Bitcoin e Ibovespa têm as maiores altas do mês e reduzem as perdas no ano; veja o ranking completo dos melhores investimentos de julho
Neste início de semestre, os humilhados foram exaltados, o dólar deu algum alívio, mas os títulos públicos atrelados à inflação continuaram apanhando
O segundo semestre começou um pouco melhor para a bolsa e as criptomoedas, colocando o bitcoin e o Ibovespa no pódio dos melhores investimentos de julho.
A maior cripto do mundo fechou o mês com uma alta de cerca de 17% em reais, após quatro meses de desempenho negativo, chegando à faixa dos R$ 123 mil, próximo aos US$ 24 mil. Mas o avanço apenas reduziu seu tombo no ano, que ainda supera os 50%.
Já o principal índice da bolsa brasileira conseguiu terminar julho em alta de 4,69%, aos 103.164 pontos. O Ibovespa tem passado por uma verdadeira montanha-russa diante das incertezas internacionais, e apenas conseguiu reduzir as perdas acumuladas no ano, que agora são de 1,58%.
Na renda fixa, porém, pouca coisa mudou. As aplicações conservadoras e atreladas à Selic e ao CDI, como o Tesouro Selic, permaneceram firmes com seu retorno superior a 1% no mês; já os títulos públicos prefixados e atrelados à inflação tiveram mais um mês de queda, notadamente os de prazos mais longos, que ocuparam a lanterna do ranking.
Veja a seguir a lista completa dos melhores e piores investimentos do mês:
Os melhores investimentos de julho
Investimento | Rentabilidade no mês | Rentabilidade no ano |
Bitcoin | 17,25% | -52,17% |
Ibovespa | 4,69% | -1,58% |
CDI* | 1,13% | 6,44% |
Tesouro Selic 2025 | 1,10% | 6,71% |
Tesouro Selic 2027 | 0,99% | 7,03% |
Poupança antiga** | 0,70% | 4,34% |
Poupança nova** | 0,70% | 4,34% |
IFIX | 0,66% | 0,33% |
Tesouro Prefixado 2025 | 0,49% | 0,87% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* | 0,03% | 6,28% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 | -0,09% | - |
Tesouro Prefixado 2029 | -0,41% | - |
Dólar PTAX | -0,43% | -6,54% |
Dólar à vista | -1,16% | -7,20% |
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)* | -1,40% | 4,39% |
Tesouro IPCA+ 2026 | -1,54% | 4,11% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 | -3,04% | - |
Ouro | -3,40% | -12,12% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -3,93% | -2,51% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -4,38% | -5,19% |
Tesouro IPCA+ 2035 | -4,64% | -5,55% |
Tesouro IPCA+ 2045 | -8,51% | -15,42% |
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..
O cenário ainda é ruim, mas foi visto como 'menos pior'
Quem olha para o ranking dos melhores investimentos de julho sem contexto pode achar que todos os temores de recessão e aperto monetário foram afastados ao longo do mês, mas não é bem assim. As incertezas continuam por aí.
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No Brasil, a continuidade do ciclo de alta de juros no exterior - inclusive com o início do aperto monetário na zona do euro, com um aumento na taxa acima do esperado - e principalmente a aprovação da chamada PEC das Bondades ou PEC Kamikaze pressionaram as taxas dos títulos de renda fixa, que por sua vez, se desvalorizam quando isso ocorre.
É o caso dos títulos públicos prefixados e atrelados à inflação. Estes últimos, inclusive, voltaram a pagar acima da "mítica" marca de 6% ao ano mais IPCA. Até mesmo as debêntures, que vinham apresentando um ótimo desempenho em 2022, não foram bem em julho.
A boa notícia é que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, já veio abaixo das estimativas de mercado, indicando que os preços podem estar finalmente começando a ceder. Isso significa que, embora a Selic ainda deva subir mais, seu ciclo de alta já deve realmente estar chegando ao fim.
O aumento do gasto público em razão da Proposta de Emenda à Constituição aprovada, no valor de cerca de R$ 40 bilhões, preocupa o mercado, por ameaçar a saúde fiscal do país.
