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Jasmine Olga
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É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
TEM ESPAÇO PARA CORTE?

Apesar da pressão com governo de transição, Itaú Unibanco vê espaço para queda nos juros em 2023

Para Nicholas McCarthy, CIO do Itaú Unibanco, a queda do barril de petróleo deve deixar as expectativas de inflação controladas, e possibilidade de corte na Selic ainda existe

Jasmine Olga
Jasmine Olga
28 de novembro de 2022
15:19 - atualizado às 19:35
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Não há como negar que o primeiro mês do governo de transição foi monopolizado pela preocupação do mercado financeiro com a trajetória das contas públicas nos próximos anos — e a temperatura subiu no mercado de juros futuros. 

Desde os primeiros dias após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, o governo eleito busca espaço para acomodar parte das promessas de campanha já no orçamento de 2023 por meio de um projeto de emenda constitucional (PEC), enquanto analistas temem que a falta de uma âncora fiscal clara possa levar a um descontrole dos gastos públicos. 

A deterioração na percepção fiscal ficou clara principalmente na curva de juros. Se antes os investidores já acreditavam em um corte nas taxas nos primeiros meses de 2023, nas últimas semanas as apostas passaram a ser de uma nova alta da Selic ainda no primeiro trimestre do próximo ano, elevando a taxa básica acima da casa dos 14% a.a..

Apesar do que aponta a curva de juros, Nicholas McCarthy, CIO do Itaú Unibanco, ainda enxerga espaço para que o Banco Central realize um corte na Selic em 2023 — ainda que na segunda metade do ano. 

Em entrevista ao podcast Itaú Views, McCarthy aponta  que a possibilidade do corte existe, ainda que a inflação projetada pelo mercado cresça da faixa dos 5% para 7% e os investidores aguardem os detalhes do comportamento das contas públicas.

Apesar da confiança, o estrategista acredita que o mais provável é que a bolsa brasileira reaja apenas quando houver uma clareza maior sobre a trajetória dos juros e a possibilidade de um corte na Selic — o que pode ocorrer entre abril e maio. 

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Foco no médio prazo

A visão de que existe espaço para que os juros caiam nos próximos 18 meses, por si só, já é benéfica para a bolsa brasileira — principalmente quando olhamos para empresas de crescimento, que possuem o seu valor ancorado em expectativas futuras de receita. Mas há outras razões para se acreditar em um bom 2023. 

O CIO do Itaú Unibanco, ao lado de Thiago Macruz, chefe de research do Itaú BBA, apontam que a bolsa brasileira opera com um desconto de mais de 30% frente ao seu recorde histórico, o que ajuda o Ibovespa a superar a performance dos índices americanos no ano; esse fator também ajuda o Brasil a se destacar entre os emergentes no mercado internacional. 

Isso porque o conflito no leste europeu tirou a atratividade da bolsa russa, o novo governo chinês não inspira muita confiança e mercados como os da Índia e Arábia Saudita operam com múltiplos altos e sem grande variedade de setores. 

Apesar do crescimento em 2022, a baixa alocação de capital estrangeiro no Brasil, abaixo da média histórica, abre espaço para que o gringo siga entrando na B3 — ainda que o investidor local continue migrando para a renda fixa frente à alta dos juros. 

A queda do barril de petróleo também pode ser suficiente para evitar que os juros americanos subam acima da casa dos 5%, segurando a atratividade da bolsa. 

Os investidores, no entanto, devem ficar atentos: apesar do cenário construtivo, empresas muito alavancadas ou de crescimento devem continuar sendo pressionadas no curto prazo. 

Varejo alimentar: um setor resiliente

Diante do cenário de incertezas e da perspectiva de inflação elevada por mais algum tempo, Macruz acredita que algumas empresas de varejo alimentar podem ser boas opções para a carteira. Isso porque elas tendem a ser menos impactadas pelo cenário inflacionário caso exista uma deterioração das condições macroeconômicas. 

São os atacarejos, representados na bolsa brasileira por empresas como Atacadão (CRFB3) e Assaí (ASAI3), tradicionalmente com preços menores e mais buscados em momentos de pressão inflacionária. 

Segundo o analista, essas empresas absorvem a demanda das classes mais baixas em momentos de dificuldade e possuem histórias de crescimento interessantes — com evolução na abertura de lojas, baixos múltiplos de negociação na bolsa e se beneficiando de programas de distribuição de renda.

Além de uma proteção em caso de juros e inflação mais altos, as empresas do segmento também podem se beneficiar de um eventual corte na Selic, já que elas também têm objetivos de crescimento que podem se tornar ainda mais atrativos. 

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