Paulo Guedes fazendo as malas? Ministro pede ‘licença para gastar’ e dá indícios de que a economia pode desabar; saiba como proteger seus investimentos
Já não bastava pibinho, inflação e dólar a quase R$ 6: o teto de gastos, uma das últimas âncoras do Brasil, está prestes a ruir – e isso pode ser uma catástrofe para seu patrimônio
O carrossel de emoções e quedas bruscas proporcionado pelo Ibovespa nos últimos dias é digno de um filme de ação protagonizado pelo agente secreto inglês James Bond. Invejando a “licença para matar” do 007, o ministro Paulo Guedes pediu “licença para gastar” além do teto de gastos, último bastião fiscal do país. Depois de uma debandada de seus aliados no Ministério, agora é o próprio Guedes que está na berlinda. Os boatos já dizem que, inclusive, pediu demissão.
Nada poderia ser mais claro: é hora de proteger seu patrimônio do risco-Brasil. Antes de continuarmos, neste link você encontra boas sugestões de investimentos em moeda-forte e reservas de valor.
O grande problema de o chefe do cofre do país sair gastando o que pode e o que não pode é que isso pode provocar um colapso na já frágil economia brasileira. E isso se reflete tanto na vida da população como nos seus investimentos. Observe o gráfico abaixo:
Elaborado pelo jornal Financial Times, ele mostra o desempenho dos principais índices de mercado do planeta no pregão da última terça-feira, dia 19. Como é possível perceber, o Brasil foi o único país que apresentou uma grave perda no valor de seus ativos. O Ibovespa desabou de 114 mil para 110 mil pontos, mesmo diante de um cenário internacional extremamente favorável, com altas nos EUA, na China e na Europa.
Só que a queda não parou por aí. Nesta quinta-feira, após o ministro pedir “licença para gastar”, referindo-se à possibilidade de furar o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil, o Ibovespa baixou mais uma vez a 107 mil pontos (no momento desta publicação, já estávamos na casa dos 106 mil).
O dólar, por sua vez, já é negociado a R$ 5,70 – e tem muito analista prevendo chegar a R$ 6 em breve. E, com a saída de importantes figuras do ministério da Economia, ainda pode rolar muita coisa...
Isso tudo num contexto de inflação a 10% a.a., com preços exorbitantes no supermercado e no posto de gasolina, perspectivas fracas para o crescimento do PIB e desemprego nas alturas.
Por isso, é mais importante do que nunca que, neste momento, o investidor, se não fugir totalmente do Brasil, ao menos dilua o risco de deixar seu dinheiro em ativos sujeitos à oscilação da nossa política instável e populista e de nossa moeda emergente.
A corretora Vitreo, plataforma de investimentos que mais cresce no país, disponibiliza produtos que atuam como um verdadeiro escudo para momentos de crise. São ativos atrelados a moedas fortes (dólar, euro, libra e franco suíço), metais preciosos (ouro e prata) e colchões de liquidez (para momentos de emergência).
Por que a ruptura do teto de gastos é tão grave?
O teto de gastos é um mecanismo criado no governo Temer para evitar que o país se endivide demais. Basicamente, ele permite que os gastos que entram no teto não aumentem acima da inflação do ano corrente.
Ele foi estabelecido em um momento de crise e descontrole econômico do Brasil, após o impeachment de Dilma Rousseff. À época, foi muito criticado por conta da austeridade que impunha ao orçamento, mas também elogiado, já que estabelecia um controle fiscal, o que possibilitava mais investimentos e maior crescimento para o país.
A população mais pobre passa, de fato, por um momento muito grave – e precisa de políticas para sobreviver à crise. O problema é a maneira como isso vem sendo feito.
Romper o teto de gastos (seja passando por cima, seja encontrando maneiras de usar a contabilidade criativa) indica que o governo vai gastar mais do que pode. Para fechar essa conta, o Estado pode dispor, basicamente, de três dispositivos – e todos eles prejudicam a economia nacional.
Aumentar a arrecadação via impostos
Quando você gasta mais do que ganha e não reduz as despesas, a solução mais apropriada é ampliar sua fonte de renda. Um trabalhador comum tenta fazer isso com um “bico” ou algo do tipo. Como o governo não trabalha, a única maneira de ele arrecadar mais é cobrando mais impostos da população.
Essa medida, além de prejudicar a qualidade de vida dos brasileiros, desestimula a atividade econômica e afugenta investimentos do país, o que pode ser um tiro no pé, já que uma menor atividade vai resultar em uma arrecadação mais fraca.
