Ações da Vale aprofundam queda com sinais ruins do relatório de produção e vendas no 3º trimestre. Hora de comprar VALE3?
Analistas apontam que, enquanto a produção foi sólida, a venda de minério de ferro veio abaixo do esperado até pelas estimativas mais conservadoras
Os números de produção e venda de minério de ferro da Vale (VALE3), divulgados na noite de ontem, repercutem no mercado nesta quarta-feira (20).
Com a matéria-prima do aço acumulando perdas expressivas neste ano, analistas e investidores observam com lupa os resultados da mineradora.
Parte deles concorda que, enquanto a produção foi sólida no terceiro trimestre, a venda de minério de ferro veio abaixo do esperado até pelas estimativas mais conservadoras.
Como resultado, as ações da companhia recuam forte no pregão de hoje, marcado pela volatilidade do Ibovespa. Os papéis VALE3 fecharam em queda de 3,37%, a R$ 76,34 nesta quarta.
Destaques do trimestre
Mas o que causou decepção no mercado? A resposta não está na produção de minério de ferro, que cresceu 18,1% entre julho e setembro deste ano, na comparação com o trimestre anterior.
A mineradora entregou 89,4 milhões de toneladas métricas (Mt) da matéria-prima do aço no período, contra 75,6 Mt no segundo trimestre.
Além disso, a Vale manteve o guidance, sua meta de produção da commodity, entre 315 milhões e 335 milhões de toneladas em 2021, mas já avisou que o total deverá ficar “abaixo do meio do intervalo” para a estratégia de maximização de margens da empresa.
Vendas desapontaram
Por outro lado, as vendas da companhia ficaram próximas da estabilidade, com alta de 1,4% em relação ao trimestre anterior e 2,2% na comparação com o 3T21. Foram vendidos 75,9 Mt de finos e pelotas de minério de ferro.
De acordo com a empresa, a diferença de 13 milhões de toneladas entre o volume produzido e vendido é explicada pela estratégia aplicada pela mineradora.
Chamada de “value over volume”, a técnica prevê a redução na comercialização de produtos de minério de ferro de alta sílica em razão do nível de preços de mercado.
Os analistas da XP esperam que esse estoque acumulado para manutenção dos preços seja revertido no próximo trimestre. Já o Credit Suisse considera “improvável” que o montante seja vendido em breve e, como consequência, aposta que as vendas ficarão entre 300 e 310 Mt no ano.
Para o JP Morgan, mesmo fazendo parte de uma tentativa de manter as margens de preço, a performance deve levar a uma queda nas projeções de lucro da empresa.
“Assim como estamos fazendo hoje, esperamos que o desempenho pobre traduza-se em um rebaixamento no consenso sobre os ganhos”, escreveram os analistas, em relatório.
Para o Bank of America, com perspectivas de um quarto trimestre “instável” na China — a maior compradora de minério de ferro da Vale — e “políticas de aço desfavoráveis”, o ajuste para baixo nas projeções de lucros deve seguir por alguns meses.
O que fazer com as ações da Vale (VALE3)?
Apesar de concordarem sobre a decepção com as vendas da mineradora, a maioria dos analistas segue com uma visão positiva para as ações e ADRs (recibos de ações negociados no exterior) da Vale.
Veja abaixo as recomendações:
- Bank of America: recomendação neutra e preço-alvo de US$ 20,00 para os ADRs;
- BTG Pactual: recomendação de compra e preço-alvo de US$ 22,00 para os ADRs;
- Credit Suisse: recomendação outperform (equivale à compra) e preço-alvo de US$ 24,00 para os ADRs;
- JP Morgan: recomendação overweight (equivale à compra) e preços-alvo de R$ 135,00 para as ações e US$ 24,50 para os ADRs;
- XP: recomendação de compra e preço-alvo em R$ 122 para as ações.