Coisas estranhas acontecem com a Netflix. Vale a pena investir em NFLX34 após a queda de quase 60% das ações?
Resultado trimestral da Netflix deixa claro aos investidores que é preciso diferenciar um bom produto de um bom investimento
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Na terça-feira passada (20), a Netflix divulgou seus resultados do 1T22. No dia seguinte, suas ações chegaram a cair mais de 35%.
Naturalmente, recebi vários e-mails de leitores interessados em entender melhor o que aconteceu, em compreender se essa queda é uma oportunidade. Atendendo aos pedidos, a coluna de hoje será focada nos resultados e incertezas envolvendo a ação da Netflix, cujos BDRs são negociados na B3 sob o ticker NFLX34.
O que é preciso saber
Nos EUA, as negociações não param quando o pregão se encerra. No aftermarket, uma espécie de "pregão depois do pregão", negociam-se ações como se o jogo ainda estivesse rolando.
Essa cultura cria um tipo de incentivo muito particular: no instante em que os resultados são divulgados, investidores e algoritmos escaneiam os demonstrativos em busca de duas ou três variáveis chaves.
Essas variáveis (geralmente as mesmas trimestre após trimestre), são comparadas com as "estimativas dos analistas".
Nesse jogo há apenas duas possibilidades: superar ou não as estimativas.
Leia Também
Equilíbrio binário desatou reações extremas contra a Netflix
Um equilíbrio binário como esse é o responsável pelas reações extremas do mercado, como o que aconteceu com as ações da Netflix.
Segundos após a divulgação dos números, investidores e algoritmos se debruçaram sobre o número de novos usuários - e não gostaram do que viram.
A Netflix perdeu 500 mil assinantes no 1T22; os analistas e o mercado esperavam um crescimento de 2,5 milhões de usuários.
Essa é a primeira vez, desde 2011, que a Netflix apresenta um trimestre com queda de base.
Agora, perceba o impacto: no consolidado, a Netflix possui mais de 220 milhões de usuários. Perder menos de 1% deles foi o suficiente para derrubar em 35% a ação.
Precisamos nos perguntar o porquê.
Em mais detalhes
Nos EUA e no Canadá, a Netflix teve um saldo negativo de 600 mil usuários; esse saldo também foi em 300 mil em EMEA (Europa, Oriente Médio e África) e em 400 mil na América Latina.
A única região a contribuir positivamente foi a Ásia, com 1,1 milhão de novos usuários adicionados.
Um detalhe particular é a Rússia: o Netflix perdeu cerca de 2 milhões de usuários ao encerrar sua operação no país.
Ninguém esperaria que os executivos, ao estimarem um acréscimo de 2,5 milhões, considerassem a possibilidade de descontinuar completamente a operação num país, de forma tão abrupta.
Caso não tivesse saído da Rússia, a Netflix teria adicionado 500 mil assinantes, ainda muito abaixo das expectativas.
Capacidade em dúvida
Na carta aos acionistas, o management escreveu que "o crescimento da receita desacelerou consideravelmente".
No trimestre, a Netflix promoveu uma rodada de aumento de preços e viu aumentar também a sua taxa de cancelamento.
Isso levou muitos investidores a se perguntarem se eles possuem de fato a capacidade de seguirem subindo preços.
Essa variável é importante pois, desde de 2015, o único ano em que o Netflix não apresentou uma queima de caixa bilionária foi em 2020, quando seu investimento em novos filmes e séries diminuiu por limitação da pandemia.
Algo a que se apegar
É relativamente simples entender como a Netflix dilui custos: o custo de produzir uma série não depende de quantas pessoas irão assisti-la.
Estima-se, por exemplo, que cada episódio de "Stranger Things" custe entre US$ 6 milhões e US$ 8 milhões de dólares à Netflix.
Esse custo seria proibitivo se poucas pessoas assistissem ao conteúdo; definitivamente não é o caso, pois centenas de milhões de pessoas assistem à série.
Um detalhe que a Netflix sempre soube, mas pôde crescer ignorando, é o de que parte desse milhões consomem os conteúdos compartilhando senhas de maneira indevida.
