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Renan Sousa
Renan Sousa
É repórter do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP) e já passou pela Editora Globo e SpaceMoney.
Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Fechamento da semana

Ibovespa sobe apesar de exterior negativo e acumula ganhos de 4,10% na semana, beirando os 107 mil pontos

Bolsas de Nova York recuaram hoje após dados de vendas no varejo negativos e balanços de bancos mistos, acumulando perdas na semana

Renan SousaJulia Wiltgen
14 de janeiro de 2022
19:17 - atualizado às 19:22
contramão bolsa mercados Ibovespa
Ausência de novas notícias negativas ajudou Ibovespa a recompor a defasagem em relação aos pares internacionais, mesmo na contramão dos demais mercados. Imagem: shutterstock

A bolsa brasileira começou o ano com o pé esquerdo, mas apesar de o exterior não ter ajudado, conseguiu fechar a segunda semana de 2022 com ótimo desempenho.

Com a confirmação dos próximos passos da política monetária americana e sem novos fatos que pudessem segurar os ativos brasileiros - pois o noticiário local anda relativamente calmo -, os mercados domésticos tiveram espaço para recompor a defasagem em relação aos seus pares internacionais.

Em um dia negativo nas principais bolsas globais, o Ibovespa fechou em alta de 1,33%, aos 106.927 pontos, bem pertinho do patamar de 107 mil pontos. Na semana, a valorização foi de 4,10%, enquanto as bolsas americanas e europeias acumularam perdas.

E não foi para menos. Os investidores passaram a semana digerindo uma série de declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e diversos dirigentes da autoridade monetária americana, que reafirmaram o discurso duro contra a inflação, mas não chegaram a trazer novidades em relação à ata divulgada na semana passada.

Agora, os mercados sabem que podem esperar de três a quatro aumentos na taxa básica de juros dos Estados Unidos em 2022, sendo a primeira provavelmente já na reunião de março do comitê de política monetária do Fed.

Além disso, a instituição está em vias de encerrar o seu programa de compra de ativos. Mais para frente, mas ainda neste ano, dará início na redução do seu balanço patrimonial, vendendo esses ativos de volta ao mercado, de forma a enxugar a liquidez. A previsão é de que isso ocorra entre três e quatro reuniões.

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Nesta sexta (14), o Ibovespa andou completamente na contramão dos mercados internacionais, mantendo-se em alta quase o dia inteiro e acelerando os ganhos no fim do pregão, enquanto as bolsas americanas e europeias se mantiveram no vermelho durante a maior parte do dia.

Por aqui, os dados de vendas no varejo acima do esperado, a alta das ações da Petrobras, com a valorização do petróleo, e os ganhos nas ações dos bancos ditaram o clima positivo da sessão.

Já em Wall Street, as ações das instituições financeiras sofreram depois que algumas delas divulgaram balanços que, apesar de terem vindo melhores que o esperado, mostraram queda nos lucros no quarto trimestre de 2021 ante o mesmo período do ano anterior.

Dados negativos de vendas no varejo nos EUA e a alta nos juros de longo prazo dos títulos do Tesouro americano, puxados pelas falas de alguns dirigentes do Fed, completaram o cenário negativo em Nova York.

Na reta final, porém, alguns índices conseguiram inverter o sinal. O Dow Jones fechou em baixa de 0,56%, afetado pelas ações dos bancos, mas o S&P 500 fechou em leve alta de 0,08%, e o Nasdaq subiu 0,59%. Na semana, porém, esses índices acumularam perdas de 0,88%, 0,30% e 0,28%, respectivamente.

Na Europa, o dia também foi negativo, acompanhando o mercado americano. O índice pan-europeu Stoxx 600, que reúne as principais empresas do continente, fechou em queda de 1,04%, acumulando perda de 1,05% na semana.

Já o dólar à vista, que passou quase todo o pregão em leve alta, perdeu força no fim do dia e terminou em queda de 0,29%, a R$ 5,5132, acumulando baixa de 2,10% na semana.

Os juros futuros fecharam em alta. Veja o desempenho dos principais vencimentos:

  • Janeiro/23: alta de 11,927% para 11,95%;
  • Janeiro/25: alta de 11,183% para 11,255%;
  • Janeiro/27: alta de 11,137% para 11,18%.

Vendas no varejo animam mercado local

Os dados do varejo local animaram os investidores dos mercados domésticos nesta sexta. De acordo com o IBGE, as vendas do varejo restrito avançaram 0,6% no mês, próximo ao teto das projeções coletadas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Estadão, e acima da mediana das projeções, que era de estabilidade.

Já as vendas no varejo ampliado subiram 0,5% em novembro de 2021, também próximo ao teto das projeções e acima da mediana das estimativas, que era de queda de 0,6%.

