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Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores
Renda fixa vive

Com lambança fiscal do Auxílio Brasil, taxa dos títulos do Tesouro Direto já rende quase 1% ao mês

Quem investir hoje no título do Tesouro Direto prefixado com vencimento em 2031 leva para casa um retorno de 12,10% ao ano, o equivalente a 0,9563% ao mês

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
21 de outubro de 2021
11:13 - atualizado às 13:06
Estátua do ministro Paulo Guedes na sede do TC - Traders Club
Estátua do ex-ministro Paulo Guedes na sede do TC - Traders Club - Imagem: Reprodução Twitter

Estava com saudades do retorno de 1% ao mês proporcionado pelo governo? Pois a verdadeira lambança fiscal provocada pelo anúncio do benefício de R$ 400 do Auxílio Brasil furando o teto de gastos levou a uma disparada nos juros dos títulos públicos, incluindo aqueles que você pode investir no Tesouro Direto.

A taxa do título do Tesouro prefixado com vencimento em 2031 saltou de 11,08% no fechamento de segunda-feira para 12,10% na manhã desta quinta-feira.

Ou seja, quem investir nesse título hoje leva para casa um retorno equivalente a 0,9563% ao mês — com a regra dos juros compostos, não basta dividir 12% por 12 meses — e com direito a um rendimento caindo na conta a cada seis meses.

O problema é conseguir investir, já que o sistema do Tesouro Direto estava indisponível, com negociação apenas dos títulos atrelados à taxa básica de juros (Tesouro Selic).

A alta das taxas pode ser uma boa notícia para quem investe em renda fixa, mas é um péssimo sinal para o país e mostra a perda da credibilidade do governo. Mas afinal, por que o risco fiscal mexe com as taxas dos títulos do Tesouro Direto?

O receio dos investidores é o de que a falta de compromisso com o teto de gastos — que proíbe o crescimento das despesas além da inflação — leve a um descontrole fiscal.

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É por isso que o mercado exige taxas maiores para comprar os títulos públicos. E o governo não tem muito o que fazer, já que opera com déficit nas contas desde 2014 e precisa do dinheiro dos investidores para arcar com as despesas, incluindo o novo programa social que vai substituir o Bolsa Família.

A "pá de cal" no teto e que levou os títulos do Tesouro Direto de volta aos 12% aconteceu ontem à noite, quando o ministro Paulo Guedes reconheceu que o governo pedirá uma "licença para gastar" R$ 30 bilhões fora do limite para bancar o Auxílio Fiscal de R$ 400.

Tesouro Direto prefixado: retorno bom, mas arriscado

Do ponto de vista do investidor, conseguir um retorno de quase 1% ao mês no Tesouro Prefixado pelos próximos 10 anos e com risco praticamente zero de calote é sedutor. Hoje já é possível obter ganhos semelhantes ou até maiores com títulos privados. Mas eles embutem o risco de o emissor dos papéis não honrar o compromisso.

No caso do Tesouro Direto, a chance de o investidor não ter o dinheiro de volta com o rendimento prometido é mínima, já que, no limite, o governo pode imprimir dinheiro para pagar.

Então, qual é o risco de se investir no Tesouro Prefixado? Como diz o nome, a taxa desse título público é definida no momento da compra e não muda mais.

Isso significa que, se os juros no Brasil subirem além dos 12% e permanecerem nesse patamar, quem investiu nos títulos prefixados do Tesouro Direto vai acabar perdendo dinheiro — ou ganhar menos do que poderia.

Outro lembrete importante é que o rendimento dos títulos do Tesouro Direto só é garantido no vencimento. Ou seja, se você precisar resgatar o dinheiro antes, terá que aceitar a taxa que está sendo negociada no momento da venda.

Quanto maior for a taxa, pior. Mas você também pode ganhar dinheiro se o mercado passar a exigir menos juros pelos títulos públicos. Saiba mais sobre a chamada "marcação a mercado" nesta matéria.

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