Banco do Brasil, Bradesco, Itaú ou Santander? Saiba quem são os bancos favoritos na corrida dos balanços do segundo trimestre
Aumento da inadimplência deve voltar a incomodar os grandes bancos brasileiros, em meio a uma escalada do endividamento das famílias.

Se a temporada de balanços dos grandes bancos brasileiros fosse uma corrida, poderíamos dizer que os “atletas” chegam ao segundo trimestre de 2022 em condição muito parecida com o período anterior.
De acordo com analistas, a expectativa é de que a inadimplência das pessoas físicas continue sua escalada, afetando o crescimento da carteira de crédito dos bancos. Por outro lado, os juros em alta favorecem os resultados das instituições.
Em meio a esse cenário, os destaques positivos e negativos devem ser os mesmos do primeiro trimestre, com Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4) largando na frente. Enquanto isso, Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) devem tropeçar com uma piora mais acentuada da inadimplência do que os concorrentes.
Como de costume, quem inaugura a safra de balanços é o Santander, que divulga os resultados amanhã (28), antes da abertura do mercado.
Na semana que vem, o Bradesco publica o balanço no dia 4 e, na próxima semana, Itaú e Banco do Brasil divulgam os números nos dias 8 e 10, respectivamente.
Setor financeiro devolve ganhos
Depois de apresentar um repique na bolsa a partir de março, o setor financeiro na B3 já devolveu praticamente todos os ganhos no começo do segundo semestre.
Leia Também
O IFNC, índice financeiro da B3, hoje está no mesmo patamar do começo de janeiro.
Mas o desempenho dos grandes bancos na bolsa reforça a expectativa dos analistas para os números do segundo trimestre.
É possível observar no gráfico abaixo como o Banco do Brasil (BBAS3) se descolou dos demais após a publicação do primeiro balanço do ano, em maio.
Ao mesmo tempo, o Santander (SANB11) amarga desempenho bem mais fraco.

Inadimplência: a pedra no sapato dos bancos
Ainda que as ações dos grandes bancos continuem com recomendação de compra pela maior parte dos analistas, o aumento da inadimplência acendeu uma luz amarela e deve continuar sendo a principal fonte de preocupação até o final do ano.
Isso porque a alta da inflação e consequentemente dos juros estão corroendo o poder de compra dos brasileiros. Isso tem se refletido na alta constante da inadimplência, tanto das pessoas físicas quanto das micro e pequenas empresas.
De acordo com a Serasa Experian, o número de pessoas com o nome no vermelho no Brasil bateu o recorde da série histórica, chegando a 66,1 milhões. Ao mesmo tempo, a inadimplência das micro e pequenas empresas ultrapassou 5,5 milhões de empreendimentos.
A corrosão da renda dos brasileiros ficou evidente nos resultados do primeiro trimestre dos grandes bancos, com todos eles mostrando aumento das dívidas vencidas há mais de 90 dias.
E parece que a história deve se repetir no segundo trimestre. Leia a seguir o que esperar para os resultados de Santander, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.
Santander (SANB11)
- Data do balanço: 28 de julho (antes da abertura)
- Lucro projetado para o 2º tri 2022: R$ 3,963 bilhões (-4,98% ante o 2º tri de 2021)*
No que depender dos analistas, o Santander deve continuar como o papel menos recomendado para compra.
Dentre os bancões, ele foi o que mostrou piora mais acentuada da inadimplência no primeiro trimestre. As dívidas vencidas há mais de 90 dias passaram de 2,1% para 2,9% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segmentando a análise para a inadimplência de pessoa física, o ritmo de alta foi ainda mais forte. Ela chegou a 4%, retomando os níveis de março de 2020, início da pandemia.
“A inadimplência deve continuar se deteriorando, embora em ritmo mais lento do que nos trimestres anteriores, mas ainda pressionando os gastos com provisões”, disse o Bank of America (BofA).
Numa pesquisa feita com investidores, o BofA concluiu que a franca maioria dos entrevistados (78%) espera que o Santander apresente os piores resultados na comparação entre os grandes bancos.
Como se não bastasse, o Santander ainda passou por um “apagão” às vésperas da divulgação dos resultados. Todos os serviços do banco ficaram fora do ar durante praticamente toda a segunda-feira (25), do aplicativo às agências.
O banco comunicou no final daquele dia que os sistemas foram restabelecidos, mas não forneceu detalhes sobre o que provocou a queda. Esse certamente é um ponto que será abordado na teleconferência de resultados.
Bradesco (BBDC4)
- Data do balanço: 4 de agosto (após o fechamento)
- Lucro projetado para o 2º tri 2022: R$ 6,774 bilhões (+7,5% ante o 2º tri de 2021)*
O Bradesco chega à divulgação de resultados do 2T22 com expectativas de que o lucro cresça na comparação com o mesmo período do ano passado.
Mas os analistas ficaram com um pé atrás com o banco depois dos resultados do primeiro trimestre, quando a inadimplência cresceu além do esperado.
De acordo com o Goldman Sachs, o lucro deve ser impactado por uma redução da receita líquida de juros do mercado.
A tendência de piora no índices de calotes deve continuar, puxada principalmente pelos clientes pessoa física.
Por atender mais o varejo, o Bradesco costuma ter maiores dificuldades em lidar com os impactos de inflação e juros altos, assim como o Santander.
Por outro lado, qualquer surpresa para melhor nos números do segundo maior privado brasileiro deve impulsionar as ações BBDC4, que ficaram para trás nos últimos meses.
