Na bolsa, não adianta pular de galho em galho: é melhor ter ações que se sustentam em qualquer cenário
Certas ações tendem a ir melhor em certos contextos. Mas escolher papéis que vão bem em qualquer ocasião é fundamental ao se pensar na bolsa

Se você pensa em pegar uma carona na sua viagem de fim de ano, já vou avisando que, quando se trata de dirigir em linha reta, ninguém é melhor que o Jorge. Estradas retilíneas são perfeitas para o seu estilo muito calmo. Sem muitas curvas para se preocupar, ele adora colocar o carro em velocidade de cruzeiro, ligar o som e curtir a paisagem.
Mas se Jorge manda bem nas retas, por outro lado ele é calmo demais para trechos com muitas curvas — e, quando elas começam a chegar, isso se torna um problema e ele quase sempre comete alguma besteira.
Por isso, se a estrada será repleta de trechos sinuosos, ninguém melhor do que a Maria para te levar. Agitada demais para trechos monótonos, ela manda muito bem naquelas pistas com curvas que não terminam e que necessitam de um condutor com um pouco mais de energia.
Agora, se estiver chovendo, é com o Paulo que você deveria pegar uma carona. Nem muito agitado, nem muito calmo, ele possui a combinação certa das duas características para guiar com cuidado e se manter alerta quando a pista está escorregadia e com a visibilidade limitada.
Pedir carona para quem?
Quando você sabe exatamente como será a sua viagem, é fácil encontrar a carona perfeita: aquela que vai fazer você ter a melhor viagem possível. Infelizmente, não é assim que as coisas funcionam, não é? Normalmente, a estrada é composta de vários trechos diferentes entre si e frequentemente temos de lidar com surpresas no meio do caminho.
Na mesma viagem você pode ter chuva, sol, neblina, trechos sinuosos, pista de terra — e não me parece inteligente levar oito motoristas diferentes para poder trocar toda vez que a situação mudar.
Leia Também
Mais importante do que escolher o condutor perfeito para cada tipo de situação é estar com alguém que consiga lidar bem com qualquer tipo de desafio, e que te proporcione uma viagem tranquila não importa o que aconteça.
Pulando de galho em galho
Apesar de esse parecer ser um exemplo tosco, no fundo é exatamente isso o que acontece com boa parte dos investidores no mercado. Eles tentam a todo instante comprar "a ação perfeita para aquele momento".
Quando a Selic sobe um pouquinho, eles saem correndo comprar ações de bancos cujos empréstimos ficam mais caros; depois, quando o dólar se valoriza, eles vendem os bancos e compram ações das exportadoras de celulose que recebem em moeda estrangeira.
Em seguida, quando as chuvas melhoram, eles não pensam duas vezes para trocar todas as suas ações por outras de companhias hidrelétricas, que passam a gerar mais energia. Mais tarde, quando a China apresenta um bom crescimento, eles tornam a vender as suas ações para comprar papéis de mineradoras. E assim vai…
Pode até parecer inteligente esse tipo de estratégia, mas normalmente você estará em desvantagem se fizer isso.
Primeiro por conta dos custos transacionais. Depois, porque é muito difícil ser mais rápido que os grandes fundos, com milhões de algoritmos, recursos infinitos e equipes dedicadas 24 horas por dia, 7 dias por semana, para encontrar as mínimas distorções.
Mas, mais importante que tudo isso: nós nunca sabemos realmente como será a estrada logo à frente. E ela pode ser completamente diferente daquilo que você estava esperando.
Você pode apostar em dólar alto e quebrar a cara, em muita chuva e não cair uma gota do céu, em shoppings bombando e aparecer uma pandemia, entre outras tantas coisas que podem (e vão) fugir do seu controle.
Por isso, melhor do que tentar prever a companhia perfeita para a situação que você está esperando é investir em companhias que se sairão bem na maioria dos cenários e que não vão quebrar mesmo que o pior deles aconteça.
Pau para toda obra na bolsa
Se você lê esta coluna com certa frequência, já sabe que a Eneva (ENEV3) é uma das minhas companhias preferidas. Mas não porque está faltando chuva no país — o que, consequentemente, contribui para um aumento da geração de energia em suas termelétricas.
É verdade que a tese de investimentos é ajudada se a falta de precipitações permanecer. Mas esse não é o fator determinante para ganharmos dinheiro com as ações — e, nesta semana, ela deixou isso ainda mais claro, depois de adquirir a Focus Energia (POWE3).
Para começar: com a transação, a Eneva diversifica seu portfólio e adquire grandes projetos de geração solar, passando a depender menos das condições hidrológicas.
Além disso, ela ganha acesso aos mais de 1,6 mil clientes da Focus, justamente em um período de abertura do Mercado Livre de Energia e do Mercado de Gás, ampliando bastante as possibilidades de receita no segmento de comercialização e, mais uma vez, diversificando o negócio.
Mas não se trata apenas de saber que a companhia conseguirá enfrentar melhor qualquer condição hidrológica e as mudanças regulatórias dos mercados em que atua.
Mais do que isso, ela comprova uma enorme disciplina de capital por parte do management, já que a compra foi realizada depois de uma baita desvalorização de POWE3 na bolsa, e mostra que não precisamos ficar preocupados com um velho problema de gestores de companhias de sucesso: dinheiro sobrando.

É claro que, vez ou outra, aparecerão algumas chances de comprar ações que se aproveitarão como poucas de um determinado cenário à frente, e se a relação entre o risco e o retorno for convidativa você precisa aproveitar. Mas a parcela principal do seu portfólio deve ser composta por ações de companhias que vão atravessar bem qualquer tipo de situação.
