A Vivo (VIVT3) e sua estabilidade à prova de crise nos mostram: negócios chatos não são maus negócios
A Vivo (VIVT3) manteve suas receitas praticamente estáveis nos últimos anos. Ainda assim, esse ‘negócio chato’ gera muito valor ao acionista
Um velho colega de mercado costumava me dizer o seguinte, sempre que conversávamos sobre alguma empresa de utilidade pública: "investir em utilities é tão 'emocionante' quanto assistir grama crescer. Odeio esses negócios!"
Caso não saiba, são aquelas empresas de saneamento ou do setor elétrico (distribuição e transmissão de energia). Em comum, essas companhias normalmente têm receitas que crescem pouco e lucros que não fazem os nossos olhos brilharem, o que acaba afastando vários potenciais investidores.
Apesar de não serem utilities puras, as empresas de telecomunicações têm várias similaridades com as elétricas e as de saneamento, inclusive a falta de emoção. Basta observar o gráfico de receitas da Vivo (VIVT3), abaixo, para entender o que eu estou falando.
As receitas praticamente não crescem desde 2016. Mas quem disse que não vale a pena investir nesses ativos?
Vivo (VIVT3): falta emoção, sobra geração de caixa
Se falta emoção, sobra estabilidade para os resultados dessas empresas, mesmo em períodos de recessão. Repare no gráfico de receitas da Vivo (VIVT3) que nem a chegada da pandemia, em 2020, impactou o faturamento.
Com ou sem pandemia, as pessoas continuam falando no celular, utilizando o 4G, navegando pela internet ou assistindo TV por assinatura. Essa estabilidade de resultados permite a essas companhias serem ótimas pagadoras de dividendos.
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No entanto, existe uma grande diferença entre a Vivo e uma empresa de saneamento, como a Sabesp: ela tem concorrentes. Por isso, se a Telefônica Brasil quiser manter essa estabilidade de resultados, ela precisa fornecer um serviço bom — caso contrário a Tim e a Claro vão se aproveitar.
Para se proteger das concorrentes, hoje a Vivo tem a melhor cobertura de dados do país e um índice de reclamações bem abaixo das duas principais rivais, o que tem ajudado a companhia a atrair clientes mesmo já tendo o maior market share do segmento de móveis e sendo historicamente a empresa que mais cobra por usuário na média (ARPU).
Vai deixar de ser monótono
Enquanto não consegue ter um aumento relevante de receitas, a Vivo (VIVT3) vai tentando reduzir ao máximo os seus custos, utilizando muita automação e tecnologia para isso.
Com isso, mesmo com receitas praticamente estagnadas, ela tem conseguido aumentos interessantes de Ebitda, o que também tem permitido pagamentos de, em média, 5% de dividend yield desde 2017.
Hoje, a Vivo negocia por menos de 4,5x EV/Ebitda, um patamar bem abaixo da média histórica, por conta dos receios de uma possível recessão global. Mas eu já mostrei que, mesmo nos piores momentos, esse negócio permanece estável e pagando bons dividendos para os acionistas.
E como ela tem se esforçado para prestar um bom serviço e defender a sua base de clientes, não vejo grandes riscos negativos para essa estabilidade de resultados pela frente. O que eu vejo, na verdade, são riscos positivos.
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Vivo (VIVT3): novas oportunidades
Se os últimos dez anos não foram muito empolgantes para a receita da Vivo (VIVT3), existem algumas oportunidades que podem finalmente trazer um pouco de emoção para essa história monótona.
A fibra ainda tem uma penetração pequena no mercado, mas tem permitido à Vivo oferecer serviços mais estáveis, mais rápidos e por preços mais altos também.
Por enquanto, esses novos serviços (receitas fixas core) não têm contribuído para melhorar os resultados, porque alguns serviços antigos (não-core) estão sendo cancelados e têm atrapalhado o resultado consolidado.
Esses serviços antigos são, principalmente, as linhas de telefone fixo e TV por satélite. Por enquanto, como eles ainda representam 10% da receita, os cancelamentos seguem atrapalhando o crescimento consolidado.
No entanto, daqui a alguns trimestres, esses serviços serão praticamente irrelevantes e a Vivo estará livre para voltar a crescer novamente – e, quem sabe, merecer até uma reprecificação por isso.
Isso sem falar no 5G, que promete ser uma revolução de velocidade e estabilidade, permitindo uma série de novos usos para a internet e gerando novas demandas para os serviços oferecidos por ela.
Quanto mais chato, melhor
Fato é que toda essa estabilidade de resultados permitiu às ações da Vivo (VIVT3) se valorizarem em 2022, mesmo com a piora do mercado.
Lembre-se que temos vários casos de desvalorizações de -50%, -70% e até -80% neste ano. Enquanto isso, negócios monótonos, como os da Vivo, parecem nem ter sentido essa piora.
Como eu tenho falado nas últimas semanas, este é o momento de investir em ações de empresas sólidas, com forte geração de caixa e boas pagadoras de dividendos — exatamente o caso da Vivo.
É por isso que a companhia faz parte da série Vacas Leiteiras, que tem uma série de outras ações sólidas, de empresas geradoras de caixa, e que estão no positivo mesmo neste ano extremamente difícil para a bolsa.
Se quiser conferir a lista completa dessas ações que, além de tudo, ainda pagam ótimos dividendos, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
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