🔴 SAVE THE DATE – 25/11: MOEDA COM POTENCIAL DE 30.000% DE VALORIZAÇÃO SERÁ REVELADA – VEJA COMO ACESSAR

Kaype Abreu
Kaype Abreu
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Colaborou com Estadão, Gazeta do Povo, entre outros.
entrevista

Dólar cai quando entrar governo ‘menos lunático’, diz ex-ministro Rubens Ricupero

Diplomata vê inépcia do governo com a pandemia e diz que a Cúpula do Clima, que começa nesta quinta, é a “última chance” para o Brasil apresentar contribuição mais ambiciosa de combate à crise climática

Kaype Abreu
Kaype Abreu
22 de abril de 2021
6:01 - atualizado às 1:37
São Paulo, SP, Brasil. 24 de fevereiro de 2021. Faculdade de Economia. Aula Magna com o Embaixador Rubens Ricupero, Diretor da Faculdade Armando Alvares Penteado. - Imagem: Fernando Silveira/FAAP

O dólar está nas alturas em consequência da crise desencadeada pela pandemia — que fragilizou ainda mais as contas públicas e exigiu a derrubada da Selic, tornando o investimento no Brasil menos atraente por conta do diferencial de juros entre as economias. É o que diz parte do mercado.

Para o ex-ministro da Fazenda e diplomata Rubens Ricupero, esses fatores explicam apenas parte da valorização da moeda norte-americana. Segundo ele, o câmbio deveria estar na faixa de R$ 4,50, não fosse o governo de Jair Bolsonaro afastando investidores estrangeiros. O dólar está acima de R$ 5,50.

Com ampla experiência em questões internacionais, Ricupero afirma que um Executivo "normal" traria alívios imediatos à economia. "Se entrar um governo menos lunático, até o câmbio se ajusta", diz o hoje diretor da instituição de ensino FAAP em entrevista ao Seu Dinheiro.

É ao governo federal e a sua falta de compromisso com a agenda social e ambiental que o ministro do Meio Ambiente e da Fazenda do governo Itamar Franco credita uma série de desajustes na economia — e não só à pandemia.

Assim como muitas pessoas a par do assunto, Ricupero vê na Cúpula de Líderes sobre o Clima, convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a "última chance" de o governo brasileiro demonstrar compromisso no combate ao desmatamento ilegal da Amazônia.

Segundo Ricupero, durante o encontro que acontece nesta quinta (22) e sexta-feira (23), o Brasil precisa apresentar uma contribuição mais ambiciosa às metas do Acordo de Paris — tratado de 2015 que rege medidas de redução de emissão de gases estufa.

Leia Também

No último dia 14, o presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta ao líder norte-americano, na qual pediu apoio para zerar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030. O documento tem o que Biden gostaria de ouvir, mas é o contrário do que o governo pratica, segundo o ex-ministro.

Ricupero fala na necessidade de uma ação coordenada do governo para reestabelecer a credibilidade internacional, muito mais do que uma troca de ministro. "O [Ricardo] Salles está em uma atitude quase de chantagem, dizendo que o Brasil só vai fazer algo se receber dinheiro de fora. O que é irresponsável".

Embaixador do Brasil na ONU, nos EUA e na Itália, Ricupero foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra, de 1995 a 2004. Ele é autor de, entre outros, "A Diplomacia na Construção do Brasil. 1750-2016" (Versal Editores) e "O Brasil e o Dilema da Globalização" (Senac).

Estagflação à frente

Além dos desafios da política externa, Ricupero avalia que é possível o Brasil passar por um período prolongado de inflação alta e atividade em baixa, a estagflação.

"Muitos dos fatores do aumento de preços não dependem das políticas do governo", afirma, citando a política monetária como uma das poucas ferramentas para conter o avanço da inflação.

O ex-ministro diz que via como mais adequado um aumento da taxa básica de juros de 2% para 2,25% — e não a alta para 2,75%, como foi feito pelo Copom na última reunião. "Achei que foi um ajuste muito forte para uma economia ainda prostrada".

Para o diplomata, 2021 será um ano "difícil". Ele entende que a nova rodada do auxílio emergencial será insuficiente para sustentar a economia e que a tendência é de prolongamento da pandemia "por causa da inépcia do governo".

Ricupero critica em particular a postura na compra de vacinas adotada pelo Ministério da Saúde. "Não há como explicar por que rejeitaram a oferta da Pfizer no ano passado."

A farmacêutica comunicou em março que o governo brasileiro recusou uma oferta de 70 milhões de doses de vacina em agosto de 2020, de um total de três propostas.

