); veja o resultado
Apoiado por Ronaldo Caiado, Mabel venceu candidato de Jair Bolsonaro em eleição bem dividida na capital de Goiás
Vale (VALE3) em tempos de crise na China e preço baixo do minério: os planos do novo CEO Gustavo Pimenta após o resultado que agradou o mercado
Novo CEO fala em transformar Vale em líder no segmento de metais da transição energética, como cobre e níquel; ações sobem após balanço do 3T24
Governo envia ao Congresso proposta bilionária para socorrer companhias aéreas — mas valor é bem menor do que se esperava
A previsão é de que os empréstimos sejam operacionalizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Risco fiscal nas alturas: como a situação dos gastos públicos pode se deteriorar de forma acelerada e levar a Selic aos 13%
Se o governo não adotar medidas para controlar o crescimento das despesas obrigatórias, enfrentaremos o risco de desancoragem da inflação, levando os juros para 13% ou mais
Eleições municipais 2024: Bolsonarismo e centro-direita mostram força nas prefeituras e elegem sete dos dez vereadores mais votados do país
Líder na votação para vereador, Lucas Pavanato apoiou Marçal em São Paulo; Na disputa para a prefeitura, Boulos vira maior trunfo da esquerda
Eleições municipais 2024: Veja o resultado da apuração para prefeito; 15 capitais terão segundo turno
A votação de segundo turno acontece no dia 27 de outubro, das 8h às 17h
Regulação das bets deve sair na semana que vem, diz Lula — enquanto mais sete casas de apostas são proibidas de atuar no Brasil
O presidente afirmou que não aceita que os recursos do Bolsa Família sejam usados para apostas e disse que, se a regulamentação não der certo, ele não terá dúvidas de “acabar definitivamente com isso”
Quem ganhou, quem perdeu e quem se destacou no último debate para prefeitura de São Paulo em meio triplo empate técnico entre candidatos
Na mais recente pesquisa do Datafolha, Boulos estava à frente com 26% das intenções de voto, seguido por Nunes e Marçal, ambos com 24% das intenções
França anuncia novo gabinete de centro-direita após vitória da esquerda nas eleições parlamentares; conheça os membros
Novo premiê, Michel Barnier, montou gabinete já aprovado e anunciado pela presidência neste sábado
Governo descongela R$ 1,7 bi do Orçamento e projeção de déficit primário fica dentro da margem de tolerância de 2024; veja as projeções
Contenção do orçamento cai de R$ 15 bi para R$ 13,3 bi, e estimativa de déficit primário recua de R$ 32,6 bilhões para R$ 28,3 bilhões
Dino estabelece ‘orçamento de guerra’ para combate a incêndios — e autoriza governo a emitir créditos fora da meta fiscal
‘Orçamento de guerra’ para combate a incêndios tem modelo similar ao adotado durante a pandemia; liberação vale até o fim do ano
Por que a volta do horário de verão é improvável — ao menos no curto prazo
Essa política geralmente era adotada no mês de outubro de cada ano, até fevereiro do ano seguinte, mas foi extinta em 2019
É o fim do saque-aniversário? Lula dá aval para governo acabar com a modalidade e criar novas alternativas para o uso do FGTS
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, diz estar confiante na possibilidade de convencer o Legislativo do mérito dessa alteração
Governo nega que fará ‘confisco’ dinheiro esquecido pelos brasileiros em bancos para fechar as contas em 2024
Em nota, a Secom ressaltou que os donos dos recursos poderão pedir o saque, mesmo após a incorporação às contas do Tesouro Nacional
Lula revela quando cumprirá promessa de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil
Vale destacar que a correção da tabela do IR ficou de fora do Orçamento de 2025 apresentado pelo governo nesta semana
A novela terminou: Vale (VALE3) anuncia novo CEO com aposta em solução interna
A escolha do sucessor de Eduardo Bartolomeo à frente da Vale põe fim a meses de impasse em relação a quem seria o novo CEO
“Brasília é um dos principais riscos para o Brasil”: por que a irresponsabilidade com o dinheiro público é o que ‘segura’ o país hoje
Na visão de Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, o principal problema do Brasil hoje tem endereço certo: Brasília. Em sua mais recente participação no podcast Touros e Ursos, ele elegeu a irresponsabilidade com o dinheiro público como o Ursos não só da semana, mas dos últimos anos. O Urso é uma menção […]
Pesquisa Atlas: saiba quem são os governadores com melhor e pior avaliação do Brasil
O vencedor entre os mais bem avaliados levou a indicação pela segunda vez seguida; aquele com a pior avaliação caiu 11 posições; confira