Dividendos ‘absurdos’: Bolsonaro volta a criticar Petrobras (PETR4) e diz que não quer lucro ‘fantástico’ para União
A estatal antecipou a distribuição de R$ 31,8 bilhões para seus acionistas. Somados ao dividendos já anunciados em agosto, a medida garante pelo menos R$ 63,4 bilhões em proventos

Mais uma vez na tentativa de se blindar de críticas sobre a alta dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro voltou a jogar o problema no colo da Petrobras (PETR4) e a criticar a empresa.
"Os dividendos são, no meu entender, absurdos. R$ 31 bilhões em três meses. Eu não quero na parte da União ter esse lucro fantástico", afirmou o chefe do Executivo na manhã desta segunda-feira (8), em entrevista à rádio Jovem Pan Curitiba
No final de outubro, Bolsonaro já havia dito que a Petrobras não poderia dar um lucro muito alto, causando impacto negativo no mercado financeiro. A petrolífera registrou lucro de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre deste ano.
O presidente ainda voltou a criticar a política de preços da Petrobras, chamada por ele de equivocada. "Nós somos autossuficientes em petróleo, não justifica isso aí. Não podemos ficar escravizados ao preço lá de fora", afirmou, sobre o alinhamento dos reajustes de preços no Brasil à variação do petróleo no mercado internacional.
Dividendos bilionários
A estatal divulgou no final de outubro lucro de R$ 31 bilhões e antecipou a distribuição de R$ 31,8 bilhões para seus acionistas, entre eles a União. Somados ao dividendos já anunciados em agosto, de R$ 31,6 bilhões, a medida garante aos acionistas pelo menos R$ 63,4 bilhões, cerca de US$ 12 bilhões.
Durante apresentações para trazer o resultado para analistas e jornalistas, Luna explicou que a decisão do Conselho de Administração, de antecipar a remuneração, "é consistente com nossa política de remuneração e compatível com a sustentabilidade financeira da companhia" e reafirmou o compromisso da empresa de dar retornos cada vez melhores aos acionistas.
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O diretor Financeiro e de Relações com os Investidores da empresa, Rodrigo Araújo, afirmou também que em um cenário positivo, a empresa poderá pagar um volume de dividendos superior a 60% do fluxo de caixa, previsto em sua política de remuneração. Anunciou ainda possível antecipação de mais dividendos no quarto trimestre do ano.
"Fazemos questão de que o máximo de eficiência dos nossos resultados gere o máximo de tributos e dividendos para a União, a gente pensa nos mais vulneráveis e de quem precisa para seu trabalho, com os caminhoneiros", disse o presidente da Petrobras.
Ameaça dos caminhoneiros
Por falar nos caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro também declarou, ainda em entrevista à rádio Jovem Pan Curitiba, que cresce a "tendência de caminhoneiros de parar o Brasil" por conta da alta dos combustíveis. "É uma coisa que afeta todo mundo", alertou o chefe do Executivo, sobre potenciais impactos de bloqueios.
Bolsonaro, no entanto, mais uma vez pediu responsabilização da Petrobras pelo salto no preço dos combustíveis. "Vamos reclamar de quem é realmente responsável por isso, a Petrobras", disse, dirigindo-se aos caminhoneiros. "A melhor coisa que pode fazer para o social é baratear os combustíveis", acrescentou o presidente.
O governo federal tem buscado desmobilizar possíveis protestos de caminhoneiros, uma base de apoio do Palácio do Planalto, preocupado com o impacto econômico de eventuais bloqueios em um contexto de crise.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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