Ao mesmo tempo, colocar esses recursos na mão da população também tende a pressionar a inflação. Resta saber se essa pressão será menor que o esfriamento da economia provocado pela alta dos juros e o alívio nos preços dos combustíveis provocado pela queda do petróleo e os cortes de impostos.
Veja também: AS AÇÕES COM A MAIOR 'PROMOÇÃO' DA HISTÓRIA? I RECESSÃO global à vista: hora de investir na BOLSA?
Os mercados de risco, por sua vez, continuaram temendo a possibilidade de uma desaceleração econômica ou mesmo de uma recessão global, mas principalmente nos Estados Unidos, à medida que os bancos centrais aumentam juros para combater a inflação.
As restrições na China por conta dos casos de covid-19 também permaneceram entre as preocupações dos investidores.
Mas os dados econômicos americanos vieram mistos, mostrando que há sim desaceleração e que o país já está em recessão técnica - dois trimestres seguidos de retração do Produto Interno Bruto (PIB) -, mas ainda não de forma muito profunda.
Assim, o mercado passou a esperar que de fato o Federal Reserve, o banco central americano, não pudesse ser duro demais na alta de juro planejada.
Além disso, alguns dados de inflação nos Estados Unidos já começaram a vir abaixo do esperado pelo mercado.
Mas nem por isso os investidores deixaram de temer uma alta de 1,00 ponto percentual - acima do inicialmente previsto - na reunião do Fed da última semana.
Para alívio do mercado, isso não se concretizou. A alta foi de "apenas" 0,75 ponto - valor já planejado e sinalizado pelo Fed -, e o presidente da instituição, Jerome Powell, ainda fez um discurso brando.
Dessa forma, mesmo com uma recessão no horizonte, alta de juros nos EUA e na Europa e esfriamento da economia começando a se concretizar, as bolsas e as criptomoedas tiveram algum espaço para se recuperar.
Balanços e atualização do Ethereum também impulsionaram mercados
O início da temporada de balanços corporativos do segundo trimestre e as perspectivas do mercado cripto com a atualização do Ethereum também tiveram a sua parcela de responsabilidade pela alta de ações e ativos digitais.
No Brasil, destaque para a Petrobras, que teve três gatilhos para as suas ações: cortes nos preços dos combustíveis nas refinarias (o que reduz a pressão do governo sobre a política de preços da estatal); o anúncio do pagamento de R$ 87 bilhões em dividendos; e um excelente balanço do segundo trimestre.
Quanto às criptomoedas, com o alívio momentâneo em relação à política monetária americana, o mercado pôde voltar a se animar com o avanço da atualização do Ethereum, apelidada de The Merge, que deve ser completada em setembro (saiba mais sobre a atualização do Ethereum). Com isso, o ETH subiu mais de 50% em reais no mês.
Ações com os melhores desempenhos de julho
Empresa | Código | Desempenho |
Via | VIIA3 | 25,00% |
Positivo | POSI3 | 23,42% |
Petrobras PN | PETR4 | 22,34% |
Petrobras ON | PETR3 | 20,89% |
Locaweb | LWSA3 | 20,11% |
Cielo | CIEL3 | 17,60% |
Eztec | EZTC3 | 17,02% |
BRF | BRFS3 | 16,78% |
MRV | MRVE3 | 16,39% |
Natura &Co | NTCO3 | 15,72% |
Ações com os piores desempenhos de julho
Empresa | Código | Desempenho |
Qualicorp | QUAL3 | -11,48% |
Bradespar | BRAP4 | -11,09% |
Vale | VALE3 | -9,43% |
CSN Mineração | CMIN3 | -9,33% |
Gol | GOLL4 | -7,50% |
Azul | AZUL4 | -5,74% |
IRB | IRBR3 | -5,42% |
Telefônica (Vivo) | VIVT3 | -4,96% |
CSN | CSNA3 | -4,73% |
Méliuz | CASH3 | -3,70% |
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