Depois da tomada de Chernobyl: subir a taxa de juros ou não subir, eis a questão
Guerra pode fazer com que haja maior comedimento por parte das autoridades monetárias, ao invés de um incentivo à aceleração
A guerra da Rússia com a Ucrânia tirou vidas e colocou milhões em perigo.
Depois de cinco dias de guerra, os russos estão mais próximos do que nunca de Kiev, a capital do país. Comentei recentemente um panorama geral da situação e como ela poderia afetar o mercado financeiro. De lá para cá, bastante coisa avançou.
Até a tomada de Chernobyl por tropas russas já virou manchete.
Apesar de servir de sensacionalismo barato, a chegada a Chernobyl não tem muita relevância, a não ser deixar os russos mais próximos da capital ucraniana.
Contudo, por se tratar de uma região famosa pelo acidente nuclear de 1986, muitas pessoas usaram o momento para falar sobre o papel do mercado de energia nesta crise atual.
Abaixo, um mapa atualizado da invasão russa até aqui.
Leia Também
A polarização do mercado financeiro, criptomoedas fecham semana no vermelho e outros destaques
Além do yin-yang: Vale a pena deixar os fundos para investir em renda fixa?
As sanções e suas consequências
Não é segredo para ninguém que a Rússia é um grande player energético no mundo, para petróleo e gás, principalmente — em 2020, o país respondeu por 13% do mercado de petróleo (terceiro maior produtor) e 17% do mercado de gás natural (maior exportador). Logo, para os russos, as consequências financeiras da crise na Ucrânia estão aumentando rapidamente, juntamente com a intensificação da violência e das batalhas em todo o país.
Sem progresso diplomático, o Ocidente tem aplicado inúmeras sanções à Rússia.
Tais sanções impactam a economia global por meio de três mecanismos principais de transmissão:
- i) o prêmio de risco sobre os preços das commodities retarda o declínio da inflação;
- ii) interrompem diretamente o comércio; e
- iii) jogam a Rússia em recessão.
As sanções ocidentais levaram o rublo a uma queda de mais 30%, rumo ao patamar mais baixo da história em relação ao dólar. Em resposta, o banco central da Rússia mais que dobrou sua principal taxa de juros para 20%, liberou as reservas dos bancos locais para aumentar a liquidez e ordenou que os exportadores vendessem 80% de suas receitas em moeda forte.
Como, porém, a Rússia é no máximo 3% do PIB global, a relevância no caso de uma recessão grande por lá é diluída, por mais que seja significativa para a região. Além disso, a exclusão da Rússia do sistema Swift não interrompe completamente as transações internacionais, mas, sim, as torna predominantemente mais burocráticas e caras — estima-se que a exclusão do Irã do Swift, por exemplo, custou cerca de 30% de seu comércio.
Efeitos sobre a inflação e a política monetária
Resta, portanto, entender os desdobramentos do primeiro ponto: a alta das commodities energéticas e como isso impacta a inflação e, consequentemente, a política monetária no Ocidente.
Tenho três ideias sobre esse movimento:
- i) acelera a percepção do Ocidente de que uma nova matriz energética é necessária, com destaque para a energia limpa;
- ii) a alta do gás e do petróleo encarece o preço de energia; e
- iii) a inflação coloca os Banco Centrais em uma sinuca de bico.
Coincidentemente à tomada de Chernobyl, vale a pena reforçar o papel que a energia nuclear deverá ter nos próximos dez anos. Depois de passar décadas sob olhares tortos, os países ao redor do mundo deverão voltar a considerar o segmento relacionado ao urânio como uma opção para um mundo mais verde.
Entretanto, se por um lado o conflito deverá ajudar, em um segundo momento, o mundo na caminhada rumo à descarbonização, por outro, pressiona os preços de energia. Preocupações com interrupções de energia levaram os futuros de petróleo bruto na direção oposta, com os contratos subindo para cima de US$ 100 por barril novamente.
Há, contudo, uma percepção dúbia aqui.
Tradicionalmente, um patamar de inflação mais elevado pressionaria os Bancos Centrais ao redor do mundo a acelerarem o ritmo de aperto monetário a ser conduzido em 2022, conforme já temos tentado precificar desde o ano passado.
As autoridades poderiam enxugar a liquidez das economias, desacelerando a atividade e reduzindo a inflação.
No entanto, tal processo não é trivial.
Isso se deve ao fato de que, caso o conflito e as pressões inflacionárias sejam mais persistentes do que apenas um choque exógeno de curto prazo, a falta de estabilidade dos preços poderia prejudicar a confiança dos empresários e do consumidor, machucar a renda real da população e prejudicar a demanda, arrefecendo a atividade sem alta dos juros.
Ou seja, os BCs poderiam ficar receosos em mudar radicalmente a política monetária, considerando que o mercado de trabalho já poderia estar entrando em uma rota não tão promissora quanto à verificada nos últimos 18 meses.
Neste caso, a guerra poderia fazer com que houvesse maior comedimento por parte das autoridades monetárias, ao invés de um incentivo à aceleração.
Note como não se trata de uma situação simples. Muito pelo contrário.
Volatilidade deve ficar mais evidente nos próximos meses
Assim, se já tínhamos problemas antes em precificar o aperto de liquidez nos mercados desenvolvidos, gerando sentimento de aversão ao risco e correção nas bolsas, a volatilidade deve ficar ainda mais evidente ao longo dos próximos meses.
