Esquenta dos mercados: Investidores abandonam cautela com ‘Super-Quarta’, China e diplomacia; mercados internacionais operam em alta apesar de expectativa de elevação de juros nos EUA
Com alta de juro precificada no Brasil e nos EUA, mercados reagem à China e a otimismo com diplomacia entre Rússia e Ucrânia
Os mercados financeiros tradicionalmente operam de lado em dias de decisão de política monetária. Pois essa tradição parece ter sido suspensa hoje, mesmo com a chamada Super-Quarta, dia no qual espera-se alta dos juros tanto por parte do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) quanto do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC brasileiro.
As bolsas de valores internacionais amanheceram em alta. Parte desse avanço é atribuída por analistas ao fato de essas altas de juros já estarem de certo modo precificadas pelos investidores.
Os índices futuros de Nova York sinalizam abertura no azul e as bolsas de valores abriram em forte alta. Na Ásia, o destaque ficou por conta do índice Hang Seng, da bolsa de valores de Hong Kong, com avanço de 9,1%.
O mercado de criptomoedas acompanha a euforia. Por volta das 6h50, o bitcoin (BTC) subia 4,7% na manhã de hoje, na faixa de US$ 40.400. Já o ethereum (ETH) avançava 5,8%, buscando o nível de US$ 2.700.
No pregão da última terça-feira (15), o principal índice da bolsa brasileira recuou 0,88%, aos 108.959 pontos. O dólar à vista avançou 0,76%, a R$ 5,1591.
China adota medidas pró-mercado
As ações chinesas foram impulsionadas por notícias segundo as quais o governo adotaria uma série de medidas consideradas positivas para os mercados financeiros.
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O comitê de estabilidade e desenvolvimento financeiro da China defendeu hoje que a política monetária proporcione suporte à economia e que as autoridades locais sejam prudentes ao introduzir medidas de caráter contracionista.
Além disso, o comitê também informou que manteria os mercados financeiros de Hong Kong estáveis, ao mesmo tempo em que melhoraria as comunicações regulatórias e a coordenação com os órgãos reguladores.
Empresas chinesas desembarcam em Nova York
O governo da China também informou estar em contato com autoridades norte-americanas para viabilizar a listagem de ações de empresas chinesas no exterior.
Na semana passada a Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) identificou diversas empresas chineses que poderiam ser deslistadas em meio a uma disputa entre Washington e Pequim em relação ao acesso de auditores a informações.
Em reação, as ações das gigantes de comércio eletrônico JD.com e Alibaba dispararam 34% e 24% hoje, respectivamente.
Abertura diplomática?
A Super-Quarta e o posicionamento do governo chinês ganham a companhia de um certo otimismo em relação à possibilidade de uma solução diplomática para a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Segundo relatos veiculados pela imprensa internacional, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que as negociações com a Rússia começaram a “soar mais realistas”, ainda que continuem difíceis.
O otimismo mantém sob controle os preços do petróleo, que nas últimas semanas dispararam rumos aos níveis mais altos em mais de uma década.
Super-Quarta para os mercados
Chegou o dia em que o Banco Central Brasileiro e o Federal Reserve — o BC americano — divulgarão os resultados dos debates envolvendo a política monetária dos países. Em outras palavras, existe a expectativa de que tanto lá quanto aqui ocorra uma elevação nos juros.
O que esperar do Federal Reserve
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, já havia contratado uma alta de 25 pontos-base na última reunião do Fomc, o comitê de mercado aberto equivalente ao Copom por aqui.
Contudo, entre uma reunião e outra, uma guerra entre Rússia e Ucrânia agitou o cenário internacional.
Assim sendo, os analistas estão receosos de que o comitê opte por adiar ou diminuir a intensidade da alta nos juros, o que também seria ruim, tendo em vista que a inflação nos EUA é a maior em 40 anos.
O que esperar do Banco Central do Brasil
Já em terras brasileiras o cenário não é tão diferente.
A inflação descontrolada — que registrou novo recorde em fevereiro deste ano — também é um problema local, mas a perspectiva de uma eleição acirrada em outubro e os constantes riscos às contas públicas formam o cenário perfeito para que o BC faça um aperto monetário mais duro.
Entretanto, os especialistas ouvidos pelo Broadcast acreditam que a autoridade monetária deve reduzir a alta já nesta reunião, elevando a Selic em 1 ponto-base. Dessa forma, os juros básicos devem subir de 10,75% para 11,75%.
O fim do ciclo de altas
Nas próximas duas reuniões, em maio e junho, as projeções do Broadcast apontam para novas altas de 0,75 pontos percentuais — Selic vai de 11,75% para 12,50% — e mais 0,25 pontos percentuais — de 12,50% para 12,75% —, respectivamente.
Com isso, o Banco Central deve encerrar o ciclo de alta e fechar 2022 com os juros básicos a 12,75%. Entretanto, vale lembrar que as projeções podem ser alteradas ao longo do caminho.
As renúncias fiscais de Jair Bolsonaro
Não é novidade que o Orçamento federal para 2022 está bem apertado, mas o que assusta são as constantes propostas de renúncia fiscal enviadas ao Congresso.
A proposta do presidente da República Jair Bolsonaro de zerar o PIS/Cofins sobre a gasolina pode gerar um impacto nas contas públicas de R$ 30 bilhões. Além disso, a alteração na cobrança do ICMS, com a adoção de uma alíquota uniforme, tem potencial de encarecer os combustíveis em algumas partes do país.
Por fim, o ministério da Economia, encabeçado pelo ministro Paulo Guedes, confirmou ontem (15) a redução gradual do IPF, que chegará a R$ 19,1 bilhões no total até 2029. Esta proposta vem em linha com os planos do Brasil de ingressar na OCDE.
Injeção de dinheiro na economia — e o que isso significa
O governo ainda decidiu antecipar para abril o pagamento do 13º salário a aposentados e pensionistas para “colocar dinheiro na praça” antes das eleições. As perspectivas giram em torno de uma injeção de R$ 56 bilhões antes das eleições — e novos saques do FGTS também não estão descartados.
Por mais que a população apoie a redução de impostos e dinheiro no bolso, as medidas afetam as contas públicas e são consideradas de caráter essencialmente eleitoral. O atual governo passa por uma crise de popularidade e o cenário macroeconômico não ajuda.
Analistas temem que o descontrole das contas públicas agora alimente uma “bomba relógio” que pode explodir no próximo mandato.
Agenda do dia
- FGV: IGP-10 de março (8h)
- IBGE: Pesquisa mensal de serviços de janeiro (9h)
- Estados Unidos: Vendas no varejo de fevereiro (9h30)
- Congresso Nacional: CCJ do Senado coloca em pauta a PEC da reforma tributária (10h)
- Estados Unidos: Estoques de petróleo, gasolina e destilados (11h30)
- Estados Unidos: Decisão de política monetária do Fed, com coletiva do presidente do BC americano, Jerome Powell, em seguida (15h)
- Banco Central: Copom divulga decisão de política monetária (18h30)
- Ministros da defesa da Otan se reúnem em reunião extraordinária
Balanços do dia
Você pode conferir o calendário completo aqui.
Após o fechamento:
- Braskem
- MRV
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