Quem é a Evergrande, a gigante chinesa que está assustando os mercados globais
Da ascensão meteórica ao recorde mundial de endividamento em seu setor, conheça a história da megaincorporadora que nos últimos dias tem causado calafrios nos investidores
Os mercados financeiros internacionais iniciaram a semana no vermelho, com os investidores ressabiados com as repercussões da crise da dívida da Evergrande, a segunda maior incorporadora imobiliária da China.
Mas quem é a empresa que até bem pouco tempo era conhecida apenas pelos mais fanáticos por futebol e tem levado investidores em todo o planeta a relembrarem a crise financeira de 2008?
De uma ascensão meteórica ao recorde mundial do endividamento corporativo, contamos a seguir a história da megaincorporadora. Nós também explicamos por que, apesar de algumas análises mais alarmistas, é pouco provável que a Evergrande provoque uma reação cataclísmica como a que sucedeu a quebra do Lehman Brothers em 2008.
Evergrande, a origem
Antes conhecida como Grupo Hengda, a Evergrande foi fundada em 1996 na cidade de Guangzhou por Xu Jiayin. Também conhecido como Hui Ka Yan em cantonês, Xu Jiaiyn já foi o homem mais rico da China. Atualmente ele ocupa a rabeira do Top 10 dos bilionários chineses.
O crescimento da empresa foi vertiginoso. A primeira oferta pública de ações ocorreu em 2009. Lançados na bolsa de valores de Hong Kong, os papéis da incorporadora levantaram o equivalente a US$ 722 milhões.
Antes de continuar, um convite: apresentamos no nosso Instagram uma breve análise sobre o risco de uma "nova crise de 2008" que algumas pessoas vêm comentando e como o governo chinês pode driblar essa situação.
Leia Também
Governo da China expulsa ex-chefe do projeto do yuan digital sob alegações de corrupção
Confira abaixo e aproveite para nos seguir no Instagram (basta clicar aqui). Lá entregamos aos leitores análises de investimentos, notícias relevantes para o seu patrimônio, oportunidades de compra na bolsa, insights sobre carreira, empreendedorismo e muito mais.
Ver esta publicación en Instagram
Agora voltando à Evergrande...
... Diversificação e endividamento
A rápida ascensão da Evergrande e os gigantescos projetos urbanos colocados em andamento na China no decorrer das últimas décadas levaram a empresa a investir grandes somas em projetos muitas vezes distantes do negócio original da companhia.
Em 2010, por exemplo, a Evergrande comprou o Guangzhou FC, que acabara de ser rebaixado de divisão por causa de um escândalo de combinação de resultados. Fundado em 1954, o clube passou a chamar-se Guangzhou Evergrande, assimilando o nome de seu acionista majoritário. Mas já já voltaremos a isso.
Além do futebol, a Evergrande investiu bilhões em carros elétricos, construiu parques temáticos, entrou no ramo dos seguros, comprou um pedaço de um banco e ingressou no mercado de mídia…
Espera, tem mais!
Além de tudo isso, a Evergrande alocou recursos no ramo da saúde, construindo inclusive uma comunidade para aposentados, entrou para a indústria fonográfica e desenvolveu projetos na indústria alimentícia, mantendo empresas de grãos, óleos, laticínios e até mesmo água mineral.
No futebol, investimentos renderam títulos
Os investimentos da Evergrande no futebol foram pesados e é bastante provável que algum jogador de seu clube de coração tenha trocado o futebol brasileiro pelo chinês no decorrer da última década. Robinho (ex-Santos) e Paulinho (ex-Corinthians) talvez sejam os mais conhecidos, mas a lista é longa.
Até mesmo o técnico Luiz Felipe Scolari, pentacampeão mundial com a seleção brasileira, passou por lá. O treinador atual é o italiano Fabio Cannavaro, que tem como grande astro do time o atacante Ricardo Goulart (ex-Cruzeiro e Palmeiras).
Em campo, os investimentos resultaram em múltiplas conquistas no ainda incipiente futebol chinês e em dois títulos continentais, o que levou o Guangzhou Evergrande a disputar em duas ocasiões (2013 e 2015) o Mundial de Clubes da Fifa.
Os investimentos no esporte também incluem uma escolinha de futebol que, acredita-se, seja a maior do mundo. A Evergrande também iniciou em 2020 a construção de um estádio para 100 mil torcedores que, se concluído e inaugurado conforme os planos em 2023, será o maior do mundo nos padrões atuais.
A título de curiosidade, a Evergrande tem como sócio no futebol ninguém menos que o Grupo Alibaba.
Tudo parecia correr de vento em popa, até que…
Os negócios da Evergrande iam muito bem, obrigado. Em 2018, a empresa chegou a figurar como a maior incorporadora do mundo em valor de mercado. Em 2021, a lista Fortune Global 500 posiciona a empresa chinesa como o 122º maior conglomerado do mundo em termos de receita.
Tudo corria muito bem para a Evergrande, mais conhecida na China pelos projetos imobiliários de médio e alto padrão. Até que, no fim do ano passado, o governo chinês decidiu promover um aperto monetário e regulatório no setor para fazer frente à especulação imobiliária.
A nova diretriz do governo - baseada no conceito de que casas são feitas para morar, não para especular - atingiu em cheio os negócios da Evergrande, desacelerando o crescimento de uma empresa que contava com projeções de receita que passaram a não se concretizar no primeiro semestre de 2021.
