Campos Neto publica carta e não vê culpa nenhuma do BC no estouro da meta de inflação
Quem ler o documento de 15 páginas divulgado nesta terça-feira não vai encontrar nenhum “mea culpa” do BC, responsável pelo controle da inflação
O problema não sou eu, é você. Esse poderia ser um resumo da carta publicada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para justificar o estouro da meta de inflação em 2021.
O IPCA, índice usado no sistema de metas, encerrou o ano em 10,06%, muito acima do objetivo do BC, que precisava entregar uma inflação de 3,75%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Mas quem ler o documento de 15 páginas divulgado nesta terça-feira não vai encontrar nenhum "mea culpa" do BC, responsável pelo controle da inflação.
De acordo com a carta publicada do Banco Central, foram três os principais fatores que levaram o IPCA de 2021 a ultrapassar a meta:
- Forte elevação dos preços de bens transacionáveis em moeda local, em especial os preços de commodities;
- Bandeira de energia elétrica de escassez hídrica;
- Desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos, e gargalos nas cadeias produtivas globais.
Campos Neto também destaca na carta, e com razão, que a escalada da inflação foi um fenômeno global e atingiu a maioria dos países avançados e emergentes.
Aliás, o BC atribui à "inflação importada" o principal fator para o estouro de desvio de 6,31 pontos percentuais da meta no ano passado.
Leia Também
Mas também tivemos 1,21 ponto percentual desse estouro que veio como inércia de 2020, quando o IPCA já veio acima da meta, embora dentro do intervalo de tolerância do BC.
O polêmico forward guidance do BC
Para uma parte do mercado, o BC errou na estratégia de controle de preços ao reduzir demais a Selic no auge da crise da covid-19, quando os juros foram à mínima de 2% ao ano.
Além de baixar os juros, o Banco Central ainda adotou o polêmico forward guidance, uma sinalização ao mercado de que os juros permaneceriam baixos por um longo período.
Na carta endereçada ao ministro Paulo Guedes, que também é presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), o BC detalha as ações durante a pandemia, incluindo o forward guidance, adotado em agosto de 2020.
O problema é que, logo após a sinalização do BC de que não subiria os juros, a inflação começou a mostrar as suas garras e fechou 2020 em 4,52% — já acima da meta de 4%.
“As surpresas ensejaram uma mudança na comunicação do Copom, que culminou com o início de ciclo de aperto monetário no primeiro trimestre de 2021”, justifica o presidente do BC, no momento da carta mais próximo a uma admissão de responsabilidade.
O BC pode ter demorado para agir, mas ninguém pode dizer que não foi efetivo quando começou a subir os juros, que saíram de 2% no início de 2021 para 9,25% em dezembro.
Esse foi um dos maiores ciclos de alta de juros desde o início do regime de metas, mas não foi o suficiente para segurar a inflação.
O que a carta do BC diz sobre 2022
O presidente do Banco Central afirma na carta que tem tomado as devidas providências para que a inflação atinja as metas estabelecidas pelo CMN neste ano, que é de 3,50%.
Pelas projeções atuais do BC, o IPCA deve atingir 4,7% neste ano, o que representa uma queda de 5,4 pontos em relação a 2021. Se a estimativa se concretizar, Campos Neto não precisará mandar uma nova carta, já que a inflação ficará dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Ao destacar os riscos para a inflação, o BC devolve a bola para o Ministério da Economia, ao destacar a piora nas condições fiscais. “Questionamentos em relação ao futuro do arcabouço fiscal resultam em aumento dos prêmios de risco e elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação.”
Leia também:
- Inflação e investimentos: 7 fatos sobre a inflação medida pelo IPCA em 2021 que você precisa saber
- Selic decola a 9,25%, maior patamar em quatro anos; BC assume tom duro e indica nova alta de 1,5 ponto em fevereiro
- Powell manda novo recado aos investidores sobre aperto monetário nos Estados Unidos; saiba o que o chefe do Fed falou e por que isso importa
Azeite a peso de ouro: maior produtora do mundo diz que preços vão cair; saiba quando isso vai acontecer e quanto pode custar
A escassez de azeite de oliva, um alimento básico da dieta mediterrânea, empurrou o setor para o modo de crise, alimentou temores de insegurança alimentar e até mesmo provocou um aumento da criminalidade em supermercados na Europa
Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos
Por lá, a taxa seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal — essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar desde novembro de 2021
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira
O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades
7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa
Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA
Selic sobe para 11,25% ao ano e analista aponta 8 ações para buscar lucros de até 87,5% ‘sem bancar o herói’
Analista aponta ações de qualidade, com resultados robustos e baixo nível de endividamento que ainda podem surpreender investidores com valorizações de até 87,5% mais dividendos
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento
Com Trump pedindo passagem, Fed reduz calibre do corte de juros para 0,25 pp — e Powell responde o que fará sob novo governo
A decisão acontece logo depois que o republicano, crítico ferrenho do banco central norte-americano, conseguiu uma vitória acachapante nas eleições norte-americanas — e na esteira de dados distorcidos do mercado de trabalho por furacões e greves
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Trump vai fazer os juros caírem na marra? Fed deve cortar a taxa hoje, mas vai precisar equilibrar pratos com a volta do republicano à Casa Branca
Futuro de Jerome Powell à frente do BC norte-americano está em jogo com o novo governo, por isso, ele deve enfrentar uma enxurrada de perguntas sobre a eleição na coletiva desta quinta-feira (7)