Esquenta dos mercados: Bolsas no exterior reagem aos balanços de ontem e aguardam inflação dos Estados Unidos; Ibovespa acompanha grandes bancos hoje
O aumento da CSLL dos bancos, publicada em edição extra do Diário Oficial, coloca as instituições financeiras em foco nesta sexta-feira
O último pregão da semana será marcado pelo dado mais esperado dos últimos dias. As bolsas pelo mundo aguardam os dados de inflação dos Estados Unidos, medido pelo índice de preços ao consumidor (PCE, em inglês).
A divulgação acontece na semana anterior à decisão de juros do Banco Central por lá. O Federal Reserve reúne o Fomc, o Copom americano, nas próximas terça-feira (03) e quarta-feira (04) para decisão sobre o aperto monetário norte-americano.
Na contramão do que afirma Jerome Powell, presidente do Fed, a economia americana não está tão robusta quanto o esperado. A primeira leitura do PIB dos primeiros três meses do ano apontou para uma queda de 1,4% — as previsões davam conta de alta de 1,0% no período.
Após a divulgação do PCE, o Banco Central americano pode entender que a alta de 50 pontos-base nos juros não é o suficiente para conter a alta dos preços. Isso significa que novos aumentos virão e as bolsas e demais ativos de risco devem sofrer com isso.
Por aqui, a bolsa brasileira encerrou o pregão da última quinta-feira (28) em alta de 0,52%, aos 109.918 pontos. O dólar à vista, por sua vez, fechou em queda de 0,55%, a R$ 4,9399.
Confira o que movimenta as bolsas, o Ibovespa e o dólar nesta sexta-feira (29):
Balanços desanimam…
A semana foi marcada principalmente pelos balanços das big techs, as grandes empresas de tecnologia das bolsas americanas. Os primeiros resultados como os da Meta (Facebook) chegaram a empolgar, mas a divulgação dos últimos deixou a desejar.
No pré-mercado de Nova York, as ações da Amazon recuava mais de 8% após registrar prejuízo no trimestre; o mesmo acontece com os papéis da Intel e Apple, que caem 3,48% e 2,46% respectivamente.
A empresa de Jeff Bezos teve prejuízo de US$ 3,8 bilhões nos primeiros meses de 2022, já a Intel teve uma receita decepcionante também. Os fabricantes do iPhone alertaram sobre os impactos dos gargalos estruturais e lockdowns na China, que podem pressionar as margens no próximo semestre.
… e as bolsas caem
Dessa maneira, os futuros de Nova York apontam para um início de pregão no vermelho, com o índice futuro do Nasdaq, a bolsa de tecnologia americana, em queda de quase 1%.
Na Europa, as bolsas reagem à divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) e PIB da Zona do Euro. A inflação veio levemente acima do esperado, mas a atividade econômica também subiu no período, o que sustenta a alta da manhã.
O fechamento da Ásia foi positivo, com a bolsa de Tóquio fechada em virtude do feriado local. Mas os demais índices fecharam em alta, de olho nos estímulos econômicos da China à economia.
Taxa de desemprego e dados do BC: o dia no Ibovespa
A bolsa local encara nesta sexta-feira a Pnad Contínua do primeiro trimestre, que trará os dados de desemprego no país para o período.
De acordo com as projeções do Broadcast, o desemprego deve ficar em 11,4% na mediana das projeções, o que representa uma leve alta de 0,02% em relação à leitura do trimestre anterior, quando a desocupação ficou em 11,02%.
Além disso, o Banco Central brasileiro divulga a conta corrente do setor externo e os investimentos diretos no país (IDP) dos meses de fevereiro e março. A publicação foi atrasada devido a greve dos servidores do BC.
Por falar em greve
Ainda hoje, os servidores da autoridade monetária realizam uma assembleia para deliberar sobre a retomada da greve. O funcionalismo exige recomposição das perdas inflacionárias e a estruturação de um plano de carreira dentro do Banco Central.
O movimento perdeu força com idas e vindas de outros setores, como servidores da Receita Federal e Tesouro. Havia a preocupação de que a greve afetasse o PIX, o sistema de pagamentos instantâneo, o que não ocorreu durante a paralisação.
Entretanto, a divulgação do Boletim Focus e de dados do BC acabou sendo prejudicada.
Foco nos bancos
O governo federal publicou ontem uma medida provisória (MP) que eleva de 20% para 21%a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) dos bancos e de 15% para 16% para instituições financeiras não bancárias — como as corretoras. Essa MP foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União na noite de quinta-feira.
A elevação da tributação era debatida nos bastidores desde o início do mês para compensar o programa de parcelamento de débitos tributários (Refis) de micro e pequenas empresas e microempreendedores. Ao todo, a União estima a renegociação de até R$ 50 bilhões.
Isso deve colocar as ações de bancos em foco hoje, uma semana antes da divulgação dos resultados de grandes instituições financeiras locais.
Sobe aqui, corte ali
Ainda ontem, o governo decretou um corte linear da alíquota do Imposto sobre Produtos Importados (IPI). Agora a redução foi ampliada de 25% para 35%, o que representa uma queda de R$ 15,2 bilhões em arrecadação federal.
Apesar de a redução de impostos ser aparentemente positiva para o consumidor, o governo tem usado o abatimento fiscal para ganhar apoio político antes das eleições de outubro deste ano. Vale ressaltar que a popularidade do atual presidente, Jair Bolsonaro, permanece em baixa, ainda que venha ganhando espaço nas pesquisas de intenção de voto.
Agenda do dia
- IBGE: Pnad Contínua do primeiro trimestre (9h)
- Banco Central: Conta corrente do setor externo e IDP de fevereiro e março (9h30)
- Estados Unidos: PCE e Núcleo do PCE (9h30)
- Estados Unidos: PMI de abril (10h45)
- Banco Central: Servidores do BC fazem assembleia para deliberar sobre a retomada da greve (sem horário)
Balanços do dia
Antes da abertura:
- Chevron (EUA)
- ExxonMobil (EUA)
- AstraZeneca (Reino Unido)