Bitcoin foi ativo mais rentável do ano e o único que conseguiu superar a inflação; veja a lista completa dos melhores investimentos de 2021
Criptomoeda foi seguida pelo dólar e pelas debêntures; veja o ranking completo dos investimentos que tiveram retorno positivo no ano
O ano de 2021 não foi nada fácil para o investidor brasileiro, nem quando consideramos as mais bem-sucedidas classes de ativos. A inflação galopante, que obrigou o Banco Central a dar um cavalo de pau nos juros e elevar a Selic bruscamente, colocou no chinelo mesmo as aplicações financeiras que se saíram bem.
Entre os principais investimentos, apenas um conseguiu vencer a alta generalizada dos preços no Brasil: o bitcoin. Apesar da forte volatilidade ao longo do ano e do seu inferno astral recente, a criptomoeda conseguiu acumular uma valorização de mais de 70% em reais em 2021, ficando à frente do IGP-M e do IPCA de dois dígitos.
A principal moeda digital do planeta começou o ano cotada a cerca de R$ 150 mil, e hoje já está na casa dos R$ 260 mil, mas chegou a ultrapassar os R$ 370 mil no melhor momento do ano.
Em dólares, a valorização do bitcoin foi da ordem de 60%, passando de cerca de US$ 29 mil no início do ano para os atuais US$ 47 mil. Na máxima, o criptoativo foi aos US$ 68 mil.
O segundo melhor ativo do ano, porém, já não conseguiu vencer a inflação oficial projetada, dada a sua queda de mais de 2% no último pregão do ano. O dólar fechou 2021 com um ganho de cerca de 7,5%, terminando o ano em R$ 5,58. No começo de 2021, a divisa rondava os R$ 5,20. É… bons tempos.
Finalmente, em terceiro lugar, vieram as debêntures, papéis de renda fixa que representam títulos de dívidas de empresas, que se beneficiaram da inflação e dos juros em alta, dado que costumam ter sua remuneração atrelada a índices de preços ou ao CDI. Seu retorno médio superou os 6% no ano.
Leia Também
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Confira a seguir o ranking completo dos melhores investimentos de 2021, isto é, aqueles que conseguiram obter algum retorno positivo no ano. Todos os investimentos da tabela têm fechamento em 30 de dezembro de 2021, exceto onde indicado.
Os melhores investimentos de 2021
Investimento | Rentabilidade em 2021 |
Bitcoin | 74,38% |
IGP-M | 17,78% |
IPCA* | 10,02% |
Dólar à vista | 7,46% |
Dólar PTAX | 7,40% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral) | 6,84% |
Poupança antiga** | 6,17% |
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA) | 5,69% |
Ouro | 4,43% |
Selic | 4,36% |
CDI | 4,36% |
Poupança nova** | 2,94% |
(**) Poupança com aniversário no dia 28.
Fontes: B3/Broadcast, Banco Central, Anbima e Coinbase, Inc..
Uma montanha-russa e tanto
As criptomoedas foram, sem dúvidas, as grandes estrelas do ano em termos de rentabilidade. A valorização do bitcoin, inclusive, não foi nada perto dos retornos impressionantes de algumas delas, como o AXS, que subiu quase 19.000%.
Mas vamos nos ater à principal e maior criptomoeda do mercado. O gráfico de desempenho do bitcoin em 2021 é uma verdadeira montanha-russa, com duas grandes pernadas de alta e um grande vale no meio.
Essa baixa no meio do ano se deu por conta da proibição da China à mineração de criptomoedas no seu território, após uma série de restrições aos criptoativos.
Responsável por boa parte da mineração do planeta, o gigante asiático abalou o mundo cripto, mas os mineradores logo se realocaram, e o mercado conseguiu restabelecer o seu normal.
Mais recentemente, o aperto monetário do banco central americano (como veremos adiante) e a detecção da variante ômicron do coronavírus causaram um novo movimento global de aversão a risco, que vem impactando negativamente o preço do bitcoin. Mesmo assim, não foi o suficiente para levar a cripto de volta às mínimas do ano.
O grande motor de alta do bitcoin no ano foi sem dúvida a popularização do investimento cripto. A chegada de novos investidores pessoas físicas e institucionais e a profissionalização desse mercado pressionou os preços dos criptoativos para cima.
Em adição a isso, na primeira pernada de alta do bitcoin no ano, a abertura de capital da corretora de criptomoedas (exchange) Coinbase, com oferta de ações na bolsa, foi o grande motivador da valorização.
Uma retrospectiva do ano
O ano começou com a perspectiva de reabertura e reaquecimento da atividade econômica com o avanço da vacinação contra a covid-19, elevação temporária da inflação (tanto aqui como nos Estados Unidos) e alguma alta nos juros (mas nada cavalar).
Basta olhar para as perspectivas do mercado para os principais indicadores econômicos no início do ano para ver que era para 2021 ter sido um ano bom, inclusive para os investimentos.