Hoje, cerca de 6% da população do país recebeu a segunda dose do imunizante contra a covid-19 — sendo a maior parte da Coronavac, a vacina produzida pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo.

Custo Brasil, reformas e privatizações

Para Ricupero, o dólar muito volátil prejudica a indústria, que não consegue prever os negócios. Segundo ele, o governo deveria enfrentar os componentes do "Custo Brasil" — nível de dificuldade de se investir no país, composto, por exemplo, pela carga tributária.

As discussões como a da reforma tributária, que deve simplificar as regras na cobrança de impostos no país, estão travadas no Congresso em meio ao agravamento da pandemia.

O ex-ministro lembra que, mesmo antes da chegada da covid-19, o governo pouco tinha avançado na agenda liberal, prometida durante a campanha eleitoral. "Mesmo a reforma da Previdência a gestão atual herdou praticamente pronta [do governo Michel Temer]", diz.

Segundo ele, todas as promessas do Ministério da Economia foram "muito fantasiosas". À frente da pasta, Paulo Guedes disse no início do governo que zeraria o déficit público em um ano e arrecadaria cerca de R$ 2 trilhões com privatizações e vendas de imóveis.

"As promessas já demonstravam a pouca responsabilidade", diz Ricupero. "A gente sabe que, ainda que fosse possível vender tudo, nós estaríamos muito longe dessas quantias."

Com o aumento dos gastos para conter os efeitos da pandemia, o governo registrou no ano passado um rombo fiscal de R$ 743,1 bilhões — pior resultado da série histórica iniciada há 24 anos.

“Qualquer pessoa que conhece as finanças brasileiras sabe da complexidade do déficit público. Se fosse fácil [zerá-lo], não teria desafiado todos os governos.”

A lista de críticas de Ricupero também passa pela reforma administrativa "anunciada por meses", pelo processo de demissão do então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e pela saída do CEO do Banco do Brasil, André Brandão. "É um governo sem rumo, com um presidente totalmente desprovido de capacidade de administrar [o país]".

O substituto de Ernesto

A decisão do governo em colocar o chanceler Carlos França à frente do Ministério das Relações Exteriores é bem avaliada por Ricupero, que ressalta o perfil "estimado" por colegas do Itamaraty. "É um homem que está com os dois pés na Terra".

No entanto, Ricupero ressalta que há frentes de atuação que dizem respeito ao trabalho da pasta, mas que não dependem só do novo ministro — como a área ambiental e a de direitos humanos.

“O Itamaraty não pode fazer tudo sozinho. Por mais que França tenha uma visão correta e inteligente, ele é ministro de um presidente que não tem nenhuma dessas qualidades.”

Já a troca na Saúde, com a chegada de Marcelo Queiroga, é vista por Ricupero como reflexo de, entre outras coisas, a carta de economistas e agentes do mercado financeiro — da qual ele foi signatário.

Durante a pandemia, o diplomata de 84 anos segue em atividade. Ele já tomou a primeira dose da vacina, da AstraZeneca/Oxford, e deve voltar a tomar o imunizante na última semana de maio. "Foi no Pacaembu [em que tomei a vacina]. Sabe que a gente não escolhe [a origem do imunizante], né? Mas estou satisfeito".

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira

15 de novembro de 2024 - 9:32

Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad

14 de novembro de 2024 - 8:19

Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA

13 de novembro de 2024 - 8:09

Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar

MERCADO DE ARTE

Arte de milionária: primeira pintura feita por robô humanoide é vendida por mais de US$ 1 milhão

12 de novembro de 2024 - 17:30

A obra em homenagem ao matemático Alan Turing tem valor próximo ao do quadro “Navio Negreiro”, de Cândido Portinari, que foi leiloado em 2012 por US$ 1,14 milhão e é considerado um dos mais caros entre artistas brasileiros até então

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado

12 de novembro de 2024 - 7:01

Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo

TEMPORADA DE RESULTADOS

“Estamos absolutamente prontos para abrir capital”, diz CEO do BV após banco registrar lucro recorde no 3T24

11 de novembro de 2024 - 18:36

O BV reportou um lucro líquido de R$ 496 milhões no terceiro trimestre de 2024, um recorde para a instituição em apenas três meses

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Gestor da Itaú Asset aposta em rali de fim de ano do Ibovespa com alta de até 20% — e conta o que falta para a arrancada 

11 de novembro de 2024 - 6:19

Luiz Ribeiro é responsável pelas carteiras de duas famílias de fundos de ações da Itaú Asset e administra um patrimônio de mais de R$ 2,2 bilhões em ativos

