🔴 QUER INVESTIR NAS MELHORES CRIPTOMOEDAS DO MOMENTO? SAIBA COMO CLICANDO AQUI

Depois da tomada de Chernobyl: subir a taxa de juros ou não subir, eis a questão

Guerra pode fazer com que haja maior comedimento por parte das autoridades monetárias, ao invés de um incentivo à aceleração

1 de março de 2022
9:12 - atualizado às 15:16
Imagem mostra uma das áreas desativadas da usina nuclear de Chernobyl, com escombros
Imagem de uma das áreas da antiga usina nuclear de Chernobyl - Imagem: Wendelin Jacober via Pexels

A guerra da Rússia com a Ucrânia tirou vidas e colocou milhões em perigo.

Depois de cinco dias de guerra, os russos estão mais próximos do que nunca de Kiev, a capital do país. Comentei recentemente um panorama geral da situação e como ela poderia afetar o mercado financeiro. De lá para cá, bastante coisa avançou.

Até a tomada de Chernobyl por tropas russas já virou manchete.

Apesar de servir de sensacionalismo barato, a chegada a Chernobyl não tem muita relevância, a não ser deixar os russos mais próximos da capital ucraniana.

Contudo, por se tratar de uma região famosa pelo acidente nuclear de 1986, muitas pessoas usaram o momento para falar sobre o papel do mercado de energia nesta crise atual.

Abaixo, um mapa atualizado da invasão russa até aqui.

Leia Também

Fontes: Viewsridge e BNO News

As sanções e suas consequências

Não é segredo para ninguém que a Rússia é um grande player energético no mundo, para petróleo e gás, principalmente — em 2020, o país respondeu por 13% do mercado de petróleo (terceiro maior produtor) e 17% do mercado de gás natural (maior exportador). Logo, para os russos, as consequências financeiras da crise na Ucrânia estão aumentando rapidamente, juntamente com a intensificação da violência e das batalhas em todo o país.

Sem progresso diplomático, o Ocidente tem aplicado inúmeras sanções à Rússia.

Tais sanções impactam a economia global por meio de três mecanismos principais de transmissão:

  • i) o prêmio de risco sobre os preços das commodities retarda o declínio da inflação;
  • ii)  interrompem diretamente o comércio; e
  • iii) jogam a Rússia em recessão.

As sanções ocidentais levaram o rublo a uma queda de mais 30%, rumo ao patamar mais baixo da história em relação ao dólar. Em resposta, o banco central da Rússia mais que dobrou sua principal taxa de juros para 20%, liberou as reservas dos bancos locais para aumentar a liquidez e ordenou que os exportadores vendessem 80% de suas receitas em moeda forte.

Como, porém, a Rússia é no máximo 3% do PIB global, a relevância no caso de uma recessão grande por lá é diluída, por mais que seja significativa para a região. Além disso, a exclusão da Rússia do sistema Swift não interrompe completamente as transações internacionais, mas, sim, as torna predominantemente mais burocráticas e caras — estima-se que a exclusão do Irã do Swift, por exemplo, custou cerca de 30% de seu comércio.

Efeitos sobre a inflação e a política monetária

Resta, portanto, entender os desdobramentos do primeiro ponto: a alta das commodities energéticas e como isso impacta a inflação e, consequentemente, a política monetária no Ocidente.

Tenho três ideias sobre esse movimento:

  • i) acelera a percepção do Ocidente de que uma nova matriz energética é necessária, com destaque para a energia limpa;
  • ii) a alta do gás e do petróleo encarece o preço de energia; e
  • iii) a inflação coloca os Banco Centrais em uma sinuca de bico.

Coincidentemente à tomada de Chernobyl, vale a pena reforçar o papel que a energia nuclear deverá ter nos próximos dez anos. Depois de passar décadas sob olhares tortos, os países ao redor do mundo deverão voltar a considerar o segmento relacionado ao urânio como uma opção para um mundo mais verde.

