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Jasmine Olga
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É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
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As ações favoritas para começar o ano, segundo 14 corretoras

Os analistas apostam que 2021 deve ser um ano forte para as empresas produtoras de commodities. Confira as principais recomendações dos analistas para o mês de janeiro

Jasmine Olga
Jasmine Olga
7 de janeiro de 2021
5:13 - atualizado às 16:43
Ações do mês | ação Klabin KLBN11
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Como você mede a passagem do tempo? Essa é a grande pergunta da música 'Seasons of Love', do musical Rent, um dos meus favoritos de todos os tempos — mesmo que a versão cinematográfica não seja lá uma obra-prima e nem faça jus ao original da Broadway.

Quase que como uma tradição pessoal, essa música fica sempre colada comigo nos primeiros dias do ano. "How do you measure? Measure a year?/ In daylights/In sunsets/In midnights/In cups of coffee/In inchs, in laughter, in strife/ In five hundred twenty five thousand six hundred minutes".

(Como você mede? Mede um ano?/ Em dias?/ Em pores do sol?/Em meia-noites?/Em copos de café?/Em centímetros?/ Em milhas?/Em risos?/Em lutas? Em quinhentos e vinte e cinco mil e seiscentos minutos)

Deve ser pelo sentimento de renovação, mas acho também que é pela lembrança que a passagem do tempo pode ser medida para além do calendário. Escolhi começar a primeiro texto de 2021 assim pois além de ser uma boa forma de desejar um bom ano para você que nos acompanha, também abre uma brecha para que eu compartilhe uma curiosidade.

Você pode medir o ano pelos seus 525 mil e 600 minutos (e eu só sei desse número por causa da música), pela rentabilidade da sua carteira de ações ou porque chegou a hora de trocar a folhinha do calendário que fica na sua mesa... Já eu sempre percebo que mais um mês chegou ao fim quando é hora de consultar as principais corretoras e bancos do país para saber quais as recomendações para o período que está prestes a começar.

Depois de 12 edições das Ações do Mês, cá estamos nós novamente... É hora de dar a largada em 2021 — e o melhor é que seja com bons insights de investimentos. E temos novidades por aqui.

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Um novo ciclo 

A esta altura, você já deve ter cruzado com diversas projeções e perspectivas para o ano que acabou de começar, tão tradicionais neste período. Aqui no Seu Dinheiro, preparamos uma série especial de reportagens de Onde Investir em 2021, que você pode conferir clicando aqui.

Tudo isso pode parecer um tanto clichê, mas o que se espera dos próximos meses é o início de um novo ciclo.

Em sua coluna semanal aqui do SD, o Matheus Spiess tem falado bastante sobre o que pode ser um novo ciclo de alta para os preços das commodities e como os mercados emergentes podem se beneficiar desse novo bull market.

Ele não é o único que vê esse cenário, é claro. Para gestores, as ações ligadas ao segmento devem brilhar em 2021 na bolsa brasileira, de olho na recuperação da economia pós-pandemia e nos massivos investimentos em infraestrutura, principalmente na China.

Os analistas que enviaram as suas recomendações para as Ações do Mês também ressaltaram esse novo ciclo que deve ser benéfico para as empresas produtoras. E isso se reflete nas principais indicações das corretoras para o mês de janeiro.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) ficaram no topo das preferências com seis indicações, após ficarem mais de um ano longe do topo. Logo em seguida temos a Vale (VALE3), com quatro recomendações. 

Como de costume, também é importante destacar as ações que tiveram mais de uma menção no top 3 das corretores. Neste mês, este é o caso do Bradesco (BBDC4), Eztec (EZTC3), B3 (B3SA3), SLC Agrícola (SLCE3), Suzano (SUZB3), Weg (WEGE3), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santos Brasil (STBP3) — cada uma com duas indicações.

