Bitcoin, ouro e dólar se recuperam em julho, enquanto bolsa é um dos piores investimentos do mês
Fundos imobiliários também se saíram bem, depois que tributação dos seus rendimentos foi retirada da reforma do imposto de renda

Depois de terem amargado as piores posições do ranking dos investimentos de junho, o bitcoin, o ouro e o dólar viram uma forte recuperação em julho, sagrando-se como os melhores investimentos do mês.
Em quarto lugar, veio outra classe de ativos que também vinha apresentando maus resultados e apanhou um bocado no mês passado: os fundos imobiliários (FII).
Já na lanterna da lista, vemos um retorno dos títulos públicos de longo prazo atrelados à inflação; e o Ibovespa, que vinha dando alegrias aos investidores brasileiros desde março (não sem fortes emoções, claro), apareceu como segundo pior investimento de julho.
Veja o ranking completo:
Os melhores investimentos de julho
Investimento | Rentabilidade no mês | Rentabilidade no ano |
Bitcoin | 25,77% | 45,61% |
Ouro | 8,19% | -3,80% |
Dólar à vista | 4,76% | 0,41% |
IFIX | 2,51% | -1,60% |
Dólar PTAX | 2,40% | -1,43% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* | 0,58% | 3,54% |
Tesouro Selic 2027 | 0,54% | - |
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)* | 0,52% | 3,27% |
Poupança antiga** | 0,50% | 3,55% |
Tesouro Selic 2024 | 0,46% | - |
CDI* | 0,37% | 1,61% |
Poupança nova** | 0,24% | 1,12% |
Tesouro IPCA+ 2026 | -0,32% | -2,12% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2030 | -0,53% | -3,57% |
Tesouro Prefixado 2024 | -0,87% | - |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -1,18% | -3,82% |
Tesouro Prefixado 2026 | -1,36% | -7,06% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -1,40% | -6,01% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2031 | -1,45% | -10,28% |
Tesouro IPCA+ 2035 | -1,90% | -5,92% |
Ibovespa | -3,94% | 2,34% |
Tesouro IPCA+ 2045 | -4,04% | -14,29% |
(*) Até o dia 29/07.
(**) Poupança com aniversário no dia 28.
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..
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Medo e delírio em Brasília
Em julho não faltaram notícias para deixar os mercados tensos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Por aqui, o mês começou com tensões políticas relacionadas à CPI da covid-19, que finalmente chegou ao Palácio do Planalto, com as denúncias de corrupção envolvendo a compra de vacinas pelo Ministério da Saúde; e com o mercado ainda digerindo - a contragosto - os impactos da reforma do imposto de renda sobre os investimentos.
Depois o Congresso entrou em recesso, mas os ruídos em Brasília continuaram. Além do embate constante do presidente Jair Bolsonaro com os demais poderes, ainda vimos o Congresso aprovar um aumento do fundo eleitoral, um peso nas contas públicas.
Bolsonaro, por sua vez, prometeu vetar a medida, comprando briga com o Centrão; em seguida, promoveu uma reforma ministerial a fim de apaziguar os ânimos, nomeando o senador Ciro Nogueira, do PP, ministro da Casa Civil.
Nesta semana, mais uma ameaça ao teto de gastos, com o risco de que a reformulação do Programa Bolsa Família resulte em uma despesa de até R$ 30 bilhões acima do teto, além de uma nova notícia de que o governo federal estuda mais uma vez mexer com o pagamento de precatórios - cheirinho de calote no ar.
Assim, do ponto de vista doméstico, o risco de as reformas não andarem ou serem muito esvaziadas, além do risco fiscal que pesa sobre o câmbio e os juros de longo prazo, voltaram ao radar.

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Apostas para a Selic sobem
Com os dados da inflação local trazendo mais preocupações em julho, o mercado passou a apostar cada vez mais num aumento de 1 ponto percentual para a taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que acontecerá na semana que vem.
Afinal, os preços devem ficar ainda mais pressionados conforme a vacinação avança e a economia reabre ainda mais. Ainda mais em um cenário de crise hídrica que tende a pressionar os preços da energia elétrica.
Tudo ao mesmo tempo agora
No exterior, o mundo vive um momento de transição entre a crise da pandemia e a retomada econômica que fazem diversos elementos aparentemente antagônicos coexistirem de forma incômoda, como uma adolescência em que cada parte do corpo teima a crescer no seu próprio tempo.
Nos Estados Unidos, alguns dados econômicos já apontam para uma retomada e os índices de inflação indicaram pressão nos preços; no entanto, outros dados, notadamente os de emprego, ainda mostram alguma fraqueza.
Durante todo o mês, os investidores se perguntaram sobre quando, afinal, o Federal Reserve (Fed) - banco central americano - irá retirar os estímulos monetários, e isso causou volatilidade nos mercados.
Os dirigentes da entidade, por sua vez, admitiram preocupação com a inflação e o início de conversas para retirar os estímulos, ao mesmo tempo em que continuaram a garantir que os juros devem se manter baixos por um bom tempo.
O mercado comprou parcialmente o discurso, e os juros futuros americanos viram um alívio no mês, bem como o dólar, ante outras moedas fortes. Mas a preocupação com a inflação continua presente.
No front da pandemia, ao mesmo tempo em que acompanhamos a reabertura do mundo e a retomada das atividades - inclusive no Brasil -, cresce a preocupação das autoridades de saúde e também dos mercados com a variante delta do coronavírus.
