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Jasmine Olga
Jasmine Olga
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
pé no freio do crescimento

Balanços apontam para o fim da Era de Ouro das big techs e ações de Microsoft (MSFT34) e Alphabet (GOGL34) despencam em Nova York

Os investidores agora revisam as projeções para os próximos trimestres e anos das companhias —- e dado a forte influência das big techs nos principais índices acionários americanos, essa é uma má notícia para Wall Street.

Jasmine Olga
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26 de outubro de 2022
12:06 - atualizado às 18:14
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Imagem: PxHere

O ambiente macroeconômico desafiador, com a maior economia do mundo enfrentando uma grave desaceleração econômica enquanto o Federal Reserve tenta controlar a inflação por meio da elevação da taxa de juros, não poupou nem mesmo as maiores empresas do mundo no terceiro trimestre de 2022 — e o mercado financeiro começa a quarta-feira (26) tentando digerir a situação. 

Na noite de ontem (25), as gigantes de tecnologia Microsoft (MSFT34) e Alphabet (GOGL34), dona do Google, divulgaram os seus muito aguardados resultados, mas a clara desaceleração no crescimento das receitas e compressão de margens trazem um recado preocupante sobre o futuro, frustrando os agentes do mercado. 

O segmento de computação em nuvem foi o grande destaque de ambos os balanços, mas insuficiente para blindar os analistas da cautela. No caso do Google, a companhia apresentou o seu menor crescimento de receitas desde 2013, com a plataforma de anúncios do YouTube apresentando um recuo de 2% nos ganhos. 

Já a Microsoft apresentou algumas linhas do balanço acima do esperado, mas a inflação e a queda na venda de computadores pessoais foram os principais vilões e um recado ruim para o futuro. 

Os investidores agora revisam as projeções para os próximos trimestres e anos das companhias — e dada a forte influência das big techs nos principais índices acionários americanos, essa é uma má notícia para Wall Street. 

Com isso, as ações das companhias operam em forte queda nesta quarta. Os papéis da Alphabet fecharam hoje em queda de 9,63% (US$ 94,82), com seus BDRs negociados na B3 (GOGL34) recuando 4,04%, a R$ 42,51.

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Já a ação da Microsoft caiu 7,72% (US$ 231,32), e seus BDRs negociados na B3 (MSFT34) fecharam em baixa de 5,41%, a R$ 51,90.

A Meta Platforms, holding do Facebook, tinha a divulgação do seu resultado marcada apenas para depois do pregão, mas foi impactada pelo mau humor geral e caiu 5,59% (US$ 129,82). 

Os números que abalaram o mercado

O Google apresentou uma receita de US$ 69 bilhões no trimestre, estável na comparação trimestral e um crescimento de 6% na anual. O lucro operacional foi de US$ 17,1 bilhões, uma queda de 19% na comparação anual.

O segmento de anúncios em sua ferramenta de pesquisas (search) cresceu 4,2%, indo a US$ 39,5 bilhões — fatia que representa 57% das receitas totais, mas é 1% menor do que o apresentado nos três meses anteriores.

Já o YouTube trouxe uma grande surpresa negativa. As receitas somaram US$ 7,8 bilhões, uma queda de 2% na comparação anual, tornando a plataforma o símbolo da desaceleração do Google. 

O Google Cloud seguiu a tendência vista em outras empresas do setor e nos trimestres anteriores, apresentando uma receita de US$ 6,8 bilhões, uma alta de 37,8%, um excelente ritmo tanto na comparação anual, quanto no marginal versus o 2T22.

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, chama a atenção para a sinalização dos principais executivos da companhia de busca de maior eficiência e alocação de recursos e serviços em produtos prioritários para o crescimento da companhia. 

Para Richard Camargo, analista de ações da Empiricus, não seria surpresa caso a empresa conseguisse recuperar ganhos de margem apenas ao executar o seu plano de corte de custos — na visão do analista, o forte crescimento do quadro de funcionários da empresa (24% na comparação anual) foi um dos principais fatores para a queda de sete pontos percentuais na margem operacional.

A Microsoft também viu as suas margens serem fortemente afetadas pelo conturbado cenário econômico. 

A receita da companhia foi de US$ 50,12 bilhões, alta de 11% no comparativo anual e acima das expectativas de mercado. O lucro líquido, no entanto, foi de US$ 17,56 bilhões, uma queda de 14%. 

O segmento de computação em nuvem cresceu 35%, mas foi menor do que o visto anteriormente. Para o analista da Empiricus, o CEO Satya Nadella terá trabalho para convencer o mercado de que o pior já passou. 

Para analistas do banco de investimentos UBS, os números apresentados pelo Google — principalmente a queda de receitas de anúncios do YouTube — ajudam a calibrar melhor as expectativas para o balanço da Meta (META), que será divulgado hoje. 

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