Movimentar-se em direção a proteções, como metais preciosos (ouro e prata), títulos do tesouro e moedas fortes, parece-me apropriado. Posições para nos proteger da inflação, como commodities e renda fixa indexada, também soam bem.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Precisamos falar sobre indicadores antecedentes: Saiba como analisar os índices antes de investir
Com o avanço da tecnologia, cada vez mais fundos de investimentos estão utilizando esses indicadores em seus modelos — e talvez a correlação esteja caindo
Rodolfo Amstalden: Encaro quase como um hedge
Tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e causais. Elas nos ajudam a preservar um bom grau de sanidade
Day trade na B3: Oportunidade de lucro de mais de 4% com ações da AES Brasil (AESB3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da AES Brasil (AESB3). Saiba os detalhes
Setembro em tons de vermelho: Confira todas as notícias que pesam nos mercados e impactam seus investimentos hoje
O mês de setembro começa com uma imensa mancha de tinta vermelha sobre a tela das bolsas mundiais, sentindo o peso do Fed, da inflação recorde na zona do euro e do lockdown em Chengdu
A febre dos NFTs passou, mas esta empresa está ganhando dinheiro com eles até hoje
Saiba quem foram os vendedores de pás da corrida do ouro dos NFTs e o que isso nos ensina para as próximas ondas especulativas
Balanço de agosto, o Orçamento de 2023 e outros destaques do dia
A alta de 6,16% do Ibovespa em agosto afastou o rótulo de “mês do desgosto”, mas ainda assim deixou um sabor amargo na boca. Isso porque depois de disparar mais de 10% ainda na primeira quinzena, impulsionado pela volta do forte fluxo de capital estrangeiro, as últimas duas semanas foram comandadas pela cautela. Uma dupla […]
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 4% com ações da Marcopolo (POMO4); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Marcopolo (POMO4). Saiba mais detalhes
Tente outra vez: basta desejar profundo para ver a bolsa subir? Confira tudo o que mexe com os seus investimentos hoje
Em queda desde a sexta-feira, as bolsas de valores estrangeiras começaram o dia em busca de recuperação singela. Por aqui, investidores procuram justificativas para descolar o Ibovespa de Wall Street
Commodities derrubam Ibovespa, Itaú BBA rebaixa a Petrobras (PETR4) e as mudanças na WEG (WEGE3); confira os destaques do dia
As últimas levas de notícias que chegam de todas as partes do mundo parecem ter jogado os investidores dentro de um labirinto de difícil resolução em que apenas a cautela pode ser utilizada como arma. O emaranhado de corredores a serem percorridos não só são longos, como também parecem estar sempre mudando de posição — […]
Gringos estão de olho no Ibovespa, mas investidor local parece sem apetite pela bolsa brasileira. Qual é a melhor estratégia?
É preciso ir contra o consenso para gerar retornos acima da média, mesmo que isso signifique correr o risco de estar errado
Entenda por que você não deve acompanhar só quem possui teses de investimento iguais às suas
Parte fundamental do estudo de uma ação é entender não só a cabeça de quem tem uma tese que vá em linha com a sua, mas também a de quem pensa o contrário
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 11% com ações da Santos Brasil (STBP3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Santos Brasil (STBP3). Saiba os detalhes
Uma pausa para respirar: Confira todas as notícias que movimentam os mercados e impactam seus investimentos hoje
A saída da atual crise inflacionária norte-americana passa necessariamente por algum sacrifício. Hoje, porém, as bolsas fazem uma pausa para respirar
Aperte os cintos: o Fed praticamente acabou com as teses de crescimento, e o fim do bear market rally está aí
Saída da atual crise inflacionária passa por algum sacrifício. Afinal, estamos diante de um ciclo econômico clássico e será preciso esfriar o mercado de trabalho
Ibovespa se descola da gringa, Itaú entra na disputa das vendas virtuais e a estratégia de Bolsonaro para os debates; confira os destaques do dia
Em Wall Street, o alerta do Federal Reserve de que o aperto monetário pode ser mais intenso do que o esperado penalizou as bolsas lá fora
Complacência: Entenda por que é melhor investir em ativos de risco brasileiros do que em bolsa norte-americana
Uma das facetas da complacência é a tendência a evitar conflitos e valorizar uma postura pacifista, num momento de remilitarização do mundo, o que pode ser enaltecido agora
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 5% com ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3). Veja os detalhes
Mercados, debate presidencial e um resultado inesperado: Confira todas as notícias que mexem com os seus investimentos hoje
Com a percepção de que o Fed optará pelo combate à inflação a todos os custos, os últimos dias de agosto não devem trazer alívio para os mercados financeiros. O Ibovespa ainda repercute o primeiro debate entre presidenciáveis
Por que saber demais pode tornar você um péssimo chefe
Apesar de desenvolvermos uma compreensão mais sofisticada da realidade como adultos, tendemos a cair em armadilhas com muito mais frequência do que gostaríamos de admitir
Wall Street tomba com Powell, os melhores momentos de Lula e Bolsonaro no Jornal Nacional e outros destaques do dia
Desde que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou o início da retirada dos estímulos monetários adotados na pandemia, durante o simpósio de Jackson Hole de 2021, o mercado financeiro global já se viu obrigado inúmeras vezes a recalcular a rota, e todas elas parecem levar a um destino ainda incerto, mas muito […]