Passivo da Evergrande supera US$ 300 bilhões
Com um passivo estimado em mais de US$ 300 bilhões, o alto grau de endividamento fez com que uma reestruturação da dívida da Evergrande deixasse de ser uma questão de se e se tornasse uma questão de quando.
No decorrer da semana passada, a piora das condições de liquidez das incorporadoras chinesas em meio à desaceleração nas vendas de imóveis levou agências chinesas de avaliação de risco de crédito a rebaixarem os ratings da Evergrande e de outras empresas do setor.
No caso específico da Evergrande, considerada a incorporadora mais endividada do mundo, o governo passou os últimos dias em negociações com os bancos locais para evitar o calote da rolagem da dívida da construtora.
A Evergrande, por sua vez, trabalha junto a assessores financeiros na tentativa de apresentar um plano factível de reestruturação de sua dívida. O prazo para um acordo expira na quinta-feira.
Mas vai ser um novo Lehman Brothers?
Apesar da gravidade da crise da dívida da Evergrande, analistas consideram improvável que aconteça na China uma crise de proporções similares à que sucedeu a quebra do banco norte-americano Lehmann Brothers em 2008.
Há quem tema, não sem razão, que a crise da Evergrande provoque uma reação em cadeia que, além de afetar o setor imobiliário, provoque instabilidade social, uma vez que, segundo estimativas, 1,5 milhão de chineses já começaram a pagar por imóveis ainda não entregues pela companhia.
A expectativa entre os especialistas, porém, é que o governo chinês opte por promover uma quebra controlada da Evergrande, resgatando clientes, fornecedores e prestadores de serviços, transferindo as obras inacabadas para outras construtoras e fazendo com que o sistema financeiro local absorva o grosso do prejuízo.
Mas e os investidores estrangeiros?
Em relação aos investidores estrangeiros, o mico está nas mãos de grandes fundos e bancos posicionados em dívidas de mercados emergentes, o que inclui o Ashmore Group, a BlackRock, o UBS e o HSBC.
Entretanto, não está previsto nenhum grande vencimento de títulos em moeda estrangeira da Evergrande antes do ano que vem, o que reserva alguns meses para que uma solução seja encontrada.
VEJA TAMBÉM: Nova CRISE DE 2008 no radar? Calote na CHINA derruba bolsas ao redor do mundo | Entenda
De agricultura e tecnologia nuclear à saúde e cultura: Brasil e China assinam 37 acordos bilaterais em várias áreas; confira quais
Acordo assinado hoje por Xi Jinping e Lula abrange 15 áreas estratégicas e fortalece relação comercial entre países
Brasil e China: em 20 anos, comércio entre países cresceu mais de 20x e atingiu US$ 157,5 bilhões em 2023
Em um intervalo de 20 anos, a corrente do comércio bilateral entre o Brasil e a China passou de US$ 6,6 bilhões em 2003 para US$ 157,5 bilhões
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
Mais barato? Novo Nordisk lança injeção de emagrecimento estilo Ozempic na China com ‘novidade’
Em um país onde mais de 180 milhões de pessoas têm obesidade, o lançamento do remédio é uma oportunidade massiva para a empresa europeia
2025 será o ano de ‘acerto de contas’ para o mercado de moda: veja o que as marcas precisarão fazer para sobreviver ao próximo ano
Estudo do Business of Fashion com a McKinsey mostra desafios e oportunidades para a indústria fashion no ano que vem
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias
G20: Ministério de Minas e Energia assina acordo com a chinesa State Grid para transferência de tecnologia
A intenção é modernizar o parque elétrico brasileiro e beneficiar instituições de ensino e órgãos governamentais
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
China anuncia novas medidas para estimular o setor imobiliário, mas há outras pedras no sapato do Gigante Asiático
Governo da China vem lançando uma série de medidas para estimular setor imobiliário, que vem enfrentando uma crise desde 2021, com o calote da Evergrande
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Um respiro para Xi Jinping: ‘Black Friday chinesa’ tem vendas melhores do que o esperado
Varejo ainda não está nos níveis pré-crise imobiliária, mas o Dia dos Solteiros superou as expectativas de vendas
“Estamos absolutamente prontos para abrir capital”, diz CEO do BV após banco registrar lucro recorde no 3T24
O BV reportou um lucro líquido de R$ 496 milhões no terceiro trimestre de 2024, um recorde para a instituição em apenas três meses
UBS rebaixa recomendação para Vale (VALE3) e corta preço-alvo dos ADRs em NY; o que está por trás do pessimismo com a mineradora?
Papéis da mineradora nas bolsas americana e brasileira operam em queda nesta segunda-feira (11), pressionando o Ibovespa
Compre China na baixa: a recomendação controversa de um dos principais especialistas na segunda maior economia do mundo
A frustração do mercado com o pacote trilionário da semana passada abre uma janela e oportunidade para o investidor que sabe esperar, segundo a Gavekal Research
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Gestor da Itaú Asset aposta em rali de fim de ano do Ibovespa com alta de até 20% — e conta o que falta para a arrancada
Luiz Ribeiro é responsável pelas carteiras de duas famílias de fundos de ações da Itaú Asset e administra um patrimônio de mais de R$ 2,2 bilhões em ativos