Por que uma vitória dos republicanos nas eleições de meio de mandato nos EUA pode ajudar os mercados
Os americanos vão às urnas nesta terça-feira para construir os próximos dois anos e o mercado pode atravessar momentos de volatilidade no curto prazo

Como se não tivéssemos lidado com política e eleições o suficiente até aqui, os Estados Unidos se deparam hoje com as eleições de meio de mandato presidencial, as chamadas midterms.
Com poder de grande impacto nos próximos dois anos, o evento será acompanhado por investidores do mundo inteiro, com desdobramentos reais para a economia global e para países como o Brasil.
Tipicamente entendida como uma espécie de avaliação do mandato presidencial concedido dois anos antes, as midterms devem ser um banho de água fria sobre o Partido Democrata, que atualmente lidera as duas casas legislativas com pequena margem.
Entre 2021 e 2022, muita coisa aconteceu e seria natural entender um eleitor americano descontente. Desde a escalada da inflação até a sensação de vulnerabilidade internacional (Afeganistão e Ucrânia), muitos são os argumentos dos quais os republicanos estão se valendo em 2022.
Oposição tem levado a melhor nas midterms nas últimas décadas
Como consequência, as pesquisas apontam para uma provável vitória republicana em ao menos uma das casas, mais precisamente a dos Representantes, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil.
Sabemos da dificuldade que um governo acaba tendo quando não tem maioria no parlamento. Provavelmente é o que acontecerá nos EUA a partir do ano que vem, de maneira semelhante à segunda metade do governo Trump e a parte significativa da gestão Obama. Desde a década de 1990, o partido do presidente costuma sofrer durante as midterms.
Leia Também
Em poucas palavras, portanto, a Casa Branca poderia estar prestes a ser esterilizada até 2024 caso as projeções se confirmem.
Republicanos lideram pesquisas
Conforme veremos abaixo, as pesquisas (com todas as críticas que possamos ter a elas) indicam que os republicanos têm mais de 80% de chance de conquistar maioria na Câmara, ainda que tímida.
O Senado, por sua vez, é uma corrida um pouco mais apertada, uma vez que nem todas as cadeiras rodarão. Mas há cerca de 50% de chance de maioria republicana, o que seria devastador para os democratas. Hoje, o Senado é dividido 50/50, mas a maioria é democrata por conta do “Voto de Minerva” da vice-presidente Kamala Harris.
Leia também
- Por que um grupo ligado a Trump se mobiliza para ocupar um cargo obscuro nas próximas eleições nos EUA
- Saiba como as eleições do Congresso nos EUA podem pavimentar o caminho para volta de Trump ou consolidar Biden
Por que isso pode ser bom para o mercado
Se os republicanos chegarem a conquistar pelo menos a Câmara dos Representantes nas eleições de meio de mandato desta terça-feira, isso provavelmente resultará em mais impasses, o que o mercado geralmente costuma gostar (tocar o país de lado, sem dor de cabeça ou novidades elaboradas).
Para você ter uma ideia, segundo os dados históricos, o S&P 500 (um dos principais índices de ações dos EUA) teve um retorno anualizado de 16,9% desde 1948 durante os nove anos em que um democrata esteve na Casa Branca e os republicanos tiveram maioria nas duas câmaras do Congresso.
Isso se compara a 15,1% durante os períodos de total controle democrata e 15,9% nos anos em que houve um governo total republicano. Basicamente, os investidores ficam mais felizes quando os políticos discutem entre si, promovendo uma convergência ao centro sem que haja promulgação de nova lei que possa prejudicar os lucros corporativos (tom mais moderado é criado).
Adicionalmente, o quarto trimestre e os próximos dois trimestres após as eleições de meio de mandato têm sido historicamente o trecho mais forte do mercado de ações em um ciclo de eleições presidenciais de quatro anos, retornando ganhos médios do S&P 500 de 6,6%, 7,4% e 4,8%, respectivamente.
Uma coisa interessante é que se os republicanos conseguirem a Câmara, os aumentos de impostos serão contidos nos próximos dois anos, ajudando os lucros empresariais (eles são menos propensos a aprovar um imposto inesperado sobre os lucros das empresas petrolíferas e não são a favor de aumentos de impostos sobre os ricos).
Além disso, uma onda do Partido Republicano pode levar a mais gastos com defesa (parece ser uma pauta bipartidária, no entanto).
Por outro lado, os democratas e republicanos também parecem estar na mesma página quando se trata de aumentar os gastos com infraestrutura, o que poderia dar um impulso às empresas de serviços públicos, construtoras e algumas ações imobiliárias. Em meio aos temores de recessão, tais iniciativas são importantes.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
- COMBO DAS ELEIÇÕES: essas 3 opções de ações são as mais recomendadas para você buscar lucros durante as eleições, independente do cenário. Libere seu acesso à estratégia completa e gratuita neste link.
Manchetes políticas são barulho para o mercado
No final das contas, porém, as manchetes políticas geralmente são apenas barulho para os mercados, uma vez que os investidores, na média, são péssimos intérpretes de movimentos políticos. Historicamente, as ações sobem após as eleições, não importa qual partido controle a Casa Branca e o Congresso.
As eleições intermediárias também podem ficar em segundo plano em relação a outras questões macro, como o crescimento econômico, os lucros corporativos, a inflação e as taxas de juros, que deveriam importar mais para os investidores a longo prazo.
Sobre a inflação, inclusive, o resultado das eleições de meio de mandato pode ser influenciado por algo sobre o qual o governo tem pouco controle: o custo de abastecer o carro com gasolina. Desde a década de 1970, os índices de aprovação presidencial tendem a cair quando os preços da gasolina sobem. O clima não é bom para Biden.
