Temor de recessão segue forte e Ibovespa volta a perder os 100 mil pontos; dólar cai com PEC melhor que o esperado

As últimas semanas parecem ter inaugurado um novo modus operandi no mercado financeiro: não há boa notícia ao amanhecer que perdure até o anoitecer. 

Alta de commodities, alívio no cenário fiscal, retomada econômica chinesa. Pode escolher a sua arma, nada parece forte o suficiente para enfrentar o temor de uma recessão global e de um aperto de juros intenso no primeiro mundo. 

Assim como aconteceu nos últimos pregões, o Ibovespa abriu o dia em alta, mas não manteve o fôlego até o fim do dia. Em parte a culpa veio de fora. Ainda que o discurso de Jerome Powell em evento não tenha trazido novidades, reforçou que a contrapartida pelo controle da inflação deve envolver alguma perda de potencial da economia. 

As bolsas americanas fecharam o dia em leve queda – com apenas o Dow Jones no positivo –, mas o Ibovespa teve outro elemento da rotina na equação – o risco fiscal. 

A PEC dos combustíveis, que vai gerar um custo de quase R$ 40 bilhões fora do teto, foi finalmente apresentada. Apesar de ser ruim para as contas públicas, poderia ser ainda pior.

Essa leitura de que o saldo final para a saúde fiscal será “menos pior” do que o esperado trouxe algum alívio para o câmbio e os juros, mas o Ibovespa caiu com a virada das commodities para o campo negativo. O principal índice da bolsa recuou 0,96% aos 99.621 pontos, perdendo mais uma vez o patamar dos 100 mil. Já o dólar teve queda de 1,39%, a R$ 5,1930.

Pacote de bondades

Nesta manhã, o parecer da PEC dos combustíveis foi finalmente apresentado: o Auxílio Brasil será elevado em R$ 200 e expandido para mais 1,6 mil famílias, o vale-gás dará direito a R$ 120 por bimestre para a compra de um botijão, um auxílio de R$ 1 mil para transportadores autônomos será implementado, compensação para a gratuidade da passagem de idosos no transporte público e redução da tributação do etanol hidratado.

Com um custo total de pouco mais de R$ 38 bilhões fora do teto de gastos, a expectativa dos líderes do Congresso é que a pauta seja aprovada ainda hoje nos dois turnos necessários. 

Apesar do gasto extra, a cifra veio abaixo do esperado pelo mercado e trouxe algum alívio para o câmbio e também para o mercado de juros. 

Termômetro da economia

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, divulgado nesta manhã, mostrou um recuo de 1,6% no primeiro trimestre. Esta foi a terceira e última leitura do ano e decepcionou o mercado. 

Segundo estimativas colhidas pelo The Wall Street Journal, o esperado era uma queda de 1,5%.

O número trouxe volatilidade aos negócios, mas assim como ocorreu nas divulgações anteriores, a leitura foi mista. 

Por um lado, uma atividade econômica mais fraca pode obrigar o Federal Reserve a segurar o ritmo de aperto monetário. Por outro, o número aberto mostra que o consumo das famílias continua aquecido, o que é um bom combustível para a inflação. 

Como tudo parece se concentrar em “o que o Federal Reserve fará?”, os investidores ficaram atentos à participação de Jerome Powell em evento que reuniu as principais autoridades monetárias do mundo. 

Para desconforto do mercado, Powell voltou a declarar que o caminho para ancorar as expectativas de inflação inevitavelmente passa pela desaceleração da economia. Embora o objetivo seja manter o crescimento, a recessão segue como risco no radar. 

Para o chefe do Fed, o maior risco para a economia, no entanto, não está no aperto monetário e sim na dificuldade de equilíbrio dos preços. Apesar disso, o mercado de juros americano teve um dia misto. 

Sobe e desce do Ibovespa

Confira as maiores altas do dia:

Confira as maiores quedas do dia:

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