Se vai sobrar ou faltar dinheiro, chover demais ou de menos, se o dólar vai subir ou cair, se a Selic vai para níveis descontrolados ou se o próximo Presidente será reformista são todas coisas que estão completamente fora do nosso alcance.
O que sabemos é que a administração da Eneva tem mostrado constantemente que consegue lidar com cada uma dessas situações crescendo e gerando muito valor para os acionistas.
A Eneva (ENEV3) é apenas uma das companhias com essas características dentro da série Oportunidades de Uma Vida. Lá você encontra muitas outras empresas bem tocadas, com grande disciplina de capital e que contam com um longo histórico de geração de valor, mesmo com todas as surpresas negativas que costumam aparecer nas viagens dos investidores brasileiros.
Se quiser conferir a lista de ações, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a próxima!
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Como declarar ações no imposto de renda 2025
Declarar ações no imposto de renda não é trivial, e não é na hora de declarar que você deve recolher o imposto sobre o investimento. Felizmente a pessoa física conta com um limite de isenção. Saiba todos os detalhes sobre como declarar a posse, compra, venda, lucros e prejuízos com ações no IR 2025
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Depois de derreter mais de 90% na bolsa, Espaçolaser (ESPA3) diz que virada chegou e aposta em mudança de fornecedor em nova estratégia
Em seu primeiro Investor Day no cargo, o CFO e diretor de RI Fabio Itikawa reforça resultados do 4T24 como ponto de virada e divulga plano de troca de fornecedor para reduzir custos
Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA
Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
Últimas horas para se inscrever na Ambev, Eneva e Porto; confira essas e outras vagas para estágio e trainee com remuneração de até R$ 7 mil
Os dias estão correndo e cada nova vaga ou processo seletivo pode abrir janelas de oportunidade capazes de transformar trajetórias. A atual temporada de estágios e trainees está repleta de possibilidades para jovens profissionais em todo o Brasil. O único problema é que o relógio não espera por ninguém. Nesta segunda-feira (14), ainda é possível […]
Azul (AZUL4) busca até R$ 4 bilhões em oferta de ações e oferece “presente” para acionistas que entrarem no follow-on; ações sobem forte na B3
Com potencial de superar os R$ 4 bilhões com a oferta, a companhia aérea pretende usar recursos para melhorar estrutura de capital e quitar dívidas com credores
Allos (ALOS3) entra na reta final da fusão e aposta em dividendos com data marcada (e no começo do mês) para atrair pequeno investidor
Em conversa com Seu Dinheiro, a CFO Daniella Guanabara fala sobre os planos da Allos para 2025 e a busca por diversificar receitas — por exemplo, com a empresa de mídia out of home Helloo
Após semana intensa, bolsas conseguem fechar no azul apesar de nova elevação tarifária pela China; ouro bate recorde a US$ 3.200
Clima ainda é de cautela nos mercados, mas dia foi de recuperação de perdas para o Ibovespa e os índices das bolsas de NY
Senta que lá vem mais tarifa: China retalia (de novo) e mercados reagem, em meio ao fogo cruzado
Por aqui, os investidores devem ficar com um olho no peixe e outro no gato, acompanhando os dados do IPCA e do IBC-Br, considerado a prévia do PIB nacional
Gigantes da bolsa derretem com tarifas de Trump: pequenas empresas devem começar a chamar a atenção
Enquanto o mercado tenta entender como as tarifas de Trump ajudam ou atrapalham algumas empresas grandes, outras nanicas com atuação exclusivamente local continuam sua rotina como se (quase) nada tivesse acontecido
Dia de ressaca na bolsa: Depois do rali com o recuo de Trump, Wall Street e Ibovespa se preparam para a inflação nos EUA
Passo atrás de Trump na guerra comercial animou os mercados na quarta-feira, mas investidores já começam a colocar os pés no chão
Ambev (ABEV3) vai do sonho grande de Lemann à “grande ressaca”: por que o mercado largou as ações da cervejaria — e o que esperar
Com queda de 30% nas ações nos últimos dez anos, cervejaria domina mercado totalmente maduro e não vê perspectiva de crescimento clara, diante de um momento de mudança nos hábitos de consumo
Brava Energia (BRAV3) e petroleiras tombam em bloco na B3, mas analistas veem duas ações atraentes para investir agora
O empurrão nas ações de petroleiras segue o agravamento da guerra comercial mundial, com retaliações da China e Europa às tarifas de Donald Trump
Sem pílula de veneno: Casas Bahia (BHIA3) derruba barreira contra ofertas hostis; decisão segue recuo de Michael Klein na disputa por cadeira no conselho
Entre as medidas que seriam discutidas em AGE, que foi cancelada pela varejista, estava uma potencial alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill; entenda
“Trump vai demorar um pouco mais para entrar em pânico”, prevê gestor — mas isso não é motivo para se desiludir com a bolsa brasileira agora
Para André Lion, sócio e gestor da estratégia de renda variável da Ibiuna Investimentos, não é porque as bolsas globais caíram que Trump voltará atrás na guerra comercial
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
CEO da Embraer (EMBR3): tarifas de Trump não intimidam planos de US$ 10 bilhões em receita até 2030; empresa também quer listar BDRs da Eve na B3
A projeção da Embraer é de que, apenas neste ano, a receita líquida média atinja US$ 7,3 bilhões — sem considerar a performance da subsidiária Eve
Ação da Vale (VALE3) chega a cair mais de 5% e valor de mercado da mineradora vai ao menor nível em cinco anos
Temor de que a China cresça menos com as tarifas de 104% dos EUA e consuma menos minério de ferro afetou em cheio os papéis da companhia nesta terça-feira (8)