Transição pacífica de poder blinda parcialmente a bolsa e Ibovespa recua ‘apenas’ 0,03%; dólar sobe a R$ 5,12

A volta do feriado tinha tudo para ser fortemente negativa na B3, mas o Ibovespa conseguiu contornar a forte cautela externa para encerrar a sessão com perdas mais sutis, com um recuo de apenas 0,03%, aos 116.896 pontos. 

Enquanto a bolsa brasileira esteve fechada no feriado, os índices em Wall Street tombaram em reação à perspectiva de continuidade do aumento de juros por parte do Federal Reserve — e a sessão desta quinta-feira (03) foi de ampliação das perdas. 

Mas apesar do clima de cautela com o rumo da política monetária internacional, os sinais de que uma transição de poder pacífica se desenrola em Brasília serviram como blindagem. O Ibovespa chegou a operar em alta modesta durante boa parte do dia, enquanto o dólar à vista encerrou a sessão com leve avanço de 0,14%, a R$ 5,1258. 

O vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição, Geraldo Alckmin, esteve reunido com o relator do Orçamento de 2023 e falou sobre a necessidade de que uma PEC seja criada para abarcar as prioridades do governo Lula dentro do texto. 

Além disso, Alckmin também se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro. Durante a breve reunião, Bolsonaro reforçou a disposição do governo em auxiliar no processo de transferência de gestão com transparência. 

Ressaca do Fed

Enquanto o mercado estava fechado no Brasil, as bolsas em Wall Street repercutiram a decisão do Federal Reserve de aumentar os juros em mais 0,75 ponto percentual. 

Apesar de o comunicado ter deixado claro que os diretores estão preocupados com o tempo necessário para que a política monetária tenha impacto na economia real, a coletiva de Jerome Powell injetou cautela, já que o chefe do Fed apontou que ainda não há horizonte de quando a escalada dos juros chegará ao fim e flertou com a possibilidade de que o aperto siga além das projeções do mercado. 

Em Nova York, as bolsas tiveram mais um dia no vermelho, estendendo as fortes perdas da véspera. Os índices foram puxados pelo desempenho ruim do setor de tecnologia.  Confira:

• Nasdaq: -1,73%
• Dow Jones: -0,46%
• S&P 500: -1,06%

No Brasil, a curva de juros terminou o dia em um movimento de leve alta. Confira:

Fora do Ibovespa

Fora do Ibovespa, a incorporadora Viver (VIVR3) subiu quase 30%, emplacando o terceiro dia consecutivo de forte alta.

O mercado ainda reage ao fato relevante divulgado na última segunda-feira (31) para resolução da dívida junto ao fundo de investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Com isso, a companhia converteu o saldo devedor da dívida em ações, liberou os ativos da empresa que se encontravam dados como garantia e quitou honorários advocatícios.

A resolução da dívida resulta em uma redução de 84% do endividamento total da companhia e quitação de 100% das debêntures emitidas.

Sobe e desce do Ibovespa

Apesar do movimento de alta da taxa de juros e a queda de empresas de tecnologia no exterior, o dia foi positivo para o setor de consumo local. Os investidores seguem se posicionando no segmento após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no domingo, de olho nos eventuais programas de redistribuição de renda e incentivo ao consumo. Confira as maiores altas do dia:

A cautela que predominou no mercado externo acabou por penalizar as ações da Vale (VALE3), que recuaram quase 3% — dados da economia chinesa voltaram a pressionar o setor de commodities. Já a queda dos papéis da Eneva (ENEV3) acompanhou a repercussão negativa da troca de comando da companhia. Confira também as maiores quedas:

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