O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou nesta sexta-feira (19) a primeira parcial de doadores de campanhas.
Já no início da disputa, grandes empresários aparecem destinando R$ 5,8 milhões principalmente para candidaturas de direita e centro-direita.
De onde veio a bolada?
A maior doação, até agora, é do ex-secretário de desestatização do governo Jair Bolsonaro (PL) e dono da empresa locação de carros Localiza, Salim Mattar.
Ele destinou R$ 2,75 milhões para doações, dos quais a maior parte foi direcionada aos candidatos do partido Novo.
Mattar deixou sua Secretaria vinculada ao Ministério da Economia, chefiado por seu aliado Paulo Guedes, sob acusações de que o governo abandonou a agenda de privatização em busca da reeleição de Bolsonaro.
Agora distante do Executivo, o empresário doou para apenas um candidato do PL, partido pelo qual o presidente disputa a reeleição.
O beneficiário foi o candidato a deputado estadual por Minas Gerais Bernardo Bartolomeo Moreira.
Para onde foi o dinheiro?
O restante do montante milionário doado por outros empresários foi destinado a 14 candidatos do Novo, um do Podemos e um do União Brasil.
Sete candidatos estão entre os principais beneficiários, todos do Novo, com o recebimento de R$ 250 mil cada.
Figuram na lista nomes já conhecidos do campo liberal como o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) e o vereador paulistano Fernando Holiday (Novo-SP).
Mas também despontam nomes como Marina Helena Cunha Pereira Santos, que chegou a ser registrada como candidata à vice-prefeita de São Paulo na chapa de Felipe Sabará pelo Novo.
Doações altas para intenções de voto modestas
O segundo maior doador, segundo a primeira parcial do TSE, é o empresário Heitor Linden, que destinou R$ 2 milhões a uma única candidatura: a de Roberto Argenta (PSC), que concorre ao governo do Rio Grande do Sul.
Argenta recebeu outros R$ 1,1 milhão do empresário Alexandre Grendene Bartelle, que assim como Linden atua no ramo de calçados.
Apesar dos recursos milionários, Argenta figura com apenas 2% das intenções de votos na pesquisa Ipec mais recente realizada no Estado.
Completa a lista dos maiores doadores o também empresário e agropecuarista Emival Ramos Caiado Filho, que destinou R$ 600 mil para três candidatos do União Brasil.
Apesar de ter raízes em Goiás – e ser primo do governador do Estado, Ronaldo Caido (UB) – Emival optou por investir em campanhas de candidatos pernambucanos.
Foram agraciados os candidatos a deputado estadual Antonio de Souza Leão Coelho, a deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho – filho do ex-líder do governo Bolsonaro no Senado, que tem o mesmo nome -, e o candidato a governador Miguel de Souza Leão Coelho, que levou R$ 250 mil para abastecer a campanha.
O conto do liberal e do esquerdista
No top cinco de maiores doadores aparece ainda o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que destinou R$ 760 mil a doze candidaturas.
O economista repassou R$ 200 mil ao candidato a governador do Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PSB).
Fraga é historicamente ligado a setores mais liberais, tendo sido indicado BC durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso.
Já Freixo é um candidato mais associado à esquerda. Além de Freixo, foram beneficiados pelas doações de Fraga cinco deputados do PSD, dois do União Brasil, outros dois do PSB, um do Novo e um do Cidadania.
Novas regras
Na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), o principal doador até o momento foi o agropecuarista Ronaldo Venceslau Rodrigues da Cunha.
A reforma eleitoral de 2015 proibiu o financiamento de campanhas por empresas privadas. Agora, somente pessoas físicas podem doar para os candidatos de sua preferência.
Desde então, o principal meio de financiar as candidaturas se tornou o Fundo Eleitoral, que superou os R$ 4 bilhões nas eleições deste ano.
Fonte: Estadão Conteúdo