Jogou a toalha? Azul (AZUL4) critica plano de recuperação da LATAM e dá a entender que não vai aumentar a proposta
A LATAM pretende injetar mais de US$ 8 bi com as medidas de seu plano de recuperação judicial, cifra superior à proposta pela Azul (AZUL4)

Não é segredo para ninguém que a Azul (AZUL4) queria botar as asinhas para fora: a empresa suportou bem os desafios da pandemia e estava de olho numa possível compra da LATAM — o grupo chileno, mais endividado e exposto à aviação internacional, foi atingido em cheio pela Covid e entrou com um pedido de recuperação judicial ainda em 2020. Só que o sonho de voos altos da aérea brasileira via fusão parece perto do cancelamento.
A Azul fez o dever de casa: abordou os credores da LATAM, desenhou um projeto de junção das operações e colocou dinheiro na mesa. Só que, neste fim de semana, a empresa chilena finalmente apresentou seu plano de recuperação judicial — e o documento prevê uma injeção de dinheiro bem superior à proposta pelos brasileiros.
Indo aos números: a Azul planejava que, através de uma fusão com a LATAM, conseguiria disponibilizar até US$ 5 bilhões em dinheiro novo através de ações já acertadas com alguns dos credores. O grupo chileno, no entanto, diz que pretende levantar mais US$ 8 bilhões, num misto de novos financiamentos de longo prazo e emissão de papéis e títulos de dívida conversíveis em ações.
Não é preciso ser um grande gênio da contabilidade para entender que, para os credores, o plano de recuperação da LATAM parece mais vantajoso que a proposta feita pela Azul: afinal, quanto mais recursos, menores as chances de um calote. A própria empresa brasileira reconhece isso — mas ainda tenta uma última cartada.
Azul e LATAM: xadrez nos ares
"O valor da empresa no plano apresentado pela LATAM é maior do que a Azul acredita ser razoável, especialmente tendo em vista as contínuas incertezas no setor, especialmente nos mercados internacionais de longa distância", escreveu a empresa brasileira, em comunicado enviado à CVM.
Há dois pontos a serem absorvidos dessa frase. Em primeiro lugar, a Azul dá a entender que não pretende elevar sua proposta, já que as cifras envolvidas na recuperação da LATAM estão acima do razoável. Em segundo, a empresa brasileira tenta tirar a credibilidade do plano, trazendo os credores para o seu lado.
Leia Também
E isso porque o plano apresentado neste fim de semana pela LATAM ainda precisa ser aprovado pela Justiça americana e, posteriormente, em assembleia de credores que deve ocorrer apenas em março de 2022, se tudo der certo. Então, há tempo útil para uma movimentação de bastidores.
O grupo chileno diz ter recebido o sinal verde de 70% dos credores sem garantia, cerca de 48% dos detentores dos títulos de dívida com vencimentos em 2024 e 2026, e quase 50% dos atuais acionistas. A Azul, por outro lado, afirma que costurou acordos com "alguns membros do grupo sem garantia", sem citar uma porcentagem específica.
A Azul também reforça que uma eventual fusão traria inúmeros ganhos de sinergia para os acionistas da LATAM — ganhos estes que superariam em US$ 4 bilhões o valor de mercado previsto pelos chilenos no plano de recuperação. É um apelo à visão de longo prazo dos credores.
Os planos de voo
LATAM
- Valor total: US$ 8,19 bilhões;
- Estrutura: US$ 800 milhões em ações, US$ 4,64 bilhões em títulos de dívida conversíveis em ações, divididos em três classes; US$ 500 milhões em crédito bancário; e US$ 2,25 bilhões em refinanciamentos;
- Diluição dos atuais acionistas: cerca de 90%;
- Governança: cinco membros a serem indicados pelos credores e outros quatro pelos atuais acionistas;
- Se tudo der certo: dívida de US$ 7,26 bilhões (corte de 30% em relação ao nível do terceiro trimestre de 2021) e liquidez de US$ 2,67 bilhões.
Azul
- Valor total: US$ 5 bilhões;
- Estrutura: não revelada;
- Governança: a empresa combinada seria compartilhada entre os acionistas da Azul, os credores da LATAM que receberiam compensação em ações e os participantes do novo capital. O conselho de administração seria composto por membros independentes.
- Ganhos de sinergia: US$ 4 bilhões em valor incremental acima do previsto no plano da LATAM.
LATAM e Azul (AZUL4): reação nas bolsas
Os investidores reagiram de maneira negativa ao plano apresentado pela LATAM: as ações da empresa na bolsa de Santiago (LTM) recuam quase 40% nesta segunda-feira (29), a 580 pesos. Nos EUA, os ADRs (LTMAQ) têm desempenho semelhante e são negociados a US$ 0,75 — no começo de 2020, os papéis valiam US$ 10,00.

Muito dessa reação negativa se deve à perspectiva de forte diluição dos atuais acionistas caso o plano aprovado pela LATAM vá adiante; além disso, há o risco de credores e eventuais interessados na compra da companhia — inclusive a Azul — apresentarem propostas alternativas, o que atrasaria ainda mais a reestruturação do grupo chileno.
A LATAM não tem BDRs negociados na B3; mas, por aqui, é possível ver a reação dos investidores ao noticiário intenso através do comportamento dos ativos da Azul (AZUL4) — e, em linhas gerais, o mercado não se mostrou contrariado com o possível revés da companhia brasileira.
As ações AZUL4 fecharam em alta de 1,07%, a R$ 23,55; é verdade que, na última sexta-feira (26), os papéis tiveram perdas de mais de 10% em meio às preocupações com a variante ômicron da Covid-19, o que limita eventuais baixas hoje.

