Vitreo chega aos R$ 13 bilhões em ativos em três anos e mira crescer além dos fundos temáticos
Jojo Wachsmann, sócio-fundador da plataforma, fala sobre o começo da gestora na sala de casa e dos planos após a venda para o BTG Pactual
Se o bolo de aniversário da Vitreo contasse, neste ano, com uma velinha para cada real alocado em seus produtos, os sócios e funcionários precisariam de muito fôlego até que todas estivessem apagadas.
A gestora e plataforma de investimentos completa três anos de existência nesta sexta-feira (22) com a marca de R$ 13 bilhões sob gestão devidamente riscada do quadro de metas.
O forte crescimento num período tão curto e num mercado com uma concorrência acirrada vem de dois pilares principais: o lançamento de fundos temáticos com ativos até então inéditos no mercado e os produtos que reproduzem indicações dos analistas da Empiricus.
O patrimônio atual sob gestão e custódia representa um avanço da ordem de 62% em relação aos pouco mais de R$ 8 bilhões no início deste ano, segundo o CIO e sócio-fundador da Vitreo, George Wachsmann, o Jojo.
O avanço acontece em um período cascudo para o mercado. Ou seja, a Vitreo contou com o vento contrário da queda da bolsa na contagem. Mesmo com as condições econômicas adversas, a plataforma registrou um salto de 50% no número de clientes ativos neste ano, que chegou a 115 mil.
Da sala do Jojo para a mira do BTG Pactual
A prática do home office já foi uma realidade para a Vitreo antes mesmo da pandemia da covid-19, mas de uma forma diferente.
Em meio às dificuldades que cercavam o lançamento da plataforma, em 2018, os sócios lutavam para se comunicar em um coworking no qual ficavam “cada um em um canto diferente”, como descreve Wachsmann.
Quando a situação se tornou insustentável, Jojo surgiu com uma a solução: “eu disse para a turma toda: juntem os seus pertences e vamos para a minha casa”.
No “home office” improvisado na sala, as mesas trazidas de um salão de festas e extensões improvisadas supriram as necessidades técnicas, enquanto a proximidade física ajudou o time, que na época contava com cerca de 20 pessoas, a afinar também o senso de união e superar os desafios necessários para o negócio deslanchar.
Dois anos depois do episódio — e com a sala do Jojo já desocupada — a Vitreo entrou na mira primeiro da maior casa de análise do país — com quem já mantinha um acordo comercial — e, alguns meses depois, do maior banco de investimentos da América Latina.
A Empiricus anunciou, em outubro do ano passado, a combinação de negócios com a Vitreo para criar a holding Universa, da qual também faria parte o Seu Dinheiro, o Money Times e o Real Valor.
Porém, antes mesmo que a reorganização societária fosse concluída, o grupo todo foi arrematado pelo BTG Pactual.
A transação levantou algumas sobrancelhas no mercado, afinal, o BTG já possui sua própria plataforma de investimentos. Mas Wachsmann garante que não haverá prejuízos à corretora. Na verdade, é o oposto: “Nós sócios vamos continuar tocando o barco, agora com um respaldo institucional e mais musculatura para fortalecer o negócio”.
Um desses novos “músculos” já pode ser observado na seleção de produtos disponíveis para os clientes, que agora conta também com ativos exclusivos da tesouraria do BTG.
Além dos fundos
Enquanto aguardava pelo aval do BC para operar como plataforma de investimentos, a Vitreo atuou como gestora. Por isso, a maior parte dos R$ 13 bilhões sob custódia hoje vem dos fundos.
A meta agora é aumentar a representatividade de outros tipos de investimento. “Temos as áreas de renda fixa e renda variável super estruturadas, com uma quantidade rica de ofertas e funcionalidades, mas que muita gente ainda não conhece”, diz Wachsmann.
O plano é avançar nesse front, sem, porém, desacelerar na criação de novos fundos. No início deste mês, por exemplo, a Vitreo lançou dois novos produtos temáticos inéditos no Brasil: o Cripto NFT e o Coin NFT.
Os fundos, como indicam os nomes, apostam na tese de investimentos dos NFTs (Tokens não fungíveis, da sigla em inglês). Sequências únicas que não podem ser alteradas surgidos a partir da mesma tecnologia que permitiu a criação do bitcoin e das criptomoedas, os tokens têm chamado cada vez mais atenção dos fãs de ativos digitais.