Ainda assim, considerando o contexto polarizado, os questionamentos eleitorais e a possibilidade de volta de Trump, é possível que os resultados das eleições possam levar a mais volatilidade no curto prazo, mesmo que o mercado já tenha precificando uma forte probabilidade de um governo dividido.
Bitcoin (BTC) dispara e recupera patamar de US$ 82 mil — alívio nas tarifas reacende o mercado cripto
Após o presidente Donald Trump anunciar uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas, o bitcoin subiu 6,10% e puxou alta de todo o mercado de criptomoedas
Mercados disparam e dólar cai a R$ 5,84 com anúncio de Trump: presidente irá pausar por 90 dias tarifas de países que não retaliaram
Em sua conta na Truth Social, o presidente também anunciou que irá aumentar as tarifas contra China para 125%
Vale (VALE3) sente os efeitos das tarifas de Trump, mas ação da mineradora pode não sofrer tanto quanto parece
A companhia vem sentindo na pele efeitos da troca da guerra comercial entre EUA e China, mas o Itaú BBA ainda aposta no papel como opção para o investidor; entenda os motivos
Ivan Sant’Anna: Trumponomics e o impacto de um erro colossal
Tal como sempre acontece, o mercado percebeu imediatamente o tamanho da sandice e reagiu na mesma proporção
Países do Golfo Pérsico têm vantagens para lidar com o tarifaço de Trump — mas cotação do petróleo em queda pode ser uma pedra no caminho
As relações calorosas com Trump não protegeram os países da região de entrar na mira do tarifaço, mas, em conjunto com o petróleo, fortalecem possíveis negociações
Tarifaço de Trump é como uma “mini Covid” para o mercado, diz CIO da TAG; veja onde investir e como se proteger neste cenário
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, o sócio e CIO da TAG Investimentos, André Leite, fala sobre o impacto da guerra comercial nas empresas e como os próprios parlamentares do país tentam reverter a situação
Outro dia de pânico: dólar passa dos R$ 6 com escalada da guerra comercial entre EUA e China
Com temor de recessão global, petróleo desaba e ações da Europa caem 4%
“Trump vai demorar um pouco mais para entrar em pânico”, prevê gestor — mas isso não é motivo para se desiludir com a bolsa brasileira agora
Para André Lion, sócio e gestor da estratégia de renda variável da Ibiuna Investimentos, não é porque as bolsas globais caíram que Trump voltará atrás na guerra comercial
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
Olho por olho: como Trump escalou a guerra de tarifas com a China — e levou o troco de Xi Jinping
Os mais recentes capítulos dessa batalha são a tarifa total de 104% sobre produtos chineses importados pelos EUA e a resposta de Xi Jinping; o Seu Dinheiro conta como as duas maiores economias do mundo chegaram até aqui e o que pode acontecer agora
Amizade tem preço? Trump diz que arrecada US$ 2 bilhões por dia com tarifas, mas pode perder Elon Musk por isso
O bilionário não economizou críticas à política tarifária do presidente norte-americano — um teste de fogo para a sua influência na Casa Branca
Nem Elon Musk escapou da fúria de Donald Trump: dono da Tesla vê fortuna cair abaixo dos US$ 300 bilhões, o menor nível desde 2024
Desde o pico, o patrimônio de Elon Musk encolheu cerca de 31%, com uma perda de US$ 135 bilhões em poucos meses
Javier Milei no fogo cruzado: guerra entre China e EUA coloca US$ 38 bilhões da Argentina em risco
Enquanto o governo argentino busca um novo pacote de resgate de US$ 20 bilhões com o FMI, chineses e norte-americanos disputam a linha de swap cambial de US$ 18 bilhões entre China e Argentina
JP Morgan eleva avaliação do Nubank (ROXO34) e vê benefícios na guerra comercial de Trump — mas corta preço-alvo das ações
Para os analistas do JP Morgan, a mudança na avaliação do Nubank (ROXO34) não foi fácil: o banco digital ainda enfrenta desafios no horizonte
CEO da Embraer (EMBR3): tarifas de Trump não intimidam planos de US$ 10 bilhões em receita até 2030; empresa também quer listar BDRs da Eve na B3
A projeção da Embraer é de que, apenas neste ano, a receita líquida média atinja US$ 7,3 bilhões — sem considerar a performance da subsidiária Eve
Dividendos em risco? O que acontece com a Petrobras (PETR4) se o petróleo seguir em queda
A combinação do tarifaço de Trump com o aumento da produção da Opep+ é perigosa para quem tem ações da petroleira, mas nem tudo está perdido, segundo o UBS BB
Mercado Livre (MELI34) anuncia investimento de R$ 34 bi no Brasil e mostra que não tem medo das varejistas asiáticas — e nem das tarifas de Trump
Gigante do e-commerce fará o maior investimento da história da companhia no Brasil — e CEO explica por que não se assusta com Trump ou concorrência asiática
Ação da Vale (VALE3) chega a cair mais de 5% e valor de mercado da mineradora vai ao menor nível em cinco anos
Temor de que a China cresça menos com as tarifas de 104% dos EUA e consuma menos minério de ferro afetou em cheio os papéis da companhia nesta terça-feira (8)
Trump dobra a aposta e anuncia tarifa de 104% sobre a China — mercados reagem à guerra comercial com dólar batendo em R$ 6
Mais cedo, as bolsas mundo afora alcançaram fortes ganhos com a sinalização de negociações entre os EUA e seus parceiros comerciais; mais de 70 países procuraram a Casa Branca, mas a China não é um deles
Wall Street sobe forte com negociações sobre tarifas de Trump no radar; Ibovespa tenta retornar aos 127 mil pontos
A recuperação das bolsas internacionais acompanha o início de conversas entre o presidente norte-americano e os países alvos do tarifaço