Mais valor ao acionista: Oncoclínicas (ONCO3) dispara quase 20% na B3 em meio a recompra de ações
O programa de aquisição de papéis ONCO3 foi anunciado dias após um balanço aquém das expectativas no quarto trimestre de 2024
Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan
O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra
Casas Bahia (BHIA3) quer pílula de veneno para bloquear ofertas hostis de tomada de controle; ação quadruplica de valor em março
A varejista propôs uma alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill dias após Rafael Ferri atingir uma participação de cerca de 5%
Tanure vai virar o alto escalão do Pão de Açúcar de ponta cabeça? Trustee propõe mudanças no conselho; ações PCAR3 disparam na B3
A gestora quer propor mudanças na administração em busca de uma “maior eficiência e redução de custos” — a começar pela destituição dos atuais conselheiros
Não é a Vale (VALE3): BTG recomenda compra de ação de mineradora que pode subir quase 70% na B3 e está fora do radar do mercado
Para o BTG Pactual, essa mineradora conseguiu virar o jogo em suas finanças e agora oferece um retorno potencial atraente para os investidores; veja qual é o papel
TIM (TIMS3) anuncia pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos; veja quem tem direito e quando a bolada cai na conta
Além dos proventos, empresa anunciou também grupamento, seguido de desdobramento das suas ações
Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita
Após virar pó na bolsa, Dotz (DOTZ3) tem balanço positivo com aposta em outra frente — e CEO quer convencer o mercado de que a virada chegou
Criada em 2000 e com capital aberto desde 2021, empresa que começou com programa de fidelidade vem apostando em produtos financeiros para se levantar, após tombo de 97% no valuation
JBS (JBSS3) pode subir 40% na bolsa, na visão de Santander e BofA; bancos elevam preço-alvo para ação
Companhia surpreendeu o mercado com balanço positivo e alegrou acionistas com anúncio de dividendos bilionários e possível dupla listagem em NY
CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço
Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre
Oncoclínicas (ONCO3) fecha parceria para atendimento oncológico em ambulatórios da rede da Hapvida (HAPV3)
Anunciado a um dia da divulgação do balanço do quarto trimestre, o acordo busca oferecer atendimento ambulatorial em oncologia na região metropolitana de São Paulo
Braskem (BRKM5) salta na bolsa com rumores de negociações entre credores e Petrobras (PETR4)
Os bancos credores da Novonor estão negociando com a Petrobras (PETR4) um novo acordo de acionistas para a petroquímica, diz jornal
JBS (JBSS3): Com lucro em expansão e novos dividendos bilionários, CEO ainda vê espaço para mais. É hora de comprar as ações?
Na visão de Gilberto Tomazoni, os resultados de 2024 confirmaram as perspectivas positivas para este ano e a proposta de dupla listagem das ações deve impulsionar a geração de valor aos acionistas
Azzas cortadas? O que está por trás da disputa que pode separar o maior grupo de moda da América Latina
Apesar da desconfiança sobre o entrosamento entre os líderes, ninguém apostava num conflito sem solução para a Azzas 2154, dona de marcas como Hering e Arezzo
Não é só o short squeeze: Casas Bahia (BHIA3) triplica de valor em 2025. Veja três motivos que impulsionam as ações hoje
Além do movimento técnico, um aumento da pressão compradora na bolsa e o alívio no cenário macroeconômico ajudam a performance da varejista hoje; entenda o movimento
É hora de comprar a líder do Ibovespa hoje: Vamos (VAMO3) dispara mais de 17% após dados do 4T24 e banco diz que ação está barata
A companhia apresentou os primeiros resultados trimestrais após a cisão dos negócios de locação e concessionária e apresenta lucro acima das projeções
Hapvida (HAPV3) salta na B3 com Squadra reforçando o apetite pela ação. É o nascer de uma nova favorita no setor de saúde?
A Squadra Investimentos adquiriu 388.369.181 ações HAPV3, o equivalente a 5,15% da companhia de saúde
Dividendos e JCP: Magazine Luiza (MGLU3) e TIM (TIMS3) vão depositar mais de R$ 700 milhões na conta dos acionistas
A festa de proventos da bolsa brasileira acaba de receber mais dois nomes de peso; saiba como ter direito às remunerações e quando receber os dividendos
Goldman Sachs de saída da Oncoclínicas? Banco vende maior parte da fatia em ONCO3 para gestora de private equity; operação reacende discussão sobre OPA
O banco norte-americano anunciou a venda de 102.914.808 ações ordinárias ONCO3, representando 15,79% do capital social total da Oncoclínicas
Investir em Petrobras ficou mais arriscado, mas ainda vale a pena colocar as ações PETR4 na carteira, diz UBS BB
Mesmo com a visão positiva, o UBS BB cortou o preço-alvo para a petroleira estatal, de R$ 51,00 para os atuais de R$ 49,00