Relembre os principais eventos que fizeram você ganhar e perder dinheiro em 2021
Se você chorou ou sorriu em 2021, o importante é que, como sempre, não faltaram emoções durante o ano. E isso inclui os seus investimentos.
A esperança de um 2021 diferente fez com que as coisas começassem animadas nos mercados. Mas o que prevaleceu, pelo menos aqui no Brasil, foi o “velho normal”, com o ressurgimento da renda fixa e um ano para esquecer na bolsa.
Durante uma parte considerável do ano parecia que o mercado brasileiro teria um novo recorde de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs). Não aconteceu.
Apesar da expectativa frustrada, o número de empresas que estreou na bolsa foi considerável e a arrecadação, pelo menos em termos nominais, foi recorde. O que deixou a desejar foi o desempenho das ações das novatas na bolsa.
Se houve uma oferta pública que deu o que falar, foi a do Nubank. O banco digital do conhecido cartão roxo conseguiu emplacar na estreia e superou o valor de mercado de ninguém menos que o Itaú Unibanco.
A pandemia da covid-19 também ameaçou uma trégua, ainda mais com o avanço da vacinação. Mas o surgimento de variantes mais transmissíveis e a dificuldade de vacinar a população em escala global mantêm os investidores em alerta.
Do lado econômico, um dos efeitos colaterais da pandemia foi o despertar do dragão da inflação, e não só aqui no Brasil. Até mesmo nos Estados Unidos, onde se julgava que o bicho estava extinto, a população sofreu com a alta dos preços.
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Em resposta, o Federal Reserve (Fed), que nos momentos de crise mais aguda garantiu liquidez ao mercado, começou a acelerar a retirada dos estímulos monetários e pode começar a subir os juros antes do previsto inicialmente.
Por aqui, o Banco Central começou a agir ainda no começo do ano, mas as altas sucessivas da taxa básica de juros (Selic) não foram suficientes para conter a escalada da inflação.
A alta dos preços também reacendeu os temores do mercado de interferência na Petrobras, ainda mais depois de o presidente Jair Bolsonaro pedir a cabeça do ex-presidente da estatal, Roberto Castello Branco.
Aliás, a política deu o que falar com a crise entre os poderes e novos (velhos) candidatos indicando que podem entrar no jogo eleitoral de 2022.
A cereja do bolo foi a PEC dos precatórios, que abalou a estrutura do teto de gastos e, junto com ele, a confiança dos investidores no país.
Entre os investimentos de risco, só quem se salvou em 2021 foram as criptomoedas. Mas quem investiu em bitcoin ao longo do ano não se livrou dos sustos.
A principal criptomoeda do mercado chacoalhou muito, mas terminou o ano no azul, permitindo um final feliz para quem comprou o ativo no começo do ano e segurou até agora.
O universo cripto ficou ainda mais quente com o surgimento de novos termos, como o NFT e Metaverso, que abriram as portas para novas aplicações da tecnologia.
E por falar em Metaverso, Facebook agora é sinônimo apenas da rede social, já que a empresa de Mark Zuckerberg trocou de nome e agora se chama Meta.
Confira tudo isso em detalhes na retrospectiva que o Seu Dinheiro preparou especialmente para você.
Um ano para esquecer na bolsa
Se o ano começou com as expectativas lá no alto, não demorou muito para o jogo virar. No primeiro mês do ano o otimismo imperava no mercado. O Ibovespa chegou a romper os 130 mil pontos na máxima do ano. Parecia o começo de um sonho… deu tudo errado.
Enquanto as bolsas nos Estados Unidos bateram recordes sucessivos, por aqui o principal índice da B3 engrenou uma sequência impressionante de quedas e fechou o ano em melancólicos 104.822 pontos.
Afinal, o que aconteceu com a bolsa brasileira? Você encontra parte das respostas nos próximos itens desta lista.
Bolsonaro ameaça, STF responde e Temer escreve a carta
Os negócios na bolsa começaram a pesar em agosto, mas afundaram mesmo a partir de setembro, mês em que o país viveu uma turbulência política que beirou uma crise institucional.
Pegando carona nas acusações infundadas de fraude nas eleições norte-americanas, ainda em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro entrou em campanha pela adoção do voto impresso nas eleições de 2022. Uma proposta chegou a ser votada na Câmara, mas saiu derrotada.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro passou a atacar o STF em meio às investigações do inquérito das “fake news”. O ápice da crise aconteceu no feriado do 7 de setembro, quando o o presidente afirmou que não cumpriria mais ordens da corte suprema e chamou o juiz Alexandre de Moraes de “canalha”.
As declarações provocaram uma crise entre os poderes, até que chegou o “bombeiro” Michel Temer para apaziguar os ânimos.
O ex-presidente redigiu uma carta que trouxe um pedido de desculpas de Bolsonaro.
A carta começa dizendo: “Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.”
Para o mercado o estrago já estava feito, o mês de setembro terminou com o Ibovespa girando em torno dos 110 mil pontos, curva de juros DI empinando e dólar subindo.
O teto rachou de vez
Os investidores ainda recuperavam os cacos da crise política quando outra bomba estourou, esta do lado fiscal. A PEC dos Precatórios jogou ainda mais gasolina na fogueira econômica que 2021 se tornou. A proposta aprovada em dezembro limitou o pagamento de precatórios — as dívidas reconhecidas pela Justiça — pelo governo federal.
