Euro vale menos que 1 dólar pela primeira vez em mais de 20 anos; o que está acontecendo com a moeda comum europeia?
Além da guerra na Ucrânia, a inflação avança pela Europa e alimenta temores de recessão econômica; e o Velho Continente está no meio de uma crise energética
Pela primeira vez em mais de duas décadas, o euro está mais barato que o dólar norte-americano. Desde a manhã desta terça-feira (23), a moeda comum europeia era negociada na faixa de US$ 0,99.
O fato em si já poderia despertar certo espanto. Afinal, desde sua criação em 1999, o euro sempre manteve relativa força frente a seu par norte-americano. Chegou a atingir US$ 1,59 nas máximas históricas. Entretando, as projeções dão conta de um cenário ainda mais desolador.
Quem afirma isso é Luis Costa, estrategista-chefe do Citigroup para Europa Central e do Leste, Oriente Médio e África. Ele prevê um enfraquecimento ainda maior do euro frente a seus pares internacionais.
“Nossas perspectivas, nossas operações e nossa posição como estrategistas estão definitivamente direcionadas a uma maior depreciação do euro”, disse Costa.
Jogando contra o euro
Há uma série de fatores pesando contra o euro. Além da guerra na Ucrânia, a inflação avança pela Europa e alimenta temores de recessão econômica. Como se não bastasse, o Velho Continente está no meio de uma crise energética.
Ontem, os preços do gás no atacado na Europa subiram acentuadamente depois que a Rússia anunciou uma manutenção não programada no gasoduto Nord Stream 1, que transporta gás russo para a Alemanha.
Leia Também
Biden testa linha vermelha de Putin na guerra com a Ucrânia e deixa casca de banana para Trump
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Disparada do gás
Em uma semana, os preços do gás natural russo subiram cerca de 6,87% para US$ 9,815 por MMBTU — que significa "um milhão de Unidades Térmicas Britânicas", na sigla em inglês.
Ao mesmo tempo, uma onda de calor no Hemisfério Norte pressiona ainda mais o fornecimento de energia à Europa. Os temores são reforçados não tanto pelo verão, mas pela proximidade do inverno — quando o aquecimento a gás é essencial para a sobrevivência.
Crises energéticas
De acordo com Costa, uma visão mais completa exige um olhar para além da Europa e dos Estados Unidos.
“Não podemos nos esquecer que há uma camada adicional de complexidade proporcionada pela desaceleração da China, que obviamente atinge a Europa com uma magnitude muito maior quando comparada ao impacto sobre os Estados Unidos”, disse ele.
Vale lembrar que o gigante asiático também passa por um racionamento de energia em virtude das mudanças climáticas nas últimas semanas — o que também deve refletir na moeda local (veja mais abaixo).
E o euro ainda pode sentir mais
Isso porque os dados de inflação e eventuais sinalizações de política monetária vindas do simpósio de banqueiros centrais de Jackson Hole devem começar a vir à tona somente a partir de amanhã.
“Talvez haja uma percepção crescente de que o Federal Reserve permanecerá impassível e manterá uma política monetária agressiva apesar dos dados recentes segundo os quais a inflação pode estar chegando ao pico”, disse Richard Hunter, chefe de mercados da Interactive Investors.
Outra moeda também cai
Na esteira de quedas do dia, o renminbi — popularmente conhecido como yuan — chinês também encara os menores patamares em mais de dois anos.
O valor do yuan caiu ao menor nível frente ao dólar e tende a uma desvalorização ainda maior à medida que o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) se mobiliza para combater a desaceleração econômica e a grave crise imobiliária.
Dessa forma, o yuan era negociado a US$ 6,86 no mercado onshore — mais controlado — da China, atingindo patamares vistos pela última vez em agosto de 2020. Já no mercado offshore — onde há um alívio da dominação do governo chinês — a moeda enfraqueceu para cerca de US$ 6,88, trazendo a queda acumulada no ano para mais de 8%.
História repetida
Desde maio deste ano, grandes bancos como o HSBC acompanham a situação da moeda chinesa com certo ceticismo.
A desaceleração da economia já estava no radar devido às políticas de covid zero, mas as novas paralisações de fábricas em virtude do racionamento de energia corroboram a tese de que o país viverá tempos difíceis pela frente.
