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Larissa Vitória
Larissa Vitória
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo portal SpaceMoney e pelo departamento de imprensa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
SELEÇÃO DE ATIVOS

De criptomoedas a ações no exterior, conheça 6 investimentos que podem ajudar a turbinar seu 13º salário

A inflação elevada e o mau momento da bolsa e dos fundos investimentos provocam calafrios em muitos investidores, mas também trazem oportunidades para quem tem dinheiro na mão

Larissa Vitória
Larissa Vitória
16 de dezembro de 2021
7:01 - atualizado às 14:32
Montagem de um gráfico de linha com as notas de R$ 20, R$ 50, R$ 100 e R$ 200 | 13º salário Dividendos Fundos Imobiliários | reserva de emergência CDB Guide
Imagem: Nivia Borba

Entre Imposto de Renda, INSS e outros itens, a quantidade de descontos na folha de pagamento tira um pouco da alegria de quem trabalha com carteira assinada. Mas se tem um momento em que esse trabalhador fica feliz é no dia do pagamento do 13º salário.

As empresas têm até a próxima segunda-feira (20) para depositar a segunda parcela da gratificação natalina na conta dos funcionários.

Eu, como boa repórter de finanças, já investi a primeira parcela. A inflação elevada, o aperto na taxa Selic e o mau momento da bolsa e dos fundos investimentos provocam calafrios em muitos investidores, mas também trazem oportunidades interessantes para quem tem dinheiro na mão.

Com a ajuda de três especialistas, contei nesta reportagem quais são os melhores ativos para aplicar o dinheiro extra se você, assim como eu, é conservador na hora de escolher os investimentos.

Mas, conforme prometido, não deixarei na mão os investidores que aceitam correr mais risco em busca de retornos maiores. Os mesmos especialistas  — do Inter, do Itaú Unibanco e da Vitreo — voltam nesta matéria para contar quais são os melhores investimentos arrojados, na opinião deles, para quem quer usar o 13º salário para multiplicar o patrimônio.

Disclaimer: a reserva está em dia?

Antes de falar das aplicações, é importante destacar que a escolha dos melhores investimentos arrojados depende de vários fatores. Um dos mais importantes é o tempo disponível para o investimento.

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Aqui considero que o leitor já tem uma reserva de emergência que cobre de seis meses a um ano de seus gastos essenciais e investirá com objetivos de médio e longo prazo.

Se esse não é o seu caso, recomendo a leitura desta reportagem do Seu Dinheiro. A reserva de emergência é essencial para evitar que você acabe se endividando em caso de imprevisto financeiro.

Oportunidade é o que não falta

Feitas as devidas ressalvas, vamos ao que interessa: onde investidores arrojados podem depositar seu 13º salário.

Segundo os especialistas consultados, no contexto atual, o que não faltam são oportunidades. 

“O cenário de maior aversão ao risco fez com que a bolsa e os FIIs caíssem bastante e os juros subissem muito, então quem tem um recurso novo para investir vai encontrar boas oportunidades no mercado”, diz Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.

Martin Iglesias, professor e líder em investimentos e alocação de ativos do Itaú Unibanco, concorda que o momento é propício, especialmente na bolsa de valores. 

Estamos em números de múltiplos de lucro muito baixos, ou seja, a bolsa está barata em relação ao lucro que as empresas projetam para o próximo ano. Está mais barata do que estava no pior momento da pandemia. Só não está mais barata do que na grande crise financeira de 2008.

Martin Iglesias

Antes de revelar as recomendações de produtos específicos para investir, confira duas sugestões de alocação de carteira para o 13º salário feitas pelos especialistas do Itaú e do Inter:

1. Renda fixa também é para investidores arrojados

Depois de alguns anos relegada aos cantos mais obscuros das recomendações de investimento, a renda fixa ganhou um impulso extra com o novo ciclo de alta da taxa Selic e voltou aos holofotes.

O ajuste nos juros futuros provocou uma disparada nas taxas dos títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação. Outros membros desta classe de investimentos — como os CDBs, LCs, LCIs, LCAs e demais produtos da sopa de letrinhas da renda fixa — também ganham atratividade no cenário.

Por isso, mesmo para os arrojados, os rendimentos não são de se desprezar. O Banco Inter recomenda a alocação de 20% da carteira em renda fixa, com 10% desse total em produtos pós-fixados (atrelados à Selic e ao CDI) e outros 10% especificamente em IPCA+.

Entre os produtos disponíveis, Rafaela Vitória destaca as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) indexadas à inflação. “Dependendo da taxa, elas podem ser muito interessantes, principalmente por serem isentas de Imposto de Renda na parcela pós-fixada dos rendimentos e também na da inflação.”

No caso do Itaú, a renda fixa ocupa 39% da carteira. Dentro disso, 18,5% vão para os juros pós-fixados, 18% são atrelados à inflação e 2,5% são reservados para pré-fixados.