Segundo o último relatório Focus de 2020, publicado no dia 31 de dezembro, o mercado esperava que 2021 terminasse com avanço de 3,40% no Produto Interno Bruto (PIB); inflação de 3,32%, abaixo do centro da meta para este ano, que é de 3,75%; dólar a R$ 5; e Selic em 3,00%. Risos.
Em vez disso, a reabertura aconteceu, mas não foi a boia de salvação que se esperava. Muito embora a estimativa para o crescimento econômico brasileiro tenha subido bastante, com o PIB surpreendendo para cima, a recuperação e os bons resultados das empresas não bastaram para vermos uma redução brusca no desemprego, um aumento na renda da população ou uma disparada nos preços das ações.
Agora, o mercado espera um crescimento de 4,51% para o PIB em 2021. Mas, segundo o IBGE, o desemprego caiu de 14,2% para 12,1% apenas - o país ainda tem quase 13 milhões de desempregados -, e o rendimento médio despencou de R$ 2.686 para R$ 2.449.
Além disso, vimos a inflação surpreender para cima, e agora o IPCA deve terminar o ano na casa dos 10%, corroendo o poder de compra da população em um cenário de desemprego ainda alto e renda nominal mais baixa.
Inflação e alta do dólar
A pressão inflacionária vem de várias frentes e foi tudo menos temporária, tanto no Brasil quanto no exterior, e acabou motivando um movimento global de alta nos juros que só favoreceu os investimentos conservadores, em detrimento dos ativos de risco.
De saída, vimos uma continuidade da inflação de oferta que começou a se desenhar durante a pandemia em 2020, com a desorganização das cadeias produtivas em razão de lockdowns e fechamentos de fronteiras - que, por sinal, continuaram ocorrendo pontualmente ao longo de 2021. Em paralelo, tivemos uma recuperação econômica global, com aumento da demanda.
Também houve a questão da alta liquidez global - dinheiro abundante e barato. A grande quantidade de estímulos monetários por parte dos bancos centrais para combater as consequências econômicas e sanitárias da pandemia começou a cobrar o seu preço na forma de inflação (sem trocadilho).
Com a disparada dos preços nos Estados Unidos, o banco central americano foi obrigado a admitir o caráter mais permanente da inflação e a iniciar o processo de retirada dos estímulos monetários.
Inicialmente, com a redução das compras de ativos; em seguida, com a projeção de altas para os juros, para enxugar ao menos um pouco toda essa liquidez. A previsão é de três aumentos em 2022.
O aperto monetário nos EUA, que tende a ser seguido por outros países ricos, provoca um movimento conhecido como “voo para a qualidade”, ou “fly to quality”, em inglês.
Os recursos financeiros globais começam a migrar dos ativos mais arriscados - moedas e ações de países emergentes, ações de empresas pequenas (small caps) e de empresas de tecnologia que ainda estão em estágios iniciais do seu ciclo de vida - para ativos mais “premium” - moedas e títulos de dívida de países desenvolvidos (notadamente o dólar e os títulos do Tesouro americano), além de ações e títulos de dívida de empresas mais estabelecidas.
Assim, vimos o dólar se valorizando ao longo do ano, ao mesmo tempo em que o real se depreciou. A moeda americana subiu cerca de 7,5% ante a divisa brasileira, mas se valorizou até mesmo ante as moedas fortes, numa alta de 6,72%.
Esse fortalecimento da moeda americana pesou sobre os preços dos produtos e matérias-primas que o Brasil importa, ao mesmo tempo em que serviu de incentivo às exportações, contribuindo para a escassez - e a consequente alta de preços no mercado interno - dos produtos que costumam ser exportados.
Também pudemos ver as consequências do “voo para a qualidade” nos mercados de ações. Enquanto as ações brasileiras sofreram (o Ibovespa tombou cerca de 12% no ano), os índices das bolsas americanas bateram recordes. No acumulado do ano, o Dow Jones avançou 20%, o S&P 500 teve alta de quase 30% e o Nasdaq teve ganho de 23%.
Inflação e alta dos juros
Mas nós também tivemos problemas internos que contribuíram para a inflação e a desvalorização da moeda, além da consequente alta dos juros que “ressuscitou” a renda fixa.
Por aqui, o Banco Central também deu estímulos monetários para segurar a onda durante os piores momentos da pandemia, na forma de um corte agressivo de juros até a outrora inimaginável casa dos 2%.
Diante do repique inflacionário, porém, a autoridade monetária precisou dar um cavalo de pau nos juros, elevando-os rapidamente ao atual patamar de 9,25% ao ano, muito acima do esperado inicialmente.
Em paralelo, a preocupação com o lado fiscal se traduziu no temor de rompimento do teto de gastos pelo governo, o que eventualmente acabou se concretizando, de certa forma.
Em meio a ruídos políticos e discussões em torno de orçamento, programa de transferência de renda e aumento de salários de servidores, as reformas e privatizações - vistas como tão necessárias pelo mercado - pouco andaram.
No fim das contas, o governo acabou conseguindo driblar o teto de gastos a fim de acomodar o Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa Família, num valor mais elevado do que sua própria equipe econômica considerava razoável.
Apesar de as contas públicas terem chegado no fim do ano melhores que o esperado, houve uma piora geral na percepção do risco fiscal do país por parte do mercado, com essa sensação de falta de previsibilidade quando se fala em acomodar aumentos de gastos, ainda mais quando parecem ter cunho eleitoral e caráter permanente (ou quase).
Por fim, não podemos esquecer que a crise hídrica encareceu o preço da energia elétrica, o que também contribuiu para pressionar a inflação.
A volta da renda fixa
A alta repentina e surpreendente da inflação e o aumento da percepção de risco fiscal acabaram por provocar uma disparada nos juros futuros - tanto os de curto como os de longo prazo -, que prejudicou muito os ativos que se desvalorizam em cenários de alta de juros.
É o caso dos títulos do Tesouro prefixados e atrelados à inflação, das ações - notadamente aquelas mais sensíveis aos movimentos das taxas, como as de varejo, tecnologia e construção civil - e dos fundos imobiliários.
Por outro lado, a alta repentina da taxa básica de juros a um patamar superior ao esperado inicialmente, a fim de combater a inflação galopante, contribuiu para que a renda fixa conservadora, atrelada à Selic ou ao CDI, voltasse a atrair os investidores.
Até mesmo a modesta caderneta de poupança voltou ao seu retorno histórico máximo de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial. Por sinal, quem porventura ainda tinha dinheiro na poupança antiga, aquela que nunca mudou de rentabilidade, teve um dos maiores ganhos do ano.
E as debêntures, onde entram nessa história? Bem, para começar, esses títulos costumam ter remunerações atreladas ao CDI ou a índices de preços, tornando-se atraentes em cenários de inflação elevada e juros em alta.
Além disso, são alternativas menos voláteis, e de uma forma geral, menos arriscadas, que as ações, mas que são capazes de remunerar acima de aplicações conservadoras de prazo semelhante. Fora que muitas delas são, hoje, isentas de IR para a pessoa física, o que se constitui num atrativo extra para o investidor.
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
Arte de milionária: primeira pintura feita por robô humanoide é vendida por mais de US$ 1 milhão
A obra em homenagem ao matemático Alan Turing tem valor próximo ao do quadro “Navio Negreiro”, de Cândido Portinari, que foi leiloado em 2012 por US$ 1,14 milhão e é considerado um dos mais caros entre artistas brasileiros até então
Bitcoin (BTC) se aproxima dos US$ 90 mil, mas ainda é possível chegar aos US$ 100 mil? Veja o que dizem especialistas
A maior criptomoeda do mundo voltou a registrar alta de mais de três dígitos no acumulado de 2024 — com as profecias do meio do ano se realizando uma a uma
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades
7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa
Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA
Selic sobe para 11,25% ao ano e analista aponta 8 ações para buscar lucros de até 87,5% ‘sem bancar o herói’
Analista aponta ações de qualidade, com resultados robustos e baixo nível de endividamento que ainda podem surpreender investidores com valorizações de até 87,5% mais dividendos
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento
Ibovespa segue com a roda presa no fiscal e cai 0,51%, dólar fecha estável a R$ 5,6753; Wall Street comemora pelo 2° dia
Por lá, o presidente do BC dos EUA alimenta incertezas sobre a continuidade do ciclo de corte de juros em dezembro. Por aqui, as notícias de um pacote de corte de gastos mais modesto desanima os investidores.
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Com Selic em 11,25%, renda fixa conservadora brilha: veja quanto passa a render R$ 100 mil na sua reserva de emergência
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (06), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas
Campos Neto acelerou: Copom aumenta o ritmo de alta da Selic e eleva os juros para 11,25% ao ano
A decisão pelo novo patamar da taxa, que foi unânime, já era amplamente esperada pelo mercado
Qual empresa brasileira ganha com a vitória de Trump? Gerdau (GGBR4) é aposta de bancão e sobe mais de 7% hoje
Também contribui para o bom desempenho da Gerdau a aprovação para distribuição de R$ 619,4 milhões em dividendos aos acionistas
Energia renovável: EDP compra mais 16 novas usinas solares por R$ 218 milhões
Empreendimentos estão localizados na Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, e somam 44 MWp de capacidade instalada
O Ibovespa não gosta de Trump? Por que a vitória do republicano desceu amarga para a bolsa brasileira enquanto Nova York bateu sequência de recordes
Em Wall Street, as ações da Tesla — cujo dono, Elon Musk, é um grande apoiador de Trump — deram um salto de 15%; outros ativos também tiram vantagem da vitória do republicano. Por aqui, o Ibovespa não celebra o resultado das eleições nos EUA e afunda
Como lucrar com o Trump Trade: 4 investimentos que ganham com a volta do republicano à Casa Branca — e o dilema do dólar
De modo geral, os investidores se preparam para um mundo com dólar forte com Trump, além de mais inflação e juros