Depois dos resultados do primeiro trimestre, o placar dos analistas que cobrem o Bradesco passou de 17 para 15 recomendações de compra para as suas ações. Mesmo assim, ele continua sendo o banco preferido dos analistas.
Itaú Unibanco (ITUB4)
- Data do balanço: 8 de agosto (após o fechamento)
- Lucro projetado para o 2º tri 2022: R$ 7,377 bilhões (+13% ante o 2º tri de 2021)*
Depois de registrar um balanço que empolgou os analistas no começo do ano, o Itaú deve mostrar números ainda mais robustos no segundo trimestre comparado com o mesmo período do ano passado, de acordo com o consenso da Bloomberg.
Os analistas continuam otimistas, inclusive, com as outras linhas dos resultados. Isso porque o Itaú mostra uma resiliência maior que concorrentes como Bradesco e Santander
Já é esperado que haja uma deterioração da inadimplência total, mas nada muito dramático, da mesma forma que aconteceu no período anterior.
Para o JP Morgan, ao lado do Banco do Brasil, o Itaú tem potencial para apresentar tendências de melhoria na qualidade dos ativos.
De acordo com o consenso da Bloomberg, o Itaú conta com 14 recomendações de compra para as ações, seis de manutenção e apenas uma de venda.
Banco do Brasil (BBAS4)
- Data do balanço: 10 de agosto (depois do fechamento)
- Lucro projetado para o 2º tri 2022: R$ 6,203 bilhões (+23% ante o 2º tri de 2021)*
O resultado surpreendente do primeiro trimestre empolgou os analistas que acompanham o Banco do Brasil, que estimam aumento de mais de 20% no lucro registrado entre abril e junho.
Apesar de ter obtido lucro recorde no trimestre passado, o Banco do Brasil não revisou as projeções (guidance) para o ano. Mas a expectativa dos analistas é de que isso aconteça agora.
Claro, isso se o segundo trimestre confirmar que o resultado entre janeiro e março é uma tendência e não algo pontual.
“O Banco do Brasil, dada sua significativa exposição ao agronegócio e crédito consignado, deve reportar um aumento de inadimplência menor do que seus pares, de acordo com nossas estimativas”, escreveram analistas do banco de investimentos do Santander.
Leia também:
Em busca de proteção: Ibovespa tenta aproveitar melhora das bolsas internacionais na véspera do ‘Dia D’ de Donald Trump
Depois de terminar março entre os melhores investimentos do mês, Ibovespa se prepara para nova rodada da guerra comercial de Trump
Tarifaço de Trump aciona modo cautela e faz do ouro um dos melhores investimentos de março; IFIX e Ibovespa fecham o pódio
Mudanças nos Estados Unidos também impulsionam a renda variável brasileira, com estrangeiros voltando a olhar para os mercados emergentes em meio às incertezas na terra do Tio Sam
Trump Media estreia na NYSE Texas, mas nova bolsa ainda deve enfrentar desafios para se consolidar no estado
Analistas da Bloomberg veem o movimento da empresa de mídia de Donald Trump mais como simbólico do que prático, já que ela vai seguir com sua listagem primária na Nasdaq
Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan
O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
Agenda econômica: Payroll, balança comercial e PMIs globais marcam a semana de despedida da temporada de balanços
Com o fim de março, a temporada de balanços se despede, e o início de abril chama atenção do mercado brasileiro para o relatório de emprego dos EUA, além do IGP-DI, do IPC-Fipe e de diversos outros indicadores
Impasse no setor bancário: Banco Central deve barrar compra do Banco Master pelo BRB
Negócio avaliado em R$ 2 bilhões é visto como ‘salvação’ do Banco Master. Ativos problemáticos, no entanto, são entraves para a venda.
Nubank (ROXO34): Safra aponta alta da inadimplência no roxinho neste ano; entenda o que pode estar por trás disso
Uma possível explicação, segundo o Safra, é uma nova regra do Banco Central que entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano.
Banco de Brasília (BRB) acerta a compra do Banco Master em negócio avaliado em R$ 2 bilhões
Se o valor for confirmado, essa é uma das maiores aquisições dos últimos tempos no Brasil; a compra deve ser formalizada nos próximos dias
O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital
O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita
Após virar pó na bolsa, Dotz (DOTZ3) tem balanço positivo com aposta em outra frente — e CEO quer convencer o mercado de que a virada chegou
Criada em 2000 e com capital aberto desde 2021, empresa que começou com programa de fidelidade vem apostando em produtos financeiros para se levantar, após tombo de 97% no valuation
Tarifas de Trump derrubam montadoras mundo afora — Tesla se dá bem e ações sobem mais de 3%
O presidente norte-americano anunciou taxas de 25% sobre todos os carros importados pelos EUA; entenda os motivos que fazem os papéis de companhias na América do Norte, na Europa e na Ásia recuarem hoje
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço
Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre
Em reviravolta, ações da CVC (CVCB3) deixam a ponta negativa do Ibovespa e chegam a subir 6%. Afinal, o resultado do 4T24 é positivo ou negativo?
A empresa saiu das maiores quedas do Ibovespa para as maiores altas, com o mercado avaliando se os pontos negativos foram maiores do que os positivos; saiba o que fazer com as ações agora
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Um café e a conta: o que abertura do Blue Box Café da Tiffany em São Paulo diz sobre o novo mercado de luxo
O café pop-up abre hoje (27) e fica até o dia 30 de abril; joalheria segue tendência mundial de outras companhias de luxo