Entretanto, se por um lado o conflito deverá ajudar, em um segundo momento, o mundo na caminhada rumo à descarbonização, por outro, pressiona os preços de energia. Preocupações com interrupções de energia levaram os futuros de petróleo bruto na direção oposta, com os contratos subindo para cima de US$ 100 por barril novamente.

Há, contudo, uma percepção dúbia aqui.

Tradicionalmente, um patamar de inflação mais elevado pressionaria os Bancos Centrais ao redor do mundo a acelerarem o ritmo de aperto monetário a ser conduzido em 2022, conforme já temos tentado precificar desde o ano passado.

As autoridades poderiam enxugar a liquidez das economias, desacelerando a atividade e reduzindo a inflação.

No entanto, tal processo não é trivial.

Isso se deve ao fato de que, caso o conflito e as pressões inflacionárias sejam mais persistentes do que apenas um choque exógeno de curto prazo, a falta de estabilidade dos preços poderia prejudicar a confiança dos empresários e do consumidor, machucar a renda real da população e prejudicar a demanda, arrefecendo a atividade sem alta dos juros.

Ou seja, os BCs poderiam ficar receosos em mudar radicalmente a política monetária, considerando que o mercado de trabalho já poderia estar entrando em uma rota não tão promissora quanto à verificada nos últimos 18 meses.

Neste caso, a guerra poderia fazer com que houvesse maior comedimento por parte das autoridades monetárias, ao invés de um incentivo à aceleração.

Note como não se trata de uma situação simples. Muito pelo contrário.

Volatilidade deve ficar mais evidente nos próximos meses

Assim, se já tínhamos problemas antes em precificar o aperto de liquidez nos mercados desenvolvidos, gerando sentimento de aversão ao risco e correção nas bolsas, a volatilidade deve ficar ainda mais evidente ao longo dos próximos meses.

Movimentar-se em direção a proteções, como metais preciosos (ouro e prata), títulos do tesouro e moedas fortes, parece-me apropriado. Posições para nos proteger da inflação, como commodities e renda fixa indexada, também soam bem.

Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A nova corrida do ouro? Cotação dispara em meio a busca por proteção e passa de US$ 2.900, mas pode subir mais

11 de fevereiro de 2025 - 6:04

Fortalecimento da cotação do ouro é acentuado por incertezas sobre a política tarifária de Trump e pela persistente tensão geopolítica

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Trump restabelece a política externa do ‘grande porrete’ nos EUA, mas deixa de lado uma parte importante dessa doutrina

4 de fevereiro de 2025 - 7:01

Mercado financeiro segue atento à escalada tarifária de Donald Trump e ao potencial inflacionário da guerra comercial do novo presidente dos EUA

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Donald Trump está de volta com promessa de novidades para a economia e para o mercado — e isso abre oportunidades temáticas de investimentos

21 de janeiro de 2025 - 6:48

Trump assina dezenas de ordens executivas em esforço para ‘frear o declínio americano e inaugurar a Era de Ouro da América’.

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O porrete monetário, sozinho, não será suficiente: é necessário um esforço fiscal urgente

17 de dezembro de 2024 - 6:28

Crescente desconfiança sobre a sustentabilidade fiscal agrava desequilíbrios macroeconômicos e alimentam ainda mais o pessimismo

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Os juros vão subir ainda mais? Quando a âncora fiscal falha, a âncora monetária precisa ser acionada com mais força

10 de dezembro de 2024 - 7:08

Falta de avanços na agenda fiscal faz aumentar a chance de uma elevação ainda maior dos juros na última reunião do Copom em 2024

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A dura realidade matemática: ou o Brasil acerta a trajetória fiscal ou a situação explode

3 de dezembro de 2024 - 7:01

Mercado esperava mensagem clara de responsabilidade fiscal e controle das contas públicas, mas o governo falhou em transmitir essa segurança

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um nome agrada o mercado: como a escolha de Trump para o Tesouro afeta o humor dos investidores