SUECOS VÃO ÀS COMPRAS

Como um acordo entre o Brasil e a Suécia deve impulsionar as vendas da Embraer (EMBR3)

10 de novembro de 2024 - 14:02

De acordo com a carta de intenções, a FAB irá comprar caças suecos Gripen, enquanto os europeus irão adquirir as aeronaves C-390 Millennium da Embraer

MELHOR QUE O ESPERADO

Magazine Luiza (MGLU3) “à prova de Selic”: Varejista surpreende com lucro de R$ 102 milhões e receita forte no 3T24 

7 de novembro de 2024 - 18:43

No quarto trimestre consecutivo no azul, o lucro líquido do Magalu veio bem acima das estimativas do mercado, com ganhos da ordem de R$ 35,8 milhões

MERCADOS HOJE

Ibovespa segue com a roda presa no fiscal e cai 0,51%, dólar fecha estável a R$ 5,6753; Wall Street comemora pelo 2° dia

7 de novembro de 2024 - 18:15

Por lá, o presidente do BC dos EUA alimenta incertezas sobre a continuidade do ciclo de corte de juros em dezembro. Por aqui, as notícias de um pacote de corte de gastos mais modesto desanima os investidores.

TROCANDO DE MÃOS

Oncoclínicas (ONCO3): Goldman Sachs faz cisão da participação na rede de oncologia e aumenta especulações sobre venda

7 de novembro de 2024 - 10:11

Após quase uma década desde que começou a investir na empresa, o mercado passou a especular sobre o que o Goldman pretende fazer com a participação na companhia

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras

7 de novembro de 2024 - 8:17

Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa

APÓS BALANÇO

Qual empresa brasileira ganha com a vitória de Trump? Gerdau (GGBR4) é aposta de bancão e sobe mais de 7% hoje

6 de novembro de 2024 - 15:05

Também contribui para o bom desempenho da Gerdau a aprovação para distribuição de R$ 619,4 milhões em dividendos aos acionistas

A REAÇÃO DO MERCADOS

O Ibovespa não gosta de Trump? Por que a vitória do republicano desceu amarga para a bolsa brasileira enquanto Nova York bateu sequência de recordes

6 de novembro de 2024 - 12:15

Em Wall Street, as ações da Tesla — cujo dono, Elon Musk, é um grande apoiador de Trump — deram um salto de 15%; outros ativos também tiram vantagem da vitória do republicano. Por aqui, o Ibovespa não celebra o resultado das eleições nos EUA e afunda

O QUE FAZER AGORA

Como lucrar com o Trump Trade: 4 investimentos que ganham com a volta do republicano à Casa Branca — e o dilema do dólar

6 de novembro de 2024 - 11:28

De modo geral, os investidores se preparam para um mundo com dólar forte com Trump, além de mais inflação e juros

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais rápido do que se imaginava: Trump assegura vitória no Colégio Eleitoral e vai voltar à Casa Branca; Copom se prepara para subir os juros

6 de novembro de 2024 - 8:20

Das bolsas ao bitcoin, ativos de risco sobem com confirmação da vitória de Trump nos EUA, que coloca pressão sobre o dólar e os juros

PRÉ-COPOM

Selic deve subir nas próximas reuniões e ficar acima de 12% por um bom tempo, mostra pesquisa do BTG Pactual

4 de novembro de 2024 - 13:39

Taxa básica de juros deve atingir os 12,25% ao ano no início de 2025, de acordo com o levantamento realizado com gestores, traders e economistas

AÇÃO DO MÊS

Itaú (ITUB4) supera Vale (VALE3) e se torna a ação mais indicada para investir em novembro; veja o ranking com recomendações de 13 corretoras

4 de novembro de 2024 - 10:09

O otimismo dos analistas tem base em dois pilares principais: a expectativa de um balanço forte no 3T24 e a busca por um porto seguro na B3

HORÁRIO DE VERÃO

Anote na agenda: bolsa terá novo horário a partir de segunda-feira (4); veja como fica a negociação de FIIs, ETFs e renda fixa

3 de novembro de 2024 - 16:48

A mudança ocorre todos os anos para se adequar ao fim do horário de verão nos Estados Unidos, que vai de março a novembro e se encerra esta semana

VIAGEM CANCELADA

Permanência de Haddad no Brasil deve aliviar abertura da bolsa na segunda-feira, avaliam especialistas

3 de novembro de 2024 - 14:38

Segundo nota divulgada pela Fazenda nesta manhã, o ministro permanecerá em Brasília para tratar de “temas domésticos” a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar