BTG Pactual espera boas notícias na temporada de balanços do 4º trimestre
Banco revisa para cima projeções para resultados após recuperação da economia no final do ano passado
A temporada de balanços do quarto trimestre está a algumas semanas de começar, e a expectativa é de um desempenho positivo das companhias, graças à recuperação robusta que a economia apresentou no final de 2020.
O bom momento levou o BTG Pactual a revisar para cima suas perspectivas para o lucro das companhias de capital aberto (excluindo Vale e Petrobras, por distorcerem a análise, considerando o tamanho delas) em 7%, com 12 dos 18 setores tendo suas estimativas elevadas – no terceiro trimestre, isto ocorreu com apenas sete segmentos.
“Desde setembro, quando publicamos nossa última revisão para os resultados, as perspectivas para a recuperação econômica brasileira melhoraram. Os últimos dados apontam para uma robusta e intensa recuperação, que surpreendeu positivamente e foi especialmente forte nas vendas do varejo e na produção industrial”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi.
Quem deve se destacar
A revisão nas projeções foi puxada pelos segmentos de bancos, utilities (principalmente as empresas do setor elétrico), alimentos e construção civil.
Segundo o BTG Pactual, o lucro consolidado do setor bancário deve ser R$ 2,4 bilhões superior ao apurado nos três meses anteriores. A maior parte da revisão foi provocada pelo Santander (SANB11), que registrou no terceiro trimestre uma provisão para calotes muito menor que a esperada.
Os bons resultados no terceiro trimestre também foram os responsáveis por elevar as expectativas do BTG Pactual para os balanços dos últimos três meses de 2020, principalmente o desempenho da JBS (JBSS3).
A projeção para o resultado da parte de utilities passou por uma revisão positiva de 14% para refletir a alta do IGP-M nos últimos meses. As empresas da parte de transmissão de energia tiveram seus contratos reajustados pelo índice de inflação, gerando uma alta de 23% nos resultados previstos.
No caso das construtoras e incorporadoras, o BTG Pactual informou que a estimativa para o lucro do setor dobrou em relação à estimativa anterior, para R$ 2,9 bilhões, por causa da Cyrela (CYRE3), que teve um ganho de R$ 1,2 bilhão com as ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) das empresas Plano & Plano (PLPL3), Cury (CURY3) e Lavvi (LAVV3).
Por outro lado, o banco afirma que o setor aéreo deve continuar sentindo os efeitos da pandemia. Ele foi o que registrou a maior revisão negativa para os resultados, da ordem de R$ 2,1 bilhões
Otimismo para 2021
Após terem sentido duramente os efeitos da crise de covid-19 em 2020, as empresas devem ver uma retomada robusta de seus resultados neste ano, de acordo com o relatório.
Excluindo Vale e Petrobras, os analistas do BTG Pactual estimam que os resultados devem ser 68% superiores aos vistos em 2020 e superando o patamar de 2019, quando ainda não haviam sido sentidas consequências econômicas da pandemia, em 24%.
A nova projeção para este ano também representa um avanço de 8% ante o esperado anteriormente, puxado pelo desempenho das empresas de commodities, que devem aproveitar a valorização de seus produtos no mercado internacional e o real depreciado.
“Em 2021, apesar de termos aumentado nossas estimativas para os resultados de diversos setores nos últimos três meses, apenas siderurgia e mineração, utilities, papel e celulose e agronegócio devem reportar resultados acima das nossas estimativas pré-pandemia”, diz o relatório.