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Zuckerberg levou a pior? Meta é ‘forçada’ a mudar estratégia de negócios do Facebook e do Instagram na Europa; entenda o que aconteceu por lá
Serviço de assinaturas das plataformas, lançado no ano passado, tem redução de preços; além disso, nova versão gratuita também é anunciada
Arte de milionária: primeira pintura feita por robô humanoide é vendida por mais de US$ 1 milhão
A obra em homenagem ao matemático Alan Turing tem valor próximo ao do quadro “Navio Negreiro”, de Cândido Portinari, que foi leiloado em 2012 por US$ 1,14 milhão e é considerado um dos mais caros entre artistas brasileiros até então
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Ibovespa segue com a roda presa no fiscal e cai 0,51%, dólar fecha estável a R$ 5,6753; Wall Street comemora pelo 2° dia
Por lá, o presidente do BC dos EUA alimenta incertezas sobre a continuidade do ciclo de corte de juros em dezembro. Por aqui, as notícias de um pacote de corte de gastos mais modesto desanima os investidores.
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Recado de Lula para Trump, Europa de cabelo em pé e China de poucas palavras: a reação internacional à vitória do republicano nos EUA
Embora a maioria dos líderes estejam preocupados com o segundo mandato de Trump, há quem tenha comemorado a vitória do republicano
Qual empresa brasileira ganha com a vitória de Trump? Gerdau (GGBR4) é aposta de bancão e sobe mais de 7% hoje
Também contribui para o bom desempenho da Gerdau a aprovação para distribuição de R$ 619,4 milhões em dividendos aos acionistas
Além do Ozempic: Novo Nordisk tem lucro acima do esperado no 3T24 graças às vendas de outra ‘injeção de emagrecimento’
Novo Nordisk deu um respiro para o mercado de drogas de emagrecimento, que é encarado com certo ceticismo após altas expressivas
O Ibovespa não gosta de Trump? Por que a vitória do republicano desceu amarga para a bolsa brasileira enquanto Nova York bateu sequência de recordes
Em Wall Street, as ações da Tesla — cujo dono, Elon Musk, é um grande apoiador de Trump — deram um salto de 15%; outros ativos também tiram vantagem da vitória do republicano. Por aqui, o Ibovespa não celebra o resultado das eleições nos EUA e afunda
Como lucrar com o Trump Trade: 4 investimentos que ganham com a volta do republicano à Casa Branca — e o dilema do dólar
De modo geral, os investidores se preparam para um mundo com dólar forte com Trump, além de mais inflação e juros
Mais rápido do que se imaginava: Trump assegura vitória no Colégio Eleitoral e vai voltar à Casa Branca; Copom se prepara para subir os juros
Das bolsas ao bitcoin, ativos de risco sobem com confirmação da vitória de Trump nos EUA, que coloca pressão sobre o dólar e os juros
Selic deve subir nas próximas reuniões e ficar acima de 12% por um bom tempo, mostra pesquisa do BTG Pactual
Taxa básica de juros deve atingir os 12,25% ao ano no início de 2025, de acordo com o levantamento realizado com gestores, traders e economistas
Começa a semana mais importante do ano: Investidores se preparam para eleições nos EUA com Fed e Copom no radar
Eleitores norte-americanos irão às urnas na terça-feira para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump, mas resultado pode demorar
Anote na agenda: bolsa terá novo horário a partir de segunda-feira (4); veja como fica a negociação de FIIs, ETFs e renda fixa
A mudança ocorre todos os anos para se adequar ao fim do horário de verão nos Estados Unidos, que vai de março a novembro e se encerra esta semana
Permanência de Haddad no Brasil deve aliviar abertura da bolsa na segunda-feira, avaliam especialistas
Segundo nota divulgada pela Fazenda nesta manhã, o ministro permanecerá em Brasília para tratar de “temas domésticos” a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
A Disney ficou mais longe: Dólar sobe 1,5%, vai a R$ 5,8604 e fecha no segundo maior valor da história; Ibovespa cai 1,23% e perde os 129 mil pontos
Lá fora, as bolsas em Nova York e na Europa terminaram o dia em alta, repercutindo o relatório de emprego dos EUA, divulgado mais cedo
Não é só risco fiscal: por que o dólar volta a subir e se consolida acima dos R$ 5,80
Além da demora do governo em anunciar os cortes de gastos, o leve favoritismo de Trump nas eleições na próxima terça-feira ajuda a fortalecer o dólar
O payroll vai dar trabalho? Wall Street amanhece em leve alta e Ibovespa busca recuperação com investidores à espera de anúncio de corte de gastos
Relatório mensal sobre o mercado de trabalho nos EUA indicará rumo dos negócios às vésperas das eleições presidenciais norte-americanas
Ranking dos investimentos: perto de R$ 5,80, dólar tem uma das maiores altas de outubro e divide pódio com ouro e bitcoin
Na lanterna, títulos públicos longos indexados à inflação caminham para se tornar os piores investimentos do ano