Oi perdeu atratividade após vender fibra ótica? BTG Pactual diz que não
Para analistas, que trabalham dentro do grupo que fez a oferta pelos ativos, as ações possuem bom potencial de alta em qualquer cenário
O que parecia ser um bom negócio para a Oi (OIBR3) acabou tendo uma recepção negativa por parte dos investidores.
Após anunciar que aceitou a proposta enviada por fundos ligados ao BTG Pactual para comprar uma participação majoritária na InfraCo, unidade de negócios de fibra ótica da operadora, as ações da companhia recuaram mais de 4% e acumularam queda de 15,8% nos últimos dez dias.
A venda da InfraCo faz parte dos compromissos assumidos pela Oi no processo de recuperação judicial. No final do ano passado, a operadora levantou R$ 16,5 bilhões com a venda da sua rede móvel para o consórcio formado por TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro.
Mas o negócio foi de fato ruim para a Oi, como pressupõe a reação do mercado? A divisão de research do BTG Pactual acredita que não e argumenta que, atualmente, mesmo considerando o cenário mais conservador, as ações da empresa de telefonia têm potencial de alta de 44%.
Analisando as partes
Tendo conflito de interesse ou não, uma vez que trabalham dentro do grupo que fez a proposta pela InfraCo, os analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi soltaram um relatório sobre Oi nesta quinta-feira (22).
Para eles, a queda dos papéis nos últimos dias pode ser explicada por uma suposta decepção do mercado em relação ao preço oferecido pela InfraCo (o mínimo era de R$ 20 bilhões) e a complexidade que o acordo ganhou.
Mesmo assim, eles são taxativos: as ações têm potencial de alta por qualquer ângulo que o investidor olhar. Os analistas chegaram a esta conclusão por meio de um exercício de valuation chamado soma das partes, em que cada um dos negócios é avaliado separadamente e depois somados.
Olhando primeiro para a InfraCo, os analistas dizem que a oferta apresentada avalia o ativo em R$ 22,3 bilhões, com a fatia da Oi sendo de R$ 9,4 bilhões. Para eles, o valor total representa um EV/Ebitda – múltiplo que indica quanto tempo levaria para o lucro operacional pagar o investimento feito – de 9,1 vezes, o que eles consideraram muito bom diante da mediana dos múltiplos de outros ativos do tipo pelo mundo, de 12,5 vezes.
“Se assumirmos um EV/Ebitda de 12 vezes como múltiplo justo, o que parece razoável, a participação da Oi na InfraCo é de cerca de R$ 12,1 bilhões, 30% a mais que o preço mínimo”, diz trecho do relatório.
Indo para a ClientCo, apelido dado à nova Oi depois dos desinvestimentos, os analistas do BTG Pactual avaliam que ela deve apresentar um bom desempenho operacional nos próximos anos graças aos serviços de fibra ótica, que têm margens elevadas e devem ganhar espaço na receita.
Para eles, o EV/Ebitda da divisão deve ficar entre 4,0 vezes e 6,0 vezes, abaixo da média das companhias internacionais (6,5 vezes) e dentro do registrado pelos seus pares latino-americanos (4,5 vezes).
E tem ainda os efeitos financeiros da incorporação da Globenet pela InfraCo – com a Oi assinando um contrato para utilizar os serviços, ao mesmo tempo que receberá de volta parte dos recursos por sua participação na InfraCo – e os ganhos da companhia com a venda de ativos, com redução do endividamento.
Conclusão
Depois de somadas as partes, os analistas do BTG Pactual produziram três cenários para a evolução das ações.
- Pessimista: EV/Ebitda da InfraCo é de 9,0 vezes e o da ClientCo atinge 4,0 vezes, o que pressupõe um preço-alvo de R$ 2,40, um potencial de valorização de 44%;
- Base (utilizado pelo banco): EV/Ebitda da InfraCo é de 12,0 vezes e o da ClientCo atinge 5,0 vezes, levando a um preço-alvo de R$ 3,10, um potencial de valorização de 86%; e
- Otimista: EV/Ebitda da InfraCo de 15,0 vezes e o da ClientCo de 6,0 vezes, resultando em um preço-alvo de R$ 3,80, um potencial de valorização de 131%.