Mais transmissível e capaz de provocar uma versão mais grave da doença, a cepa vem se espalhando na Europa e já chegou às Américas, até mesmo ao Brasil. E a possibilidade de que ela venha a provocar novas restrições à circulação de pessoas pesou nos mercados. De fato, países onde o uso obrigatório de máscaras já havia sido suspenso, voltaram a adotar o equipamento de proteção, após novos surtos de covid.
O Partidão mandou
Nesta última semana, os mercados começaram a reagir com mais intensidade aos mais recentes surtos intervencionistas do governo chinês no mercado.
Pequim já vinha encrencando, há algum tempo, com empresas chinesas de tecnologia que já tinham ou pretendiam ter ações listadas no exterior, investigando-as ou pressionando-as por mais medidas em relação à privacidade dos usuários.
Na última semana, vimos novas restrições não só às techs, como também a empresas de educação privada do país - uma reação do governo chinês ao aumento do endividamento das famílias com esse tipo de despesa.
Nesta sexta, foi a vez de o Gigante Asiático ordenar a redução da produção de aço para dar um alívio ao preço do minério de ferro e, assim, evitar a especulação neste mercado - preocupação que o governo já vinha tendo há algum tempo.
Bolsa para baixo, juros e dólar para cima
O Ibovespa acabou sucumbindo às tensões do mês e fechou em baixa de 3,94%, aos 121.800 pontos. Boa parte da queda, por sinal, se deu nesta última semana, com as notícias vindas da China e a derrubada do preço do minério.
O aumento da expectativa de alta da Selic na próxima reunião do Copom, combinado com a elevação das preocupações com o fiscal do país pesaram sobre os juros e o câmbio neste mês, levando o real a se depreciar ante o dólar e as taxas a subirem em todos os vencimentos.
Com isso, o dólar à vista terminou cotado a R$ 5,21, enquanto a taxa PTAX (cotação do Banco Central) fechou o mês a R$ 5,12. A alta dos juros futuros, por sua vez, mais uma vez depreciou os títulos públicos prefixados e atrelados à inflação, que costumam se desvalorizar quando as taxas sobem e valorizar quando estas caem. Os vencimentos mais longos, mais voláteis, acabaram sofrendo mais.
Porém globalmente, ante seus pares, o dólar se enfraqueceu em junho. Com isso, o ouro teve espaço para se recuperar do tombo de mais de 11% do mês passado. A queda dos juros futuros americanos e do dólar em um cenário de risco inflacionário tende a favorecer o metal precioso, que oferece proteção contra a alta de preços, mas costuma sofrer quando os títulos americanos ficam mais atrativos.
A Selic mais alta e com perspectiva de pelo menos mais uma elevação forte, por sua vez, beneficia os títulos de renda fixa pós-fixados, aqueles atrelados à própria taxa básica de juros ou ao CDI. Agora eles têm uma remuneração mais próxima do 0,5% ao mês.
Finalmente, uma notícia vinda de Brasília foi capaz de trazer alívio a um dos ativos negociados em bolsa. Os fundos imobiliários, que sofreram no mês passado com a perspectiva de terem seus rendimentos tributados, foram retirados da reforma do IR, e sua isenção foi mantida. Com isso, o Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) conseguiu se recuperar, subindo 2,51%.
Melhores ações de julho
Ação | Código | Desempenho no mês |
JBS | JBSS3 | 10,27% |
Cia. Hering | HGTX3 | 9,03% |
Rumo | RAIL3 | 7,99% |
Cosan | CSAN3 | 7,10% |
Usiminas | USIM5 | 7,07% |
CSN | CSNA3 | 6,50% |
BR Distribuidora | BRDT3 | 6,22% |
WEG | WEGE3 | 5,82% |
Hypera | HYPE3 | 4,12% |
Gerdau | GGBR4 | 4,02% |
Fonte: B3/Broadcast
Piores ações de julho
Ação | Código | Desempenho no mês |
Americanas S.A. (ex-B2W) | AMER3 | -25,58% |
Lojas Americanas | LAME4 | -20,95% |
Pão de Açúcar | PCAR3 | -19,81% |
CVC | CVCB3 | -19,66% |
Via | VVAR3 | -19,63% |
Cogna | COGN3 | -15,94% |
Yduqs | YDUQ3 | -15,04% |
SulAmérica | SULA11 | -13,74% |
MRV | MRVE3 | -11,70% |
EZTEC | EZTC3 | -11,60% |
Fonte: B3/Broadcast
Bitcoin renascendo das cinzas
Após três meses de perdas e, em particular, um tombo de quase 40% em maio, os preços do bitcoin apresentaram uma recuperação parcial em julho, à medida em que as taxas de mineração voltaram a se normalizar. As restrições da China aos mineradores começaram a ficar no passado, conforme esses foram migrando para outros países.
Já o bilionário Elon Musk, que volta e meia mexe com o mercado cripto com as suas declarações, disse que a sua Tesla pode voltar a aceitar pagamentos em bitcoin no futuro, quando a mineração da criptomoeda se tornar mais verde.
Notícias de institucionalização do mercado cripto também animaram esse mercado: a Amazon anunciou uma vaga para especialista em moedas digitais, o que sugere que a gigante do e-commerce deseja inovar no segmento; a Binance, uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, disse que pode fazer um IPO; e o Goldman Sachs se prepara para lançar um fundo de índice (ETF) focado em blockchain e finanças descentralizadas (DeFis).
Com tudo isso, o bitcoin voltou a superar o patamar dos US$ 40 mil, sendo negociado, no último dia do mês, ao equivalente a quase R$ 220 mil.
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