O percentual baixo para a última categoria é explicado por Martin Iglesias: “a inflação ainda não cedeu e, se ela demorar um pouco mais para baixar, algumas taxas que parecem muito boas hoje já não serão tão atrativas”.

O especialista do Itaú revela os produtos preferidos em cada uma dessas categorias. Veja abaixo.

  • Itaú Privilege RF REF DI FICFI (juros pós-fixados): fundo que acompanha a tendência da taxa de juros de mercado (CDI). Alocação recomendada de 4%;
  • Itaú Precision All Multimercado CP (juros pós-fixados): o fundo busca superar o CDI no longo prazo, através de alta concentração em ativos de crédito privado com médio e baixo risco de crédito. Alocação recomendada de 11,5%;
  • LCI/LCA Itaú (18 meses): Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio emitidas pelo banco e com vencimento em 18 meses. Alocação recomendada de 3%;
  • Itaú Debêntures Incentivadas FIC (inflação): fundo voltado à infraestrutura no mercado nacional, com isenção de imposto de renda e que busca, no longo prazo, o retorno do Tesouro IPCA+ (NTN-B) mais 0,5% a 1,0% ao ano. Alocação recomendada de 11,5%;
  • Tesouro IPCA+ 2035 (inflação): Título público emitido pelo Tesouro Nacional com a remuneração ligada à variação do IPCA. Alocação recomendada de 6,5%;
  • Itaú Legend Renda Fixa Longo Prazo (juros prefixados): fundo que investe em ativos cuja rentabilidade está atrelada a taxas de juros e/ou inflação, como títulos públicos. Alocação recomendada de 1,25%;
  • CDB/ Letras de Terceiros (juros prefixados): Certificado de Depósito Bancário e letras de crédito emitidas por outras instituições financeiras. Alocação recomendada de 1,25%.

2. De olho nos multimercados

Assim como para os conservadores, tanto os especialistas do Inter quanto do Itaú também apontam os fundos multimercados entre os destinos do 13º salário dos arrojados.

“Seja em um cenário de baixa ou de alta, um fundo multimercado com um bom gestor tende a ter ganhos”, declara Rafaela Vitória, do Inter. O banco digital recomenda a alocação de 15% nesse tipo de ativo, cuidando para diversificar também os gestores escolhidos.

Já o Itaú recomenda um percentual maior, de 18,5%, com a ressalva para que o investidor mescle entre gestores com expertise local, internacional e em commodities. Veja os produtos recomendados pelo banco:

  • Absolute Vertex Seleção FIC MM: produto macro trading que pode estar exposto a vários tipos de ativos, como juros, câmbio e renda variável. Alocação recomendada de 6%;
  • Itaú Optimus Titan MM FIC: busca retorno absoluto em qualquer cenário macroeconômico por meio dos mercados de Juros e Inflação Global, Moedas, Crédito, Renda Variável e Commodities. Alocação recomendada de 6,5%;
  • Gávea Macro Seleção MM FIC FI: fundo de macro carregamento com exposição em diferentes mercados no Brasil e, principalmente, no exterior. Alocação recomendada de 6%.

Para aumentar ainda mais a lista de opções, também pedi que a Vitreo me indicasse seus melhores fundos multimercados para os arrojados.

De acordo com Rodrigo Knudsen, portfolio manager na gestora e plataforma de investimentos, o eleito é o Vitreo Carteira Universa. O ativo reúne as melhores ideias de Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, e de sua equipe.

3. Feirão da renda variável

Mesmo com porcentagens e produtos diferentes, até agora as recomendações para conservadores e arrojados estão parecidas. Mas é aqui, quando chegamos à renda variável, que as diferenças se tornam mais claras.

Para quem está disposto a arriscar, as quedas dos últimos meses transformaram a bolsa de valores e outros ativos da classe de investimentos em um verdadeiro feirão de descontos. O Itaú indica a alocação de 19% da carteira em ações; o Inter é ainda mais ousado e recomenda o destino para 40% do 13º salário.

Conforme explica Rafaela Vitória, longe de assustar, esse é o momento ideal para quem tem o dinheiro do 13º salário na mão. “Muita gente pensa em entrar na bolsa quando ela já subiu muito. Na verdade, temos que pensar ao contrário: o momento de entrar é quando a bolsa está em queda”.

Dessa forma, é possível encontrar empresas com preços descontados, ou seja, negociando os papéis abaixo de seu valor intrínseco (ou valor justo).

A economista-chefe do Banco Inter não dá um nome específico para que o investidor compre, mas indica setores: “ações de commodities, de bancos, de boas empresas de varejo e de tecnologia são alguns exemplos”.

Ela salienta que, mesmo com poucos recursos, é preciso compor uma carteira com pelo menos dez empresas para maximizar a oportunidade de ganho e reduzir os riscos no longo prazo.

