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Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores
Análise

Assumindo riscos, Sérgio Rial levou Santander da lanterna para a liderança de rentabilidade entre os bancos

“A brincadeira [entre os rivais] era ‘não se preocupe, porque o Santander vai encontrar o poste’”, me disse Rial, na entrevista inaugural ao Seu Dinheiro

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
27 de julho de 2021
21:07 - atualizado às 21:15
Sérgio Rial, presidente do banco Santander, na sede do Banco em São Paulo
Sergio Rial - Imagem: Murillo Constantino/Quartetto

A estreia do Seu Dinheiro, em setembro de 2018, foi marcada por uma entrevista com Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil. Ao aceitar falar com um veículo de imprensa que sequer existia na época, o executivo que deixa o cargo no fim deste ano assumiu uma postura que não é comum entre profissionais de alto escalão, ainda por cima banqueiros.

Mas essa não foi a única vez em que Rial mostrou ter aptidão para correr riscos calculados desde que assumiu o comando da unidade local do banco espanhol.

Esse comportamento “radical” se fez presente em uma das festas de confraternização de fim de ano realizadas pelo banco, quando surgiu deslizando por uma corda de rapel.

A celebração para 40 mil funcionários realizada no estádio Allianz Parque marcou um dos pontos de virada da atuação do Santander no país.

Quando Rial se sentou na cadeira de CEO, às vésperas do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o banco espanhol amargava a lanterna de rentabilidade entre os grandes privados.

Os resultados eram tão fracos que a matriz havia tentado pouco tempo antes até fechar o capital do banco no país, aproveitando os preços depreciados das ações na B3.

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Enquanto os concorrentes diretos se dividiam entre a cautela com o cenário e desafios internos, Rial fez o Santander pisar no acelerador. “A brincadeira [entre os rivais] era ‘não se preocupe, porque o Santander vai encontrar o poste’”, me disse Rial, na entrevista inaugural ao Seu Dinheiro.

O banco não só se desviou das cascas de banana no meio do caminho como aproveitou o momento para ganhar espaço. Passou o Bradesco em rentabilidade enquanto o banco ainda digeria a mega-aquisição do HSBC no país.

E no ano passado, em plena pandemia, alcançou um feito impensável até pouco tempo antes: tomar do Itaú Unibanco a liderança entre os bancos mais rentáveis do país.

O segredo para chegar ao topo foi o mesmo. Enquanto os rivais constituíram provisões multibilionárias para defender os balanços contra os efeitos da crise da covid-19, o Santander foi bem menos conservador. Desta forma, teve um resultado bem melhor em 2020.

Rial também soube corrigir a rota quando a estratégia não deu resultados. É o caso da aposta em começar do zero uma plataforma de investimentos para entrar na disputa no mercado liderado pela XP. Ao perceber que o plano não avançava na velocidade desejada, o Santander fechou a compra da Toro, que passou a ser o cavalo de batalha do banco.

Pode-se dizer que a maior crise enfrentada por Rial à frente do Santander nem teve relação direta com as áreas de negócio tradicionais. Em 2017, o banco se viu em uma polêmica de grandes proporções com o cancelamento do Queermuseu, uma exposição sobre diversidade realizada em Porto Alegre, após pressão de grupos conservadores.

De modo geral, o trabalho do executivo recebe poucas críticas. A principal delas é a de que parte dos resultados alcançados pelo banco não são sustentáveis no longo prazo.

Rial tem mais uma chance de provar o contrário se conseguir manter a liderança entre os gigantes do varejo bancário brasileiro ao entregar o cargo para o sucessor.

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