Caso Lehman Brothers: não vale a pena ver de novo
Se tem um roteiro que o mercado financeiro não quer ver se repetindo, é o de uma crise financeira desencadeada pela quebra de uma grande empresa, como foi o caso da falência do banco Lehman Brothers em 2008, que marcou o início da grave crise dos subprime.
Nem mesmo em uma escala menor, como é o caso da história que vem sendo trilhada pela incorporadora chinesa Evergrande.
Os investidores duvidam que o possível calote de US$ 300 bilhões da companhia gere um efeito tão poderoso quanto o da crise financeira de 2008. Mas, caso ele ocorra, a segunda maior economia do mundo deve sofrer, contaminando todos os demais mercados do mundo, principalmente os emergentes, como o Brasil.
Os problemas financeiros e de liquidez da segunda maior incorporadora da China - e um dos maiores conglomerados empresariais do mundo - são apenas a cereja no bolo de um cenário já repleto de incertezas.
Tanto o gigante asiático quanto os Estados Unidos já vinham mostrando sinais de desaceleração, e ainda não se sabe qual será o impacto que a variante delta do coronavírus causará.
Os investidores estão atentos aos sinais de que a Evergrande possa ser salva pelo governo chinês, grande fomentador do mercado imobiliário. Caso isso não ocorra, podemos ver um arrefecimento do setor de construção chinês, reduzindo a demanda por commodities, como o minério de ferro, matéria-prima para a fabricação do aço.
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Já um eventual calote bilionário pode afetar bancos, seguradoras, pessoas físicas, fornecedores, prestadores de serviço e grandes fundos globais.
O petróleo teve um dia de queda, mas o minério de ferro foi além e recuou mais de 8% no porto de Qingdao, fechando abaixo dos US$ 100 pela primeira vez em mais de um ano. Além das incertezas em torno da Evergrande, o governo chinês intervém na produção de aço para segurar o preço da commodity, que já chegou a ultrapassar a casa dos US$ 230 por tonelada.
As nossas questões políticas internas não tiveram grandes avanços, apesar de os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, terem marcado uma reunião nesta noite para discutir outra dívida que tira o sono do mercado financeiro local — os mais de R$ 89 bilhões em precatórios que estão no orçamento de 2022.
Acompanhando o mau humor global, o Ibovespa chegou a recuar mais de 3,5% nesta segunda, mas conseguiu segurar o ímpeto de queda nos minutos finais do pregão, fechando com um recuo de 2,33%, aos 108.843 pontos, menor nível de fechamento desde novembro de 2020.
Nos Estados Unidos, as bolsas encerraram o dia em queda superior a 1,7%. Com a maior procura por ativos de segurança, o dólar à vista teve alta de 0,93%, a R$ 5,3312.
Enquanto bolsa e câmbio ficaram pressionados, o mercado de juros teve um dia de alívio. Parte dele se justifica pelo ‘efeito Evergrande’, afinal, uma queda nos preços das commodities pode aliviar nossos índices de inflação, mas também tivemos o fator Copom nesta conta.
Na próxima quarta-feira é dia de dobradinha, com definição de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, e o presidente do Banco Central brasileiro já indicou que deve seguir o roteiro já definido na última reunião, com uma alta de um ponto percentual na taxa básica de juros.
Assim, mesmo com o relatório Focus desta segunda-feira voltando a mostrar deterioração no cenário para Selic e inflação, os juros futuros seguem devolvendo os prêmios embutidos nas últimas semanas, durante o auge da crise política.
O principal destaque do noticiário corporativo ficou com a Copel. A companhia conseguiu se desvencilhar do dia negativo na bolsa e fechou em alta de 5% após anunciar dividendos bilionários. Confira outros destaques do noticiário corporativo:
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- E o IRB Brasil (IRBR3) voltou a ter um CEO efetivo após seis meses. O novo comandante tem a missão de resgatar a credibilidade da companhia com o mercado.
Veja tudo o que movimentou os mercados nesta segunda-feira, incluindo os principais destaques do noticiário corporativo e as ações com o melhor e o pior desempenho do índice.
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Em grande medida, o que está em jogo é a própria capacidade da China em lidar com crises desta magnitude e sua decisão de salvamento ou não de grandes empresas como essa. Leia a análise de Felipe Miranda, sócio-fundador e CIO da Empiricus.
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