Mesmo com montanha-russa eleitoral, bolsa brasileira é o melhor investimento de outubro; veja o ranking completo
Títulos prefixados e atrelados à Selic também tiveram bom desempenho, enquanto ouro, dólar e títulos atrelados à inflação tiveram quedas no mês
A volatilidade das bolsas foi grande ao longo do mês de outubro, mas no fim das contas, tanto no Brasil quanto no exterior, o saldo foi positivo. Depois da montanha-russa e dois turnos de eleições presidenciais, ainda assim o Ibovespa conseguiu terminar outubro como o melhor investimento do mês, com alta de 5,45%, aos 116.037 pontos.
O principal índice da bolsa brasileira foi acompanhado no topo do pódio pelos títulos públicos prefixados e também aqueles indexados à taxa Selic - enquanto os primeiros se beneficiaram de um certo alívio na inflação e nos juros futuros, os segundos ainda se aproveitam da taxa básica estacionada em um patamar elevado.
Na parte negativa do ranking, encontramos o ouro, o dólar e os títulos públicos indexados à inflação. Confira na tabela a seguir quais foram os melhores e piores investimentos do mês:
Os melhores investimentos de outubro
Investimento | Rentabilidade no mês | Rentabilidade no ano |
Ibovespa | 5,45% | 10,70% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 | 1,31% | - |
CDI* | 1,12% | 9,95% |
Tesouro Selic 2027 | 1,06% | 10,72% |
Tesouro Selic 2025 | 1,05% | 10,40% |
Tesouro Prefixado 2029 | 0,97% | - |
Tesouro IPCA+ 2026 | 0,91% | 6,51% |
Bitcoin | 0,77% | -58,78% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* | 0,70% | 9,30% |
Poupança antiga** | 0,68% | 6,51% |
Poupança nova** | 0,68% | 6,51% |
Tesouro Prefixado 2025 | 0,58% | 6,04% |
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)* | 0,05% | 5,82% |
IFIX | 0,02% | 6,66% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 | -0,23% | - |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -0,40% | 2,75% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -1,22% | 0,48% |
Tesouro IPCA+ 2035 | -1,45% | -0,60% |
Dólar PTAX | -2,76% | -5,79% |
Dólar à vista | -4,24% | -7,35% |
Tesouro IPCA+ 2045 | -4,24% | -9,00% |
Ouro | -5,57% | -17,88% |
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..
Eleição até que não caiu tão mal
No início de outubro, o Ibovespa foi logo impulsionado pelo fato de a eleição presidencial ter sido levada para o segundo turno, com um desempenho melhor que o esperado de Jair Bolsonaro e de candidatos bolsonaristas.
Bolsonaro era o candidato mais bem visto pelo mercado por sua postura mais liberal na economia, e o fato de que ele ainda tinha chances de reeleição animou a bolsa, principalmente as ações de estatais.
À medida que o desempenho do capitão na campanha foi apresentando problemas - como o incidente envolvendo seu aliado Roberto Jefferson com a Polícia Federal e o conflito de sua campanha com o Tribunal Superior Eleitoral -, a animação dos investidores foi esvanecendo, embora algumas pesquisas favoráveis ao presidente na reta final tenham trazido momentos de otimismo ao mercado.
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De qualquer forma, a perspectiva de um Congresso mais alinhado ao bolsonarismo - principalmente no Senado - e a eleição de muitos governadores aliados ao presidente impediram que o Ibovespa retrocedesse totalmente.
A visão passou a ser a de que, mesmo com uma vitória de Lula, o petista não teria muito espaço para se afastar do centro na economia, o que é bom para os ativos brasileiros.
Passada a eleição e com a vitória de Lula, um esperado recuo nos preços das ações acabou não se concretizando. O Ibovespa avançou nesta segunda-feira, último dia de outubro, uma vez que o risco eleitoral foi afastado, bem como o risco de contestação dos resultados - ao menos é o que parece.
O capital estrangeiro também fluiu para a bolsa brasileira, uma vez que o investidor gringo gosta mais de Lula que de Bolsonaro.
Seja como for, na última semana, as ações das empresas que tendem a se beneficiar de um governo Lula já vinham subindo, enquanto as ações de Petrobras e Banco do Brasil despencavam com a perspectiva de um governo mais intervencionista em estatais.
As melhores ações de outubro
Empresa | Código | Desempenho no mês |
3R Petroleum | RRRP3 | 30,02% |
Braskem | BRKM5 | 27,82% |
PRIO | PRIO3 | 27,50% |
Weg | WEGE3 | 24,80% |
Sabesp | SBSP3 | 20,83% |
Locaweb | LWSA3 | 20,44% |
Suzano | SUZB3 | 19,53% |
Klabin | KLBN11 | 19,34% |
Rumo | RAIL3 | 19,21% |
Embraer | EMBR3 | 17,94% |
As piores ações de outubro
Empresa | Código | Desempenho no mês |
MRV | MRVE3 | -17,95% |
IRB | IRBR3 | -14,55% |
Petz | PETZ3 | -13,86% |
Americanas | AMER3 | -8,78% |
Vale | VALE3 | -6,83% |
Banco do Brasil | BBAS3 | -3,82% |
CSN | CSNA3 | -3,77% |
Usiminas | USIM5 | -3,72% |
Qualicorp | QUAL3 | -3,55% |
Cosan | CSAN3 | -3,05% |
Em Wall Street o mês também foi positivo
Mas nem só de eleições viveram os mercados brasileiros em outubro, claro. O que acontece no exterior influencia e muito os preços dos ativos por aqui. As bolsas americanas viveram ao longo do mês a sua montanha-russa particular, que acabou, em vários momentos, influenciando as negociações por aqui.
A primeira metade do mês foi marcada por indicadores que aumentaram o temor de uma nova alta de juros de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Federal Reserve, o banco central americano. A geração de empregos veio mais forte que o esperado, enquanto índices inflacionários também vieram acima das expectativas de mercado.
Isso, combinado ao mau desempenho de boa parte das grandes empresas de tecnologia, machucou os principais índices acionários americanos e pesou sobre os juros futuros do país.
No entanto, mais para o fim do mês, os ânimos dos investidores foram melhorando, uma vez que dirigentes do Fed já começaram a se posicionar sobre o início da redução na alta de juros nos Estados Unidos, que deve começar em breve. Isso impulsionou os ativos de risco e aliviou os juros e, consequentemente, o dólar.
A moeda americana viu leve perda frente a outras moedas fortes, ao mesmo tempo em que divisas como o euro e a libra esterlina se recuperaram, após a troca de governo no Reino Unido e a estocagem bem-sucedida de gás natural na Europa para o inverno.
Mas, ante o real, o dólar americano se enfraqueceu mais, encerrando outubro com queda de mais de 4% na cotação à vista, cotado a R$ 5,17.
Juros e inflação têm momento melhor
Além do ingresso de capital estrangeiro na bolsa, por aqui a situação dos juros mais curtos e da inflação também foi benéfica. Os índices inflacionários cederam um pouco mais, com queda inclusive nos preços dos alimentos, e o Banco Central manteve a Selic em 13,75% ao ano, como já era esperado.
O Brasil se encontra agora num momento do ciclo diferente dos países ricos, com o aperto monetário já encerrado. Isso, combinado com o alívio na inflação local e nos juros americanos, permitiu que os juros futuros locais de prazos mais curto também cedessem.
A combinação de alívio nos juros curtos e na inflação beneficiou ainda mais os títulos prefixados, que têm brilhado desde que começaram os sinais de fim do ciclo de alta da Selic. Já a taxa básica mantida num patamar elevado ainda contribui para um retorno bastante alto dos títulos Tesouro Selic.
Por outro lado, os títulos atrelados à inflação têm sofrido com a alta dos juros mais longos, afetados pelo fato de que a queda da inflação hoje tem vindo à custa de muita renúncia fiscal, fora o aumento de gastos com benefícios sociais - e tudo isso deve cobrar seu preço lá na frente. Além disso, a deflação afasta os investidores desse tipo de papel, uma vez que sua remuneração é corrigida pelo IPCA.
O ouro, por sua vez, teve seu desempenho negativo influenciado pela queda do dólar ante o real - uma vez que o preço do metal nos mercados internacionais é denominado na moeda americana -, mas também caiu globalmente em outubro.
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