Esquenta dos mercados: bolsas no exterior operam em baixa após fraco balanço da Meta (Facebook) e Ibovespa deve se ajustar a novo cenário de juros pós-Copom
Permanece no radar do investidor o resultado da Amazon nesta quinta para fechar a semana de resultados das big techs
Voltamos ao ano de 2017: o clima antes da eleição de 2018 domina e as preocupações com a economia tomam conta do noticiário. Para além disso, a Selic está no patamar de 10,75% ao ano, com um tal de Banco Central em meio a um corte cada vez mais intenso dos juros.
A descrição acima poderia ser tanto de cinco anos atrás quanto do noticiário desta quinta-feira (03). O BC brasileiro elevou os juros como era esperado pelo mercado, a economia nacional deve sentir os reflexos da tomada de crédito mais cara e este ano a disputa eleitoral começa a dar as caras em cada fala dos presidenciáveis.
Mesmo com os juros mais altos, ainda existem algumas oportunidades para aproveitar a bolsa em fevereiro — o Ibovespa recuou fortemente no ano passado, o que gerou uma entrada explosiva de investidores internacionais na B3.
Mesmo com o início do dia marcado pelo otimismo, o Ibovespa encerrou o pregão da última quarta-feira (02) em queda de 1,18%, aos 111.894 pontos. Por sua vez, o dólar à vista teve leve alta de 0,07%, aos R$ 5,2763.
Os investidores devem intensificar o movimento de ajuste de carteiras, típico entre o final e início de cada mês.
No exterior, o foco vai para a reação dos investidores ao fraco balanço da Meta, antigo Facebook, que pesou nas bolsas de Nova York no aftermarket e chegou até o mercado futuro desta manhã.
A expectativa fica para o resultado do último trimestre da Amazon, ainda hoje, após o fechamento do mercado.
Por último, vale o destaque para a decisão de juros de diversos Bancos Centrais da Europa nesta quinta-feira.
Saiba o que esperar do dia e prepare-se aqui:
Pós-Copom
Assim como era esperado pelo mercado, o Banco Central mostrou suas garras contra a inflação e elevou a taxa básica de juros em 1,5 pontos base. Com isso, a Selic voltou à casa dois dígitos, a 10,75% ao ano.
Mas o comunicado após a reunião do comitê deve aliviar os investidores até a próxima reunião. O BC brasileiro deu sinais de que reduzirá o ritmo de alta da Selic no próximo encontro, ainda que os “passos futuros possam ser ajustados”, segundo a publicação.
De acordo com a última publicação do Boletim Focus, que traz as perspectivas do mercado para indicadores macroeconômicos, a Selic deve fechar o ano na casa dos 11,75%, mas algumas instituições financeiras como o Santander trabalham com os juros básicos a 12,25%.
A próxima reunião do Copom está marcada para março.
Lambendo as feridas
Com a renda fixa voltando a brilhar no ranking dos investimentos, o investidor local deve calibrar as carteiras nos próximos pregões. Veja aqui na matéria da minha colega Julia Wiltgen como ficam seus investimentos com a Selic de volta à casa dos 10%.
Na agenda local
Com a reabertura dos trabalhos do Congresso na tarde da última quarta-feira, os investidores devem acompanhar os desdobramentos da PEC dos combustíveis, que pretende reduzir o preço da gasolina para o consumidor por meio da renúncia fiscal.
A queda do gigante
A mudança de nome em meados do ano passado não foi suficiente para esconder os dados trimestrais mais fracos da Meta, antigo Facebook.
A gigante de tecnologia americana registrou lucro e receita abaixo do esperado, além do forte aumento do custo operacional e uma concorrência que não dá trégua. Dessa forma, as ações da Meta despencaram mais de 20% no after market em Nova York.
O mau humor ainda contamina a abertura desta quinta-feira, com o Nasdaq em forte queda na casa dos 2%, enquanto as demais bolsas americanas recuam com menos intensidade.
De olho nos Bancos Centrais
Se ontem o BC brasileiro foi o foco do cenário doméstico, é a vez do exterior voltar seus olhos para as demais autoridades monetárias, agora da Europa.
Hoje é dia de decisão de juros do Banco da Inglaterra (BoE, em inglês) e do Banco Central Europeu (BCE). Vale lembrar que diversos países pelo mundo têm visto a inflação crescer nos últimos meses, mas o BC brasileiro foi um dos primeiros a reagir com a alta nos juros.
Enquanto isso, a presidente do BCE, Christine Lagarde, manteve o discurso do chefe do Federal Reserve, Jerome Powell, de que a inflação seria passageira e uma reação desses BCs contra a alta nos preços pode ficar “atrás da curva”.
Gerente de compras
Finalizando o cenário externo, ainda hoje serão divulgados diversos números dos índices de gerente de compras (PMIs, em inglês), que indicam se uma atividade está em expansão ou retração.
O PMI é um indicador que varia de zero até 100, sendo que acima dos 50 pontos a atividade sob análise está em expansão e, abaixo disso, retração.
Bolsas pelo mundo
Sem os índices da China, fechados em virtude do feriado nacional do Ano Novo da Lua, as principais bolsas da região fecharam sem direção única.
Na Europa, a abertura também foi mista, de olho na divulgação de juros dos principais bancos centrais da região.
Por fim, os futuros de Nova York registram fortes quedas após o balanço decepcionante do Facebook.
Agenda do dia
- Reino Unido: Decisão de política monetária do Bank of England (BoE, em inglês) (9h)
- Zona do Euro: Decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) (9h)
- Brasil: PMI composto e de serviços em janeiro, da IHS Markit (10h)
- Zona do Euro: Presidente do BCE, Christine Lagarde, participa de coletiva (10h30)
- Estados Unidos: Pedidos de auxílio-desemprego (10h30)
- Estados Unidos: PMI composto e de serviços em janeiro, da IHS Markit (11h45)
- Estados Unidos: PMI de serviços final de janeiro, da IHS Markit (12h)
Balanços do dia
Após o fechamento:
- Amazon (Estados Unidos)
- Ford (Estados Unidos)