Como o Bitcoin atua na diversificação do portfólio?
Se você pretende reduzir o risco geral da sua carteira e, de quebra, potencializar os retornos, não hesite em alocar uma parcela do seu capital em bitcoin.
Com a redução das taxas de juros praticadas por bancos centrais do mundo todo, os retornos oferecidos pela renda fixa passam a ser menos atrativos e, consequentemente, a renda variável passa a ser uma opção mais interessante para os investidores.
Agora, se você busca montar uma estratégia de investimentos completa, não basta investir apenas em ações ou em tesouro direto. O ideal é que componha uma carteira diversificada que lhe proporcione, além da preservação de riqueza, o crescimento do seu patrimônio com o passar do tempo.
A diversificação, quando feita da maneira correta, pode reduzir o risco geral da carteira sem necessariamente resultar em diminuição proporcional nos retornos.
O bitcoin , assim como as ações ou as moedas estrangeiras, compõe a parcela de renda variável da sua carteira. Ou seja, não se sabe, de antemão, o retorno que a aplicação no ativo poderá lhe oferecer. A diferença aqui é que ele se enquadra numa outra categoria, dos ativos alternativos.
Agora você investe em Bitcoin com R$ 1. Só no BTG Pactual digital. Vai ficar de fora?
Uma das principais razões para se incluir alternativos na carteira é que eles geralmente são movidos por fatores de risco e retorno diferentes dos investimentos tradicionais. Em outras palavras, eles podem oferecer proteção contra quedas nos preços dos ativos tradicionais e, dessa forma, reduzir a volatilidade geral do seu portfólio.
Uma medida bastante utilizada para medir a ligação entre diferentes variáveis é a correlação, que eu explico rapidamente a seguir.
Por exemplo, quanto mais horas de estudo um aluno tem, melhor suas notas na prova. A correlação é positiva nesse caso. Por outro lado, quanto menor o número de horas de sono que você tem em determinada noite, menor é seu rendimento no dia seguinte. Nesse caso, a correlação é negativa, percebe?
Colocando isso em números, o coeficiente de correlação oscila entre +1,0 (limite superior), representando a correlação positiva perfeita, em que as variáveis se movem em perfeita sincronia, e -1,0 (limite inferior), representando a correlação negativa perfeita, e elas se movem em direções opostas exatas.
Finalmente, o coeficiente de correlação igual a 0,0 indica que não há correlação entre as duas variáveis. São justamente os ativos que possuem baixa correlação entre si que buscamos quando estamos pensando em estruturação de portfólio.
Agora que você entendeu o conceito, vamos ver qual o grau de ligação do bitcoin com outros ativos. Como parâmetro de comparação, selecionei ativos que geralmente compõem um portfólio diversificado, como metais preciosos (ouro e prata), ações (representado pelo índice Ibovespa), commodities (representado pelo índice da Bloomberg), tesouro Selic e imóveis (representados pelo Ifix). Comparei o retorno de cada um deles nos últimos 12 meses.
Ativo | Correlação |
Prata | 0,259 |
Ouro | 0,213 |
Ibovespa | 0,226 |
Commodities | 0,068 |
Tesouro Selic | 0,003 |
Imóveis | 0,009 |
Baixa correlação do bitcoin com outros ativos
Reparou que, para todos esses ativos, o bitcoin apresenta uma baixa correlação? Mesmo nos casos dos metais e da Bolsa, em que os coeficientes superam 0,2, eles ainda sinalizam baixíssima ligação com o bitcoin. Esse padrão fica ainda mais evidente quando usamos períodos mais longos, como cinco anos ou mais.
Olhando para os fundamentos, a baixa ligação pode ser explicada por alguns fatores, como as diferentes narrativas que permeiam o ativo (reserva de valor, sistema de pagamentos global, dinheiro do futuro e algumas outras), o baixo vínculo com os veículos de investimento habitualmente usados por investidores e pelo fato de ele ser um ativo bastante incomum, que caiu no gosto do público em geral antes de ser apreciado por instituições.
Mas por que isso importa?
Porque a baixa correlação é um primeiro sinal importante quando se está buscando a otimização da carteira por meio da diversificação. Colocando em termos práticos, isso significa que ele pode ser visto como opção bastante estratégica na composição de uma carteira diversificada, uma vez que os elementos que afetam os mercados tradicionais têm pouco ou nenhum impacto sobre as variações de preços desse ativo.
Portanto, se você pretende reduzir o risco geral da sua carteira e, de quebra, potencializar os retornos, não hesite em alocar uma parcela do seu capital em bitcoin.