26 de novembro de 2024 - 7:01

Escolhido por Trump para chefiar o Tesouro dos EUA, Scott Bessent associa ortodoxia, previsibilidade e consistência na condução da economia

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado

12 de novembro de 2024 - 7:01

Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Caminhos opostos: Fed se prepara para cortar juros nos EUA depois das eleições; no Brasil, a alta da taxa Selic continua

5 de novembro de 2024 - 7:11

Eleições americanas e reuniões de política monetária do Fed e do Copom movimentam a semana mais importante do ano nos mercados

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Fortes emoções à vista nos mercados: Investidores se preparam para possível vitória de Trump às vésperas de decisão do Fed sobre juros

29 de outubro de 2024 - 6:43

Eventual vitória de Trump pode levar a desaceleração de ciclo de cortes de juros que se inicia em grande parte do mundo desenvolvido

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Ouro a US$ 3.000? Como os crescentes déficits dos EUA podem levar o metal precioso a níveis ainda mais altos que os recordes recentes

22 de outubro de 2024 - 7:01

Com a credibilidade do dólar questionada em meio a uma gestão fiscal deficitária, investidores e governos buscam alternativas mais seguras para suas reservas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

China anuncia medidas de estímulo em diversas frentes e ações locais disparam — mas esse rali tem fundamento?

1 de outubro de 2024 - 6:14

Um rali baseado em estímulos parece estar em andamento na China, mas seu sucesso vai depender da rápida implementação das medidas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros nos EUA não resolve tudo na bolsa: bomba fiscal põe em risco fim de ano do mercado de ações no Brasil

24 de setembro de 2024 - 6:17

Da mesma forma, o aumento dos juros por aqui é insuficiente sem um compromisso firme do governo com a responsabilidade fiscal

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Fed corta os juros? Copom eleva a Selic? Saiba o que esperar de mais uma Super Quarta dos bancos centrais

17 de setembro de 2024 - 7:01

Enquanto o Fed se prepara para iniciar um processo de alívio monetário, Brasil flerta com juros ainda mais altos nos próximos meses

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

‘It’s time!’: O tão aguardado dia do debate da eleição americana entre Donald Trump e Kamala Harris finalmente chegou

10 de setembro de 2024 - 6:16

Antes da saída de Biden, muitos consideravam Kamala Harris uma candidata menos competitiva frente a Trump, mas, desde então, Harris surpreendeu com um desempenho significativamente melhor

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O Ibovespa experimentou novos recordes em agosto — e uma combinação de acontecimentos pode ajudar a bolsa a subir ainda mais

3 de setembro de 2024 - 7:01

Enquanto o ambiente externo segue favorável aos ativos de risco, a economia brasileira tem se mostrado mais resistente que o esperado

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O Ibovespa acaba de estabelecer um novo recorde — e isto é o que precisa acontecer para a bolsa alçar voos ainda mais altos

20 de agosto de 2024 - 6:19

Correções são esperadas, mas a perspectiva para o Ibovespa permanece otimista, com potencial para ultrapassar os 140 mil pontos em breve

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O que precisa acontecer para o dólar parar de subir — e diminuir a pressão sobre a inflação e os juros

13 de agosto de 2024 - 7:01

O aguardado início de um ciclo de corte de juros pelo Fed tende a mudar a dinâmica das ações e do dólar nos mercados globais

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um susto nos mercados globais: existe razão para tanta histeria?

6 de agosto de 2024 - 7:02

Ibovespa teve desempenho melhor que o de outros índices de ações em meio ao susto nos mercados — e ainda pode se beneficiar da queda nos juros, pelo menos em tese

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Uma rotação setorial está em andamento — e ela conversa com o ‘Trump Trade’

23 de julho de 2024 - 6:37

Rotação setorial coincide com esgotamento da valorização das ‘big techs’ em Wall Street e inflação desacelerando nos EUA

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar