Nasdaq puxa recuperação vigorosa das bolsas internacionais, mas Ibovespa esbarra na Vale; dólar vai a R$ 4,87
Com as preocupações chinesas pesando sobre as commodities, o Ibovespa fechou a sessão em queda de 0,35%s. O dólar à vista também fechou longe das máximas, mas ainda assim acumulou uma alta significativa
Na maior parte dos dias normais, os temores com a inflação persistente, elevação de juros e risco de recessão nas principais economias do mundo são suficientes para minar todo e qualquer apetite por risco da bolsa. Mas hoje não foi um dia normal.
Depois de alguns blefes e muitos rumores, o Twitter confirmou que o bilionário Elon Musk comprou a rede social por cerca de US$ 44 bilhões. Assim como ocorreu no dia em que Musk anunciou ter comprado uma fatia de 9%, as ações da companhia dispararam em Wall Street, revertendo o cenário caótico observado no começo do dia.
Durante a madrugada, a bolsa de Xangai caiu mais de 5% com temores de uma desaceleração violenta da economia, e tudo levava a crer que os mercados ocidentais reagiriam de forma semelhante aos últimos números da China e o reflexo da desaceleração de uma potência econômica no atual cenário global.
As primeiras horas do dia foram de perdas expressivas para os mercados, com Europa, Estados Unidos e Brasil operando no negativo – no pior momento, o principal índice brasileiro chegou a perder o patamar dos 110 mil pontos e o dólar avançou cerca de 3% contra o real.
A venda do Twitter pode ter sido a fagulha que incendiou Wall Street tão rápido quanto um dos foguetes de Musk, mas os investidores também possuem outros elementos na cabeça. Nos próximos dias, pesos-pesados do setor de tecnologia irão divulgar os seus resultados trimestrais – e o mercado está animado com o que deve vir por aí.
Em Nova York, os três principais índices fecharam em alta firme, mas foi insuficiente para a bolsa brasileira. Com as preocupações chinesas pesando sobre as commodities, o Ibovespa fechou a sessão em queda de 0,35%, aos 110.684 pontos. O dólar à vista também fechou longe das máximas, mas ainda assim acumulou uma alta de 1,29%, a R$ 4,8755
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Nos próximos dias a bolsa brasileira deve se debruçar sobre os números da temporada de balanço do primeiro trimestre, mas enquanto as novidades ainda são escassas, o bom humor internacional aliviou a dor de cabeça. A recuperação vista na etapa final de negociação só não foi maior porque a Vale e o setor de siderurgia repercutiram de forma negativa a queda de 10% do minério de ferro.
Dores chinesas
As preocupações em torno dos novos surtos de covid-19 na China seguem pesando na economia global. Embora os mercados ocidentais tenham escapado de um banho de sangue nesta segunda-feira (25), a bolsa de Xangai recuou mais de 5% após a região apresentar um crescimento recorde no número de casos da covid-19.
Em Pequim foram registrados 22 novos casos de covid-19 no domingo (24), o maior número deste ano, enquanto Xangai viu o número de mortos pela doença triplicar.
O impacto da política rigorosa de contenção da pandemia já pode ser sentida novamente nos números oficiais. As vendas no varejo recuaram 3,5% em março, maior do que as projeções de queda de 2,0%. O desemprego chinês atingiu o maior patamar em quase dois anos, a 5,8%.
Um crescimento menor significa um consumo de matérias-primas também mais enxuto. Por isso, as commodities operaram em forte queda ao longo do dia, com o minério de ferro recuando 10%.
Um cenário mais desafiador tende a impactar de forma relevante as empresas brasileiras, principalmente Vale, CSN e Gerdau. Com grande peso no Ibovespa, o índice repercute esse movimento.
Ecos sombrios
Na primeira etapa do pregão, os investidores não conseguiram ignorar a mensagem que havia ficado da semana passada, quando diversos dirigentes do Federal Reserve – incluindo o presidente Jerome Powell – defenderam uma alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Banco Central americano.
Para o mercado, está cada vez mais claro que a política monetária adotada precisará levar a taxa de juros para um patamar acima do neutro como forma de controlar a inflação. Além disso, devemos ver também uma alta dos juros na Europa e no Brasil, caso a inflação siga no patamar atual.
Com a retomada do apetite por risco no exterior e o fôlego do Ibovespa, o mercado local se desfez de excessos da última sexta-feira (25), permitindo que o dia fosse de recuo para os principais vencimentos no mercado de juros:
CÓDIGO | NOME | TAXA | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 12,93% | 12,99% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 11,98% | 12,15% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 11,81% | 11,97% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 11,80% | 11,97% |
Sobe e desce do Ibovespa
Dentre as maiores quedas do dia tivemos as ações do setor de mineração e siderurgia, repercutindo a queda de 10% do minério de ferro e as perspectivas negativas para a economia chinesa.
Outro destaque relevante foram os papéis da Natura. Na semana passada, antes do feriado, a companhia se reuniu com analistas do mercado e trouxe projeções piores do que a esperada para o balanço que será divulgado no próximo dia 5. Confira os piores desempenhos do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
BRFS3 | BRF ON | R$ 13,98 | -3,65% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 21,43 | -2,64% |
SOMA3 | Grupo Soma | R$ 13,31 | -2,56% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | R$ 11,18 | -2,27% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 20,07 | -2,10% |
Confira também as maiores altas do dia no Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
COGN3 | Cogna ON | R$ 2,61 | 3,57% |
CMIG4 | Cemig PN | R$ 15,05 | 2,87% |
PETZ3 | Petz ON | R$ 15,87 | 2,85% |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 16,70 | 2,52% |
ABEV3 | Ambev ON | R$ 15,12 | 2,51% |
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