Novo presidente da Eletrobras (ELET3) deve dar prioridade à privatização, diz Caio Megale
Após saída de Wilson Ferreira, analista afirma que ‘a privatização da Eletrobras tem sua importância pela sua situação atual e pelo seu grau de maturidade (para ser privatizada)’
O escolhido pelo governo de Jair Bolsonaro para substituir Wilson Ferreira Júnior no comando da Eletrobras (ELET3) deverá indicar, rapidamente, que a privatização da estatal segue como prioridade, afirma o economista-chefe da XP, Caio Megale, ex-integrante da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
"O programa de privatizações é um dos pilares importantes do programa de Paulo Guedes e de Bolsonaro quando foi eleito. A privatização da Eletrobras tem sua importância pela sua situação atual e pelo seu grau de maturidade (para ser privatizada)", comenta. Segundo ele, Ferreira Júnior é um símbolo desse processo e, por isso, o anúncio de sua saída, em 5 de março, causou preocupações no mercado.
Ferreira Júnior estava desde 2016 na Eletrobras e era o grande defensor de sua privatização. O executivo irá para a presidência da BR Distribuidora, maior rede de distribuição de combustíveis do País, privatizada há dois anos. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como foi entendido pelo mercado a saída de Wilson Ferreira Júnior da Eletrobras?
O programa de privatizações é um dos pilares importantes do programa de Paulo Guedes e de Bolsonaro quando foi eleito. A privatização da Eletrobras tem sua importância por sua situação atual e pelo seu grau de maturidade. A privatização é discutida desde o governo de Michel Temer. A Eletrobras é uma das líderes nesse processo. Das privatizações que devem vir, essa é a mais importante. Wilson é um executivo de mão cheia, fez um trabalho muito bom e é um símbolo desse processo. O governo precisa indicar um novo CEO que sinalize que a privatização da Eletrobras segue como uma prioridade.
Como fica a posição do ministro Paulo Guedes com a saída de Wilson Ferreira Júnior?
O ministro, em suas manifestações públicas, tem reforçado os pilares do seu programa, e esse tema de privatizações é importante. Recentemente, ele tem falado menos, por conta do processo eleitoral na Câmara, mas no geral, quando ele se pronuncia, se mostra confiante no processo.
Por que, neste momento, o assunto privatizações ganhou tanta importância para o mercado?
A pandemia evidenciou a necessidade de o governo estar presente em setores muito importantes, como saúde. E também aumentou muito o endividamento, trazendo a necessidade de rebalanço patrimonial.
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Qual será a leitura do mercado se o governo estender o auxílio emergencial?
Se eventualmente for algo necessário, o governo precisa sinalizar um compromisso de longo prazo de ajuste, como um gatilho do teto, a PEC Emergencial, uma contrapartida para garantir a sustentabilidade das contas públicas. O Brasil gastou mais do que outros países na pandemia e, ao contrário de muitos, está com uma relação dívida/PIB muito elevada. O Brasil entrou na pandemia com um nível de dívida relativamente alto e agora está mais alto ainda. É importante um critério rigoroso de sinalizações de longo prazo a cada medida que for tomada.
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