Senhas compartilhadas
A Netflix estima em mais de 100 milhões o número total de famílias consumindo seus serviços com contas compartilhadas indevidamente.
Com o crescimento de novos usuários desacelerando, eles irão em breve direcionar esforços para implementar uma cobrança adicional.
Se você, por exemplo, compartilha a senha com a sua irmã que mora em outra residência, em breve receberá um e-mail da Netflix dizendo "olha, amigo, a gente sabe, e está tudo bem. Mas vamos cobrar R$ X a mais por mês, beleza?"
Assumindo que esse "a mais" seja uma média de US$ 5 por mês e que a Netflix consiga converter uns 20% dessa base, temos algo como US$ 1,2 bilhão em receita potencial, um crescimento modesto frente aos mais de US$ 29 bilhões em receitas do ano passado.
Netflix com anúncios?
Outra possibilidade veiculado por Reed Hastings, fundador e CEO da Netflix, é a implementação de um novo tipo de assinatura, mais barato porém com veiculação de anúncios na programação.
Há alguns anos, essa era uma possibilidade fora da mesa de negociações.
Como eu escrevi na semana passada, "connected TV" é um segmento em ascensão, e a Netflix é provavelmente um dos players com maior capacidade de implementar e executar um produto nessa linha.
Neste momento, porém, tudo são ideias e os investidores não sabem exatamente como avaliar essa iniciativa.
Comprar ou não comprar?
Neste momento, eu permaneceria de fora das ações e BDRs da Netflix.
Como mencionei, os investidores não sabem como avaliar a mudança na estratégia da Netflix.
Por exemplo, em carta aos acionistas, o investidor Bill Ackman comunicou ter zerado sua posição na Netflix após o resultado.
Detalhe: Bill, que é um dos lendários investidores de Wall Street, havia anunciado essa posição há apenas 3 meses, no final de janeiro.
Mesmo com a queda, a NFLX ainda negocia a um múltiplo preços sobre vendas estimadas para os próximos 12 meses pouco abaixo do histórico dos últimos anos e em linha com o passado.
Com a sua escala, os investidores precisam passar a precificar Netflix com base em métricas de rentabilidade. O que não está claro é qual será o seu perfil de rentabilidade caso o cancelamento cresça e a inflação faça subir desproporcionalmente o seu custo de produzir novos shows.
Como investidores, não podemos cair no erro de confundir um bom produto com um bom investimento. Infelizmente, aos preços atuais, acredito que Netflix se encaixe nesta categoria.
Disney+ copia Netflix e irá barrar compartilhamento de senhas — estratégia tem dado certo? Veja em números
A decisão de restringir o compartilhamento de senhas foi anunciada pelo CEO da Disney, Bob Iger, durante uma teleconferência com investidores
Netflix mais barato? Claro aposta em combo de streaming ‘na faixa’ para atrair clientes — em tentativa de guinada no mercado de TV por assinatura
A oferta com quatro streamings será comercializada por R$ 119,90 se vendida solo. Caso o consumidor contratasse os planos separadamente, pagaria R$ 127 por tudo
Vai ter propaganda no meio da sua série favorita, sim: ação da Netflix atinge o maior preço em quase 3 anos, impulsionada por estratégias de publicidade no streaming
Ação da gigante do streaming já subiu mais de 43% só neste ano; diretoria de anúncios revela novos patrocinadores
Levou um golpe? A luta livre da Netflix (NFLX34) após os números do quarto trimestre — briga por assinantes está só começando
A empresa anunciou nesta terça-feira (23) os resultados de outubro a dezembro de 2023 e não se dá por satisfeita — a gigante do streaming quer crescer ainda mais com acordo histórico
Succession e O Urso foram os grandes vencedores do Emmy Awards 2023, que também teve a série “mais desprezada” da história
‘Succession’ e ‘O Urso’ conquistaram seis categorias cada no Emmy Awards; o evento de 2023 foi adiado para este ano por causa da greve em Hollywood