Além do “devo não nego, pago quando puder”, o governo aprovou um aumento nos gastos para incluir um aumento no Auxílio Brasil (programa que vai substituir o Bolsa Família) e uma série de emendas parlamentares.
Lula de volta (e Moro também)
As movimentações no tabuleiro da política nacional também movimentaram o mercado neste ano.
Em decisão que levou em conta os documentos produzidos pela chamada “Vaza-Jato”, o STF decidiu declarar o ex-juiz Sérgio Moro suspeito, o que fez com que as ações movidas pelo MP contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltassem à estaca zero.
Com isso, o ex-presidente tornou-se elegível novamente, e favoritíssimo nas pesquisas eleitorais para a sucessão de Jair Bolsonaro.
O petista deverá enfrentar seu algoz nas urnas. Moro voltou aos holofotes ao se filiar ao Podemos e se apresentar como pré-candidato à Presidência da República
A volta do dragão da inflação e dos juros altos
Uma criatura que parecia extinta — ou pelo menos domada — ganhou as ruas em 2021. Estou falando do dragão da inflação.
O país caminha para encerrar o ano com uma alta acima de 10% do IPCA, o índice oficial de preços. Para você ter uma ideia, no início do ano parte do mercado acreditava em uma inflação abaixo do centro da meta, que era de 3,75%.
Com a alta dos preços, o Banco Central precisou agir, o que levou a taxa básica de juros da mínima histórica de 2% para os 9,25% ao ano agora em dezembro.
E o BC já sinalizou que seguirá com o aperto monetário, com mais uma alta de 1,5 ponto percentual “contratada” para janeiro de 2022.
O BC dos EUA começa a tapar o buraco
Nos Estados Unidos a alta de preços também obrigou o Fed a se mexer. Em resposta à inflação persistente, ao fortalecimento mais rápido da economia e ao desemprego em queda, o Banco Central dos EUA deu início ao chamado tapering — a retirada dos estímulos monetários.
Desde o início da crise da covid-19, o Fed vinha promovendo compras mensais de US$ 120 bilhões de títulos no mercado. No ritmo atual de retirada dos estímulos, o Fed deve parar de engordar seu balanço até março de 2022.
E já se fala em alta de juros na maior economia do mundo no ano que vem, algo que não estava nos planos do Fed.
Euforia e decepção com os IPOs na B3
O começo do ano também trouxe a expectativa de que a bolsa brasileira pudesse bater um recorde já um tanto antigo: o de maior número de IPOs (oferta pública de ações) em um único ano.
O número a ser batido era o de 2007, quando foram feitas 64 ofertas públicas e os agentes econômicos pareciam confiantes que 2021 seria o ano para deixar o número para trás.
Não deu certo. Apesar de termos visto cerca de 45 novas listagens em território nacional, a expectativa era de que mais de 70 empresas passariam a ter seus papéis negociados na B3.
Em valores nominais o volume captado até superou o de 2007, já que foram R$ 140 bilhões movimentados neste ano frente aos R$ 70,1 bilhões movimentados em 2007. Contudo, se corrigirmos pela inflação, para bater o recorde teriam de ter sido arrecadados mais de R$ 200 bilhões.
Nubank estreia em Nova York e vale mais que o Itaú
Com menos de uma década de vida, o Nubank encerrou o ano de 2021 como a instituição financeira mais valiosa da América Latina.
O banco digital fez um badalado IPO na bolsa de Nova York, quando foi avaliado em US$ 41,4 bilhões, ou R$ 229 bilhões pelo câmbio de hoje.
Desta forma, o Nubank ultrapassou o Itaú Unibanco (ITUB4), que no dia da estreia do concorrente valia R$ 216 bilhões na B3.
A montanha russa (ou chinesa) do bitcoin e das criptomoedas
O ano de 2021 marcou mais uma máxima histórica do bitcoin. A principal criptomoeda do mercado beirou os US$ 70 mil no melhor momento. Mas a conhecida volatilidade dos criptoativos também deu as caras ao longo do ano.
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O início das negociações com derivativos de criptomoedas nos EUA deu fôlego ao bitcoin nos melhores momentos. Mas a moeda digital sofreu quando a China decidiu banir a mineração de criptos do país.
NFT - a palavra do ano
Quando o assunto é criptoativos, quem roubou a cena neste ano foram as NFTs. Aquele pedacinho de informação não reproduzível que fica registrado na blockchain, a mesma tecnologia que viabilizou o bitcoin.
A coisa pegou tanto que o dicionário Collins escolheu a sigla como palavra do ano, deixando para trás concorrentes como crypto e metaverso.
Apesar de até agora as NFTs terem sido usadas principalmente para a negociação de obras de arte em ambiente virtual, em teoria seria possível utilizar a tecnologia para registrar qualquer ativo, físico ou virtual.
Empresas de peso como a Adidas e a Nike estão entrando de cabeça nesse mundo: a primeira já lançou uma coleção de 30 mil NFTs e a segunda fechou a compra da RTFKT, uma empresa de calçados virtuais.
De olho no metaverso, Facebook vira Meta
De olho no potencial do Metaverso, ambiente virtual que funde diferentes experiências online em um único espaço de convivência, o Facebook mudou de nome e passou a se chamar Meta. De acordo com o fundador e CEO, Mark Zuckerberg, a mudança de nome aconteceu para refletir que a rede social Facebook é apenas uma parte da organização.
Mas o ano não foi só de alegrias para o grupo Meta. O Wall Street Journal revelou documentos internos da companhia que revelaram práticas problemáticas no controle dos usuários e das atividades na rede social.
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