Já Martin Iglesias, do Itaú, prefere explorar esse mercado por meio dos fundos de investimento. “Como temos movimentos muito diferentes e mudanças de cenário muito rápidas, acreditamos que a gestão ativa de um fundo funciona muito bem na renda variável atual”. 

Os produtos recomendados são:

  • Itaú Dunamis Fundo de Ações: fundo long only que busca investir em empresas com potencial de valorização em um horizonte de médio a longo prazo. Alocação recomendada de 6,5%;
  • Verde AM Long Bias Seleções: fundo long biased (que faz operações compradas e vendidas para ganhar na alta e na baixa) que busca retornos consistentes e preservação de capital por meio de uma carteira de investimentos em ações, instrumentos de renda fixa e câmbio. Alocação recomendada de 6%;
  • Itaú Kinea Gama FIC FIA: Fundo long only (atua apenas comprado, para ganhar com a alta dos ativos) com exposição a ações de empresas brasileiras listadas no Brasil e no exterior. Alocação recomendada de 6,5%;

Knudsen, da Vitreo, cita também um dos membros da vitrine de fundos de investimento da casa: o Vitreo Oportunidades de Uma Vida. Segundo a gestora, o fundo reúne as ações de maior convicção de Felipe Miranda, da Empiricus, para aproveitar o momento do mercado.

4. Fundos imobiliários com desconto

Além das ações, o Inter recomenda ainda a alocação de 15% da carteira em fundos imobiliários. “Entre a renda fixa e a renda variável, os fundos imobiliários têm uma característica um pouco híbrida que ajuda a manter a volatilidade baixa no portfólio e fornecer proteção no longo prazo”, diz Rafaela.

O setor tem sofrido neste ano: o IFIX, índice que mede o comportamento dos fundos mais negociados na Bolsa, acumula perdas de 10,16% em 2021. Mas, assim como no caso das ações, a queda cria pontos de entrada atraentes para os investidores.

Sob a etiqueta de “investimentos alternativos”, com alocação recomendada de 6%, o Itaú também indica dois produtos para quem deseja aproveitar o 13º salário e se aventurar por esse mercado:

  • Kinea Rendimentos Imobiliários FII (KNCR11): fundo de recebíveis imobiliários com portfólio dedicado ao investimento em ativos de renda fixa ligados ao setor imobiliário, especialmente em CRIs e LCIs. Alocação recomendada de 3%;
  • Vectis Juros Reais FII (VCJR11): fundo que também aplica em CRIs, LCIs, Letras Hipotecárias (LHs) e outros ativos financeiros imobiliários e paga rendimentos mensais a seus cotistas, buscando uma rentabilidade igual à do Tesouro IPCA+ (NTN-B) mais 1% a 3% ao ano. Alocação recomendada de 3%.

5. Carteira na gringa

Por fim, nem só de Brasil vive a carteira do investidor arrojado, especialmente no cenário atual. “Enquanto a bolsa brasileira está deprimida, a bolsa lá fora está batendo recordes”, resume a economista-chefe do Inter.

Seja por meio de BDRs - recibos de ações listadas no exterior e negociados na B3 - fundos de investimento ou corretoras internacionais, o Inter sugere que 10% da carteira esteja exposta ao exterior

Com um adendo para que o investidor busque segmentos com pouca expressão na bolsa brasileira: “nós gostamos de setores que não temos disponíveis por aqui, como as grandes empresas farmacêuticas e de tecnologia também”, destaca Rafaela Vitória.

A recomendação da Vitreo também vai pelo mesmo caminho da tecnologia internacional. A plataforma de investimentos indica o Vitreo FoF Tech, um fundo que reúne as teses de investimentos dos fundos Tech Select, Tech Asia, Tech Brasil, Tech Games e Money Bets em um só produto.

Já Martin Iglesias, do Itaú, aposta também na renda fixa americana e na exposição ao ouro - um investimento para quem busca proteção em períodos de maior incerteza econômica. Veja as recomendações do banco:

  • COE S&P 500 Alta Ilimitada USD: Certificado de Operações Estruturadas que acompanha o índice S&P 500, dos Estados Unidos. Alocação recomendada de 10%;
  • Tesouro Americano USD 10 Anos FIC FI MM: Fundo que acompanha a variação dos preços dos títulos públicos americanos. Alocação recomendada de 10%;
  • BDR do ETF Gold Trust (BIAU39): BDR do fundo de índice (ETF) iShares COMEX Gold Trust, de ouro. Alocação recomendada de 2,5%.

Vale destacar que os três ativos indicados pelo Itaú possuem exposição cambial. Ou seja, sua rentabilidade é afetada não só pelas variáveis que influenciam o desempenho dos investimentos como também pela variação das moedas a que estão expostos.

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6. Criptomoedas

De acordo com o analista de investimentos Vinícius Bazan, se você tem perfil arrojado, é interessante alocar de 1% a 5% do seu patrimônio em criptomoedas. Vale destacar, porém, que, não basta investir em uma ou outra. É importante diversificar o portfólio.

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