Entendendo a Ação do Mês: todos os meses o Seu Dinheiro Premium consulta as principais corretoras do país para descobrir quais são as principais apostas para o período. Dentro das carteiras recomendadas, normalmente com até 10 ações, os analistas indicam as suas três prediletas. Com o ranking nas mãos, selecionamos as que contaram com pelo menos duas indicações.

Confira na tabela abaixo todas as indicações para o mês de janeiro. 

De volta ao topo?

As coisas mudam muito rapidamente: na vida e no mercado financeiro. Quando eu assumi a cobertura das Ações do Mês, lá em 2019, a grande queridinha dos analistas era a Petrobras. Mês sim e outro também era certeza que a petroleira estaria na lista das três mais indicadas, na maior parte do tempo ocupando o topo do ranking.

Mas a crise bateu na porta da Petrobras antes mesmo de o coronavírus dar as caras. Se você acompanha o mercado há pelo menos um ano deve se lembrar que 2020 começou com um grande choque para o mercado de petróleo.

Os valores do barril despencaram, mas ainda estavam longe do fundo do poço, que veio com a queda da demanda global causada pela pandemia. Um dos eventos mais adversos e inesperados de 2020, inclusive, foi a cotação negativa da commodity.

Ainda no ano passado, com a recuperação do valor do petróleo e mesmo diante de um cenário incerto trazido pelo coronavírus, a Petrobras mostrou força e resiliência. Por isso, a estatal voltou a pintar por aqui entre as mais indicadas, não com a mesma força do ano anterior, mas ainda como uma alternativa segura para tempos de crise.

Mas agora, a ação da Petrobras está de volta ao topo. A petroleira apontada por seis corretoras: Ágora Investimentos, Ativa Investimentos, Planner Corretora, Guide Investimentos, Mirae Asset e Terra Investimentos.

Além dos fundamentos de longo prazo que sustentam o otimismo, e que iremos falar mais para frente, uma novidade recente deve movimentar o preço dos papéis da companhia (e do barril de petróleo, que já mostrava sinais de recuperação e se encontra em níveis pré-pandemia). 

Diante da economia global que ainda patina, uma segunda onda de coronavírus que promete causar novos estragos econômicos e uma baixa demanda que persiste, a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) decidiu aumentar o corte na produção de petróleo.

Segundo o comunicado da organização, a Arábia Saudita, uma das maiores produtoras da commodity, irá reduzir a sua produção em 1 milhão de barris por dia entre fevereiro e março. Já a Rússia e o Cazaquistão irão aumentar a produção em 75 mil bpd. Assim, a medida tomada pela Arábia Saudita tem um teor preventivo. 

Os analistas, no entanto, entendem que a situação da demanda deve mudar em breve. Tanto é que as indicações foram feitas antes mesmo do anúncio da Opep+. A expectativa é que a recuperação econômica volte a aquecer a demanda por combustíveis. A Ativa cita que a grande compra de passagens aéreas durante a Black Friday, por exemplo, pode ser um desses motores para o aquecimento interno. 

Essa retomada na demanda interna por derivados já começou no 3º trimestre, com a alta no volume de vendas. Sobre a estratégia da companhia, a Mirae Asset ressalta que, mesmo com a melhora no cenário local, a Petrobras manteve as exportações em patamar elevado e isso, aliado ao aumento de 48% no preço do Brent, utilizado como referência pela companhia e a absorção da demanda chinesa, impactou diretamente a receita.

Falando agora em perspectivas de médio e longo prazo, o que se espera é uma mudança ‘completa’, como descreveu a Mirae Asset. As corretoras destacam os planos da gestão de aumentar a eficiência e retomar com força o processo de desinvestimentos. A empresa tem reposicionado o seu portfólio com ativos de maior rentabilidade, com foco na desalavancagem financeira.

Faz parte do plano estratégico também reduzir os custos de extração e uma maior participação no pré-sal. A companhia ainda celebrou recentemente um acordo de fornecimento de Nafta e de eteno e propano para a Braskem até 2025.