Netflix cede às críticas e começa a compartilhar dados de audiência; veja o novo relatório de engajamento da gigante do streaming
O relatório “O que assistimos” revela dados de mais de 18 mil títulos que o público acompanhou na plataforma de streaming durante um período de seis meses
3 motivos pelos quais me arrependi de não ter recomendado a compra de ações da Netflix (NFLX34) quando era a hora
Números da Netflix no 3T23 foram excepcionais e deixaram este analista ainda mais arrependido por não ter recomendado as ações lá atrás
Netflix encerra plano básico e vai “forçar” clientes a mudar de assinatura; ações disparam 14% em Nova York
Com a mudança, os usuários passam a ter apenas três possibilidades de plano: a versão mais barata com anúncios, a assinatura padrão e o premium
Netflix mais cara: Plano com anúncios deve subir de preço após fim de greves em Hollywood, diz jornal
De acordo com o WSJ, inicialmente, a empresa de streaming deve elevar os valores nos Estados Unidos e Canadá para depois ampliar o reajuste para outros mercados pelo mundo
Amazon não fica atrás das concorrentes e prevê a inclusão de anúncios na Prime Video a partir de 2024
Quem não desejar ver anúncios enquanto estiver assistindo filmes ou séries na plataforma deverá pagar uma taxa adicional
Quantas vezes você muda de ideia? Disputa da Netflix e Disney mostra a importância da moderação para investidores
O fundador e primeiro CEO da Netflix, Marc Randolph, tem um ensinamento importante para investidores: mudar de ideia; entenda o motivo
Mais um castelo? Disney vai aumentar investimentos em parques e cruzeiros
A Disney vem apostando nos parques internacionais para reconquistar o coração dos turistas e tirar streaming do buraco
Larissa Manoela perdeu tudo? O que atriz deve fazer para evitar novos problemas depois de abrir mão de fortuna de R$ 18 milhões
O CEO da Azimut, Wilson Barcellos, e os planejadores financeiros Wanessa Guimarães e Guilherme Baía dão dicas sobre o que Larissa Manoela deve fazer com seu patrimônio daqui para frente
Depois da Netflix revelar dado positivo no balanço, Disney Plus anuncia polêmica cobrança por compartilhamento de senha a partir de 2024
O anúncio foi feito no mesmo dia do balanço da empresa, e podemos dizer que o Mickey não deve estar muito feliz
Ações da Netflix têm queda de 8% logo após os resultados do segundo trimestre. E agora, é hora de comprar?
O balanço da Netflix no segundo trimestre mostrou tendências positivas, em termos operacionais. Então, o que explica o movimento do mercado?
ETF de Bitcoin, Desenrola e ‘tretas’ em Hollywood (envolvendo Barbieheimer e Netflix)
Na semana de lançamento de Barbie e Oppenheimer, Netflix divulga resultados e players importantes movimentam o mercado de criptomoedas
Funcionou? Confira se a cobrança da assinatura extra da Netflix ajudou nos resultados do 2T23 e como as ações estão reagindo
Números de abril a junho são divulgados no mesmo dia em que a gigante do streaming confirmou que removeu o plano básico sem anúncios, tornando o plano padrão com anúncios a opção mais barata nos EUA
Fim das maratonas no Netflix? Veja como a greve dos atores afeta Hollywood e os streamings
Vale relembrar que os roteiristas já haviam paralisado as atividades no início de maio; agora, um sindicato que representa mais de 160 mil atores juntou-se ao movimento
Netflix se arrependeu da cobrança do ‘ponto extra’? Você pode até não ter gostado, mas taxa pode ajudar empresa a vencer a guerra do streaming
Segundo a IP Capital, a taxa de compartilhamento de senha e a criação de um plano suportado por anúncios levam a gestora a apostar na ‘Netinha’ como a vencedora
Disney quer Bob Iger no comando por mais tempo — enquanto Hollywood se prepara para greve dupla de atores e roteiristas
Desde o início de maio, os chãos de Hollywood sofrem tremores devido à greve dos roteiristas — e uma potencial paralisação dos atores deve causar novos abalos