45 DO SEGUNDO TEMPO
Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos aprofundaram o avanço de Wall Street nesta quinta-feira, com resultados positivos nos EUA e dados de confiança do consumidor atenuando as preocupações sobre uma recessão profunda.
Com a poeira baixando após a mudança surpresa do Banco do Japão para uma política monetária menos relaxada, os investidores embarcaram em um pequeno "rali de Natal" antes do final do ano, enquanto o iene se estabilizou após sua maior alta em 24 anos.
Os mercados europeus e nos futuros americanos também entregam altas nesta manhã, pelo menos por enquanto.
Os ganhos recentes estão ocorrendo depois de um movimento mais forte de realização derivado da postura do Federal Reserve e do Banco Central Europeu, que sinalizaram na semana passada que provavelmente aumentariam as taxas de juros mais do que o esperado.
No Brasil, acompanhamos o movimento positivo global, repercutindo também o ambiente político local. A ver…
00:43 — PEC aprovada, enfim
Por aqui, a PEC da Transição foi aprovada na Câmara, voltou para o Senado, foi aprovada por lá também mais uma vez e, finalmente, acabou sendo promulgada na noite de ontem — a versão final tem um impacto de R$ 168 bilhões. Quando o Congresso quer, eles trabalham muito e trabalham rápido.
Com isso, ficamos hoje apenas com a formalização do Orçamento para 2023 por parte dos parlamentares, na reta final da agenda legislativa.
Além disso, também contamos com a apresentação de mais nomes do futuro governo, que podem movimentar o humor dos investidores, extremamente responsivos a qualquer desdobramento político.
Começamos com o anúncio de Lula de mais membros do seu ministério (ainda tem 32 ministérios dos 37 para apresentar).
Na sequência, se espera que Haddad, o futuro ministro da Fazenda, indique os nomes para o Tesouro Nacional, a Receita Federal e as pastas de Política Econômica e de Assuntos Internacionais, além da pessoa para a Secretaria de Reformas Econômicas. Nomes mercadológicos devem agradar.
01:32 — Rali de Natal
Nos EUA, as ações subiram ontem durante uma sessão de baixo volume de negociação antes dos feriados de fim de ano.
Enquanto isso, os yields do Tesouro dos EUA diminuíram um pouco após quatro dias consecutivos de rendimentos crescentes.
O que animou os investidores foi a pesquisa de confiança do consumidor, que saltou 7 pontos em relação a novembro, superando com folga as estimativas.
Em outras palavras, as condições e expectativas atuais evoluíram substancialmente (o número das expectativas foi o mais positivo desde janeiro de 2021).
É particularmente interessante notar que os indicadores das condições atuais e esperadas do mercado de trabalho se fortaleceram.
As novas informações passaram a ideia de que a recessão, caso aconteça, será mais suave do que poderíamos pressupor.
Por isso, será importante avaliar o relatório de hoje com os números das receitas e despesas pessoais de novembro.
O documento também incluirá o medidor de inflação preferido do Fed, o principal índice de preços de gastos de consumo pessoal (espera-se uma alta de 4,7% na comparação, indicando retração dos 5% do mês passado).
Inflação caindo mais do que o esperado poderá ser algo visto como positivo.
02:29 — O resfriado
Costumava-se dizer que quando os Estados Unidos espirravam, o resto do mundo pegava um resfriado. Hoje em dia, para muitos membros da economia global, as coisas podem ser diferentes.
Mesmo que os EUA caiam em recessão, há três desenvolvimentos favoráveis para grandes mercados emergentes em 2023.
O primeiro deles é que os yields dos títulos de longo prazo dos EUA parecem ter atingido o pico, graças aos sinais já evidentes de que a inflação sofrerá uma desaceleração sustentada à medida que o crescimento americano enfraquece.
segundo ponto é que o dólar também parece ter atingido o pico.
Por fim, a reabertura da China pode servir como amortecedor da recessão global - quase diariamente, mais sinais são evidentes de que as autoridades chinesas estão afrouxando as medidas contra a pandemia.
Em outras palavras, ainda que haja uma recessão, os mercados emergentes devem conseguir se blindar relativamente bem.
03:13 — O mercado de trabalho
Os dados do mercado de trabalho parecem apertados. O desemprego é muito baixo nas principais economias industrializadas e as ofertas de emprego relatadas são muito altas.
Contudo, os salários reais não têm respondido na mesma proporção, como deveria acontecer quando os mercados de trabalho estão apertados.
É quase como se houvesse uma grande reviravolta estrutural que impactou desproporcionalmente os mercados de trabalho em algum momento depois de 2020, com a pandemia.
Em outras palavras, as taxas de vacância de empregos hoje podem não estar medindo a mesma coisa que no passado, enquanto as taxas de vagas de emprego não medem o total de vagas de emprego, apenas as vagas de emprego anunciadas externamente.
Ou seja, podemos estar diante de um novo mercado de trabalho, diferente em termos de estrutura do que o anterior. Levará tempo até que criemos uma aderência nova aos dados.
04:01 — Visitinha
A viagem do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a Washington na quarta-feira foi sua primeira passagem pelo exterior desde a invasão russa de seu país.
A visita ocorre logo após os legisladores americanos finalizarem um projeto de lei de gastos de US$ 1,65 trilhão para o ano fiscal de 2023, com aumento do financiamento militar e ajuda adicional para a Ucrânia e os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Uma reunião com o presidente Joe Biden aconteceu, bem como um discurso para uma sessão conjunta do Congresso.
Como esperado, Biden confirmou o fornecimento de uma bateria antimísseis para a Ucrânia, um sistema avançado de defesa aérea fabricado pela Raytheon Technologies e Lockheed Martin.
Não houve, porém, pressão dos EUA para que Zelensky negociasse com a Rússia — não há alívio de curto prazo.
O orçamento apresentado pelos legisladores americanos inclui US$ 858 bilhões em gastos militares, um aumento de cerca de 10% em relação ao ano anterior, e US$ 45 bilhões a mais do que Biden havia solicitado.
Os gastos militares estão aumentando nos EUA e nos demais países Otan. O atrito bélico promete ser um dos novos motes da década, em um processo de maior regionalização global.