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Kaype Abreu

Kaype Abreu

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Colaborou com Estadão, Gazeta do Povo, entre outros.

mercado de ações

A B3 vai ter concorrência, mas não hoje: os riscos e oportunidades dos desafiantes ao monopólio da bolsa brasileira

Autorização para a empresa Mark2Market operar como central depositária de títulos volta a esquentar debate sobre atuação da B3, mas mercado vê quebra de monopólio improvável no curto prazo

Kaype Abreu
Kaype Abreu
21 de junho de 2021
6:04 - atualizado às 16:01
B3, a bolsa brasileira, nada sozinha. - Imagem: Shutterstock, com intervenção de Andrei Morais

Monopólio é ruim? Depende do seu ponto de vista. Para o consumidor é péssimo, mas para os acionistas de uma empresa que atua sozinha no mercado é uma maravilha. Que o diga a B3 (B3SA3), a operadora da bolsa de valores brasileira.

Todas as negociações com ações, derivativos e títulos de renda fixa privados realizados no mercado brasileiro passam hoje pela B3. Estamos falando de um negócio que rendeu R$ 1,3 bilhão em lucro apenas no primeiro trimestre deste ano, com uma margem Ebitda de impressionantes 83%.

O aumento no número de investidores e dos volumes diante do cenário de juros baixos — fenômeno chamado de "financial deepening" — beneficia ainda mais a operadora da bolsa.

Mas se esse negócio é tão bom, por que até agora ninguém montou uma bolsa concorrente no Brasil? Nos últimos dias, houve ao menos um avanço dessa discussão.

É que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou a empresa Mark2Market a operar como central depositária de títulos — um dos serviços realizados pela B3.

O aval foi dado dias depois dos rumores de que a XP estaria planejando criar uma concorrente para a operadora da bolsa brasileira.

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A Mark2Market é uma plataforma de gestão de operações financeiras que atuará, em um primeiro momento, com recebíveis agrícolas. Mas empresa acredita que poderá prestar serviços a uma potencial Bolsa concorrente da B3.

Já a história envolvendo a XP, por ora, é apenas uma análise que surgiu do banco norte-americano JP Morgan, que viu na saída do representante da corretora do conselho da B3 um sinal de que a empresa teria planos para uma concorrente.

Não é a primeira vez que o mercado fala em uma concorrente para a B3, empresa criada em 2017 com a fusão entre BM&FBovespa e Cetip. Bolsas internacionais como a Bats e a Direct Edge chegaram a anunciar a entrada no país no passado, mas não levaram os planos adiante.

O grande problema para os postulantes à quebra do monopólio é que montar uma bolsa de valores não é uma tarefa nada simples.

Os únicos competidores para a B3 estão hoje no exterior. Tanto a Nasdaq como a Nyse tentam abocanhar um pedacinho desse filão atraindo empresas brasileiras para listarem suas ações em Nova York. Ainda assim, trata-se de uma ameaça muito localizada para chamarmos de concorrência propriamente dita.

Uma empresa, três camadas

A operadora da bolsa é composta de três "camadas": a de negociação, a clearing e a depositária. Cada uma representa um nível diferente de dificuldade para uma segunda empresa operar.

A primeira camada, que gera comissões correspondentes a cerca de 10% da receita da B3, seria a mais fácil de outra empresa reproduzir, segundo Larissa Quaresma, analista da Empiricus.

O desafio maior para uma nova empresa, diz a especialista, seria desempenhar a função de "clearing" — que realiza o registro, aceitação, compensação, liquidação e gerenciamento do risco de contraparte de operações.

"As comissões decorrentes dessa atividade, no fundo de compensações pelo risco assumido pela Bolsa, correspondem a quase 70% da receita da B3", lembra Quaresma.

A analista diz que a função depositária, que corresponde a outros 10% da receita da B3, também não seria uma barreira tão difícil para uma nova empresa romper. É nessa fase que a Mark2Market vai operar.

O CEO da empresa, Rodrigo Amato, vê na função de depositária uma "porta de entrada" para outros serviços. "O plano é fazer bem feito uma depositária de CRA, para conquistar a confiança do regulador e no curto prazo (seis meses), pedir a expansão para outros títulos", disse o executivo ao Seu Dinheiro.

"A nossa missão é ter um escopo muito mais abrangente de serviços e títulos do que hoje. O Nubank, por exemplo, quando começou era um app de gestão de despesa no cartão de crédito, mas faz muito mais do que isso hoje. Teve um ponto de partida aí".

Rodrigo Amato, CEO da Mark2Market

A Mark2Market levou três anos e meio para conseguir autorização como depositária. Neste mês, a empresa recebeu um aporte de R$ 10,8 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela gestora de venture capital KPTL.

Os recursos ajudarão a companhia a aumentar o ritmo de integração de soluções e backlog, segundo Amato. "O investimento acelera nosso processo de desenvolvimento, para nos estabelecermos rapidamente no mercado".

A ideia, de acordo com o executivo, é que quando surgirem mais concorrentes, a Mark2Martet esteja bem estabelecida. Amato vê mais companhias atuando em soluções menores, passada a barreira da autorização da CVM.

O CEO da Mark2Market reconhece, no entanto, que o momento não é de competir com a atual operadora da bolsa, mas conquistar a confiança do mercado. "Atingir a abrangência de serviços da B3 é muito difícil até no futuro, por uma questão de eficiência de capital", afirma.

Para Amato, apesar de a B3 dominar o mercado, a empresa não pode subestimar um potencial concorrente. "Acho que [a operadora da bolsa] está atenta".

Risco para a B3?

O risco que o JP Morgan apontou em relatório, dos efeitos de uma possível concorrente para a B3, não é unanimidade entre analistas, que em geral não fizeram grandes alterações sobre as perspectivas para os papéis da operadora da bolsa.

O Credit Suisse, por exemplo, tem recomendação de compra para as ações da empresa, com preço-alvo de R$ 24,67. A própria Empiricus mantém os papéis em algumas das suas principais carteiras.

A principal tese é de que a empresa tem um sólido monopólio e que há muito espaço para crescer: as pessoas físicas registradas para investimento direto em ações representam menos de 3% da população — nos EUA, por exemplo, são mais de 15%.

Quaresma, da Empiricus, vê exagero na posição do JP Morgan, que alterou a recomendação de "compra" para neutro" em relação aos papéis da B3 e botou preço-alvo de R$ 21.

"Mas é preciso lembrar que será um ano difícil para a B3 por conta da base de comparação. A bolsa ganha por volume de negociação e no passado a volatilidade foi muito grande".

Larissa Quaresma, analista da Empiricus

Os analistas do JP Morgan citaram o México, onde a inauguração da Bolsa Institucional de Valores (Biva) em 2018, a segunda do país, teve impacto de 30% sobre o preço dos papéis na Bolsa Mexicana de Valores (BMV).

Segundo o JP Morgan, em um cenário competitivo, a B3 teria de comprimir as margens substancialmente em um primeiro momento. O banco também justificou a nova recomendação para as ações da B3 com os volumes de negociação "potencialmente mais fracos".

Em abril, o mercado de ações movimentou R$ 31,5 bilhões diários, uma queda de 14% em relação ao mês anterior — mas uma alta anual de 13%. A projeção anterior do JP Morgan era de que a B3 movimentasse R$ 37 bilhões, na média anual. Mas o banco atualizou a estimativa para R$ 35 bilhões.

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