Mesmo com a recuperação dos últimos meses, a avaliação é que os papéis da estatal estão muito descontados e são uma boa pedida para aqueles que buscam um posicionamento de longo prazo, já que essas melhorias previstas ainda não estão embutidas no preço atual. 

No mesmo pique de 2020

No mês passado, quando fiz uma breve retrospectiva sobre as indicações feitas durante o ano de 2020, a Vale teve lugar de honra. Isso porque a mineradora esteve entre as ações mais indicadas pelos analistas do mercado em todos os meses do ano. Quem seguiu as recomendações dos analistas na Ação do Mês e manteve os papéis da mineradora o ano todo obteve um retorno de 70%.

E, aparentemente, a situação deve seguir a mesma durante 2021. Neste mês, os papéis da mineradora foram indicados por quatro corretoras — Banco Santander, CM Capital, Necton e Mirae Asset. As razões para otimismo são as mesmas que a levaram a recuperar a sua ‘reputação’ no mercado durante 2020.

Mesmo em um ano complicado, a Vale recuperou seus níveis de produção pré-Brumadinho e contou com um empurrãozinho da alta do minério de ferro, que hoje se encontra no patamar dos US$ 167, para engordar as suas cifras de receitas. Essa valorização é sustentada pela soma de uma queda de produção das maiores mineradoras do mundo e a demanda pela commodity na retomada, principalmente na China. 

Além disso, temos também uma confiança renovada na gestão da companhia, que tem dedicado os seus esforços para a redução de custos e uma maior eficiência, e parece estar alcançando bons resultados que empolgam o mercado. 

Pensando nessa maior eficiência, a Vale anunciou recentemente a venda de sua usina na Nova Caledônia. Segundo a Necton, a operação deve estancar o dispêndio em aportes de caixa em uma operação que nunca gerou fluxo positivo. “Com a venda deste ativo a companhia passa a manter maior foco nas operações mais rentáveis, reduzindo a participação  das vendas de níquel e cobalto no mix de produtos”.

Para 2021, a companhia espera uma produção de 315 milhões a 335 milhões de toneladas. A aprovação do projeto Serra Sul 120, que deve adicionar milhões de toneladas de alta qualidade à produção e um menor custo operacional e a retomada das operações da Samarco deve impulsionar esse número. A Samarco, aliás, para evitar novos acidentes e se enquadrar melhor nas práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança), contará com novos processos de disposição de rejeitos. 

Após os acidentes dos últimos anos, a Vale tem revisado os seus protocolos e modelos, para aumentar a segurança, a transparência e ter um impacto mais sustentável no meio ambiente.

Recentemente, esse aspecto da companhia voltou a ser testado. Um acidente soterrou um funcionário após um talude ceder perto da barragem da mineradora em Brumadinho. A mineradora chegou a ter o seu alvará de funcionamento suspenso por sete dias no município. 

Outro ponto que faz a Vale se manter entre as favoritas do mercado é a retomada da sua política de pagamentos de dividendos. Devido à forte geração de caixa da companhia, a expectativa é de que a empresa se torne uma das melhores pagadoras da bolsa brasileira. 

Retrospectiva

O mês de dezembro foi bem positivo para a bolsa brasileira, que não só renovou as suas máximas intraday seguidas vezes, mas como também terminou 2020 no azul, com alta de 3%. Só na última semana do ano, o Ibovespa subiu mais de 1%. Se você me perguntasse se isso seria possível lá no auge da crise do coronavírus, eu certamente diria que não… 

As três ações mais recomendadas pelos analistas no mês passado — Itaú, Vale e Bradesco — tiveram um bom desempenho para fechar o ano, todas subindo mais de 9%. O Itaú teve uma valorização de 9,03%, a Vale de 9,54% e o Bradesco saiu na frente, subindo 10,92%. 

Confira nesta matéria do Felipe Saturnino um resumo completo do que movimentou a bolsa brasileira em 2020.

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