Queda no lucro dos bancos americanos

Lá fora, no entanto, o clima foi outro. Ainda com o gosto amargo do fim dos estímulos, os investidores internacionais permaneceram atentos aos primeiros resultados da temporada de balanços do quarto trimestre de 2021.

Wells Fargo, Citigroup e JPMorgan foram os primeiros bancos a divulgar seus números, junto com a BlackRock, maior gestora de recursos do mundo.

Embora todas as principais métricas tenham vindo acima do esperado pelo mercado, Citigroup e JPMorgan registraram queda nos seus lucros no quarto trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Wells Fargo foi o único dos três bancos que, além de surpreender positivamente em todas as métricas, viu um crescimento no lucro. A Carolina Gama apresenta os resultados das instituições financeiras nesta matéria.

Assim, as ações do Citigroup e do JPMorgan recuaram forte nesta sexta, puxando também Morgan Stanley e Goldman Sachs. O Wells Fargo foi o único que apresentou alta.

Como as ações dos bancos vinham se valorizando recentemente por conta da perspectiva de alta nos juros nos EUA - fator que tende a beneficiar esse tipo de instituição financeira -, é possível que os investidores estejam optando por uma realização dos ganhos recentes nos papéis das empresas cujos lucros falharam em crescer.

Além da reação ruim aos resultados dos bancos, Nova York também reagiu mal às vendas no varejo nos Estados Unidos, que caíram 1,90% em dezembro, bem mais do que a queda de 0,1% que havia sido projetada pelos analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal.

Discursos duros dos dirigentes do Fed e um feriado

Hoje, assim como ontem, os mercados globais seguiram de olho nas falas de dirigentes do Federal Reserve em busca de novas pistas acerca dos próximos passos da política monetária americana.

Os comentários duros contra a inflação impulsionaram os juros longos dos títulos do Tesouro americano nesta tarde, o que contribuiu ainda mais para a perda de força dos ativos de risco.

O presidente da distrital da Filadélfia, Patrick Harker, reafirmou que três ou quatro altas de juros devem se fazer necessárias neste ano. Neel Kashkari, presidente da regional de Mineápolis, se disse surpreso com o ritmo de escalada da inflação nos EUA.

Já o presidente do Fed de Nova York, John Williams, afirmou que as taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos devem avançar à medida que a autoridade monetária reduzir o seu balanço. Ele também disse ser "impressionante" o quão baixos os retornos dos bônus de curto prazo estão neste momento.

Além de tudo, segunda-feira é feriado nos EUA, e os mercados permanecerão fechados, o que tende a ser um fator que leva os investidores a se protegerem e evitarem "dormir comprados", caso algo aconteça durante a folga prolongada e eles não consigam reagir imediatamente.

Sobe e desce do Ibovespa

A alta do petróleo, nesta sexta-feira, continuou beneficiando as ações da Petrobras. O barril do tipo Brent, referência para os preços da estatal, fechou em alta de 2,24%, a US$ 86,36, enquanto o WTI fechou com ganhos de 2,63%, a US$ 84,28.

Com isso, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) fecharam com valorização de 2,10%, a R$ 34,56, e as preferenciais (PETR4) subiram 3,73%, a R$ 31,45.

Os bancos também contribuíram para puxar o Ibovespa para cima. As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e as units do Santander (SANB11) avançaram mais de 1%, enquanto os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) subiram 2,56%.

Entre as maiores altas do Ibovespa, porém, ficaram dois bancos médios: o Banco Pan (BPAN4) e o Inter (BIDI11). Este último teve as cotações puxadas pela demanda em leilão realizado nesta sexta, como a Carolina Gama conta nesta matéria.

A segunda maior alta do dia ficou por conta da brMalls (BRML3), que recusou uma proposta de fusão feita pela Aliansce Sonae (ALSO3). Eu conto mais detalhes nesta matéria.

Veja as maiores altas do Ibovespa nesta sexta:

CÓDIGOAÇÃOVALORVARIAÇÃO
BIDI11Banco Inter unitR$ 23,85+7,92%
BRML3brMalls ONR$ 8,40+7,01%
BPAN4Banco Pan PNR$ 10,21+6,13%
WEGE3WEG ONR$ 30,70+6,04%
B3SA3B3 ONR$ 12,22+5,44%

Confira também as maiores quedas:

CÓDIGOAÇÃOVALORVARIAÇÃO
LWSA3Locaweb ONR$ 8,39-4,11%
POSI3Positivo ONR$ 8,20-3,87%
ALPA4Alpargatas PNR$ 32,10-3,31%
LREN3Lojas Renner ONR$ 23,97-3,19%
CVCB3CVC ONR$ 11,71-2,01%

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