Usar a inflação como um “imposto informal”
Uma frase comum no mercado financeiro é a de que a inflação é um tributo que não precisa ser aprovado pelo Legislativo. Quando o governo apresenta um déficit em reais e não consegue cobri-lo, uma solução simplória é emitir mais reais para tapar esse buraco. Como o aumento da oferta não é acompanhado de um crescimento da economia, o valor da moeda brasileira tende a despencar, gerando inflação – e fazendo seu dinheiro perder poder de compra.
Essa solução precisa da conivência do Banco Central, que, em tese, agora tem independência em relação ao governo. Com o país já vem registrando alta de preços na casa dos dois dígitos, uma medida como essa poderia iniciar uma escalada de hiperinflação, desestabilizando completamente a economia nacional.
Embora cada situação tenha suas peculiaridades, foi o que aconteceu com Venezuela e Argentina.
Contrair mais dívida e aumentar a taxa de juros
A solução menos recomendada para quando você fecha o mês no vermelho é contrair dívidas, como entrar no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito – e ficar vítima dos juros cobrados sobre ele. Pois bem, o governo também pode fazer isso.
O meio mais tradicional é a emissão de títulos da dívida pública pelo Tesouro Nacional. Esses títulos são vendidos a investidores institucionais e a pessoas físicas (por meio do Tesouro Direto). Acontece que, em uma situação econômica e fiscal deteriorada, ninguém vai querer emprestar para o Brasil a baixo custo. Em outras palavras, o governo precisaria subir as taxas de juros.
A Selic, que chegou ao patamar de 2% a.a., já está em 6,25 % e numa forte escalada rumo aos dois dígitos. Há títulos do Tesouro que já oferecem retornos de 12% a.a., quase 1% ao mês, o que lembra a época em que o Brasil era chamado de “o paraíso dos rentistas”.
Embora seja algo aparentemente bom para quem investe em renda fixa, um super endividamento do governo aumenta muito o risco de calote. Além disso, os juros altos desestimulam a tomada de crédito e desaceleram a atividade econômica, o que pode provocar uma deterioração geral do quadro financeiro nacional.
Sem falar que os direitos de um comprador de um título do Tesouro estão em reais, o que pode virar pó em caso de desvalorização extrema da moeda.
Ibovespa está barato, mas e daí? Entenda por que as ações nacionais despencam com o quadro atual
Com a queda do Ibovespa, as ações nacionais estão cada vez mais baratas. O múltiplo P/L entre o preço e o lucro das empresas listadas, que chegou a 22,46 no início do ano, está em 6,16 agora. Isso significa que, para comprar R$ 1 de fluxo de caixa na bolsa, o investidor precisa de apenas R$ 6,16, o que é muito baixo se comparado com o mercado mundial.
Em tese, isso indica um grande potencial de valorização. Mas e daí? Quem disse que o mercado sempre obedece a fundamentos? Em alguns casos, mesmo que a atividade das empresas não tenha sofrido impacto, o cenário externo é crucial para determinar o preço das ações.
Em primeiro lugar, todo ruído político, econômico e institucional é negativo. Instabilidades afetam as perspectivas para a atividade econômica e o desenvolvimento do país. Por exemplo: a deterioração do poder de compra da população afeta o giro da economia e, consequentemente, uma hora vai atingir os lucros das empresas na bolsa.
Por isso, qualquer ruído que pressione a inflação é negativo. O mesmo acontece para a cobrança de impostos, a alta de juros, o dólar alto, etc.
Só que, no caso das ações, existe um agravante principal. A maneira mais clássica de avaliar o preço justo de um ativo é utilizando a metodologia dos fluxos de caixa descontados. De maneira simplória, ela consiste em projetar os resultados futuros de uma empresa e descontá-los a uma taxa atrativa ao investidor. Quanto maior a taxa exigida, portanto, menor o valor percebido da ação.
Para calcular essa taxa atrativa, os grandes investidores utilizam algumas variáveis, dentre elas a chamada “taxa livre de risco” e o “prêmio pelo risco-país”. E é aí que está o problemão:
1) Como a taxa livre de risco é a Selic, quanto maior os juros definidos pelo Copom, maior será a taxa exigida pelos investidores, reduzindo o valor das ações;
2) Para os investidores estrangeiros, com uma percepção pior da situação brasileira, o prêmio pelo risco-país aumenta, o que também diminui o valor avaliado dos papéis das empresas na B3.
Em síntese, não é exagero dizer que o Brasil pode, em breve, entrar numa espiral de deterioração econômica, ainda mais em um cenário incerto de retomada pós-pandemia, crise hídrica e energética, desemprego e eleições polarizadas no páreo.
Talvez não seja a hora de “fugir para as montanhas”, mas é completamente imprudente não ter em seu portfólio ativos de proteção. Por isso, indico que clique no botão abaixo e confira os melhores produtos para se proteger desse Cassino Royale chamado Brasil.