🔴 QUER INVESTIR NAS MELHORES CRIPTOMOEDAS DO MOMENTO? SAIBA COMO CLICANDO AQUI

O que será da inflação daqui em diante?

Se houver alta inflação (mais de 3%) em perspectiva crescente, há necessidade de compra de ativos reais, como metais e imóveis

9 de fevereiro de 2021
6:43
Imagem: Shuttertstock

Ao iniciar o terceiro ato de sua peça, Shakespeare colocou um de seus mais famosos personagens, Hamlet, para proclamar um monólogo. Durante a intervenção, foi ouvida pela primeira vez a frase: “ser ou não ser, eis a questão”. Existir ou não existir, viver ou morrer. Um pensamento aparentemente simples, mas que guarda uma profundidade inexplicável.

Confesso ter certa curiosidade por perguntas que nos fazem refletir com profundidade epistemológica.

Foi com tal questionamento em mente que comecei a refletir sobre o tema do texto de hoje.

Afinal, o que será da inflação daqui em diante?

Depois de muito tempo com a inflação global ensaiando uma suposta morte, aos moldes japoneses (inflação por lá não se encontra com força há muito tempo), voltamos a flertar com a possibilidade de seu retorno.

Mas então, estaria ela vida ou de fato morta?

Leia Também

Vamos antes nos ater aos fatores que provocaram um racional de que a inflação ficaria muito baixa de modo estrutural.

Podemos separá-los em três:

  • tecnologia;
  • demográfica; e
  • globalização.

A primeira é o que chamamos de tecnologia deflacionária (Deflationary Tech), na qual os processos produtivos se desenvolvem de tal modo que possibilitam produtos mais baratos para o consumidor final. Se produz mais a um preço mais barato e com um uma logística muito mais avançada.

O segundo argumento deriva do fato das pessoas estarem vivendo cada vez mais. Se todos ficam mais velhos, acabam gradualmente poupando mais e mais, postergando o consumo que ocorreria no presente. Com isso, a pressão nos preços correntes é aliviada.

Por fim, mas não menos importante, temos a globalização. Este tópico é um pouco polêmico, uma vez que há economistas que entendem algumas facetas da globalização como sendo inflacionárias. No meu entendimento, contudo, podemos estabelecer genericamente que ao longo dos anos a quebra de barreiras comerciais entre países e uma elevação no nível de comércio global proporcionou uma redução geral dos preços – facilidade do intercâmbio de mercadorias (você tem mais acesso ao produto e mais acesso a bens substitutos, sem falar em viabilidade do barateamento da produção.

Assim, caminhávamos gradualmente para um horizonte de cada vez menos inflação, em contraposição às décadas de 70 e 80, quando houve um crescimento acentuado em paralelo à inflação galopante. Mais recentemente, porém, como podemos ver abaixo, o mundo desenvolvido entrou em um processo de menos crescimento e menos inflação.

Foi apenas nos últimos anos, principalmente depois da crise de 2008, que começamos a voltar a ter forças que porventura acarretariam inflação. Falo aqui da expansão monetária acentuada dos Bancos Centrais. Um aumento da oferta monetária leva à inflação. Então de um lado você teria os fatores deflacionários estruturais e, do outro, tópicos inflacionários para o mundo.

Ascensão de políticos populistas, contrários à globalização, expansão de liquidez e encarecimento da mão-de-obra (políticas trabalhistas) acarretam um repique da inflação. Eram dois caminhos possíveis:

  • o mundo se japonesa, com baixo crescimento e baixa inflação; ou
  • os efeitos deflacionários sofrem um revés e o mundo passa a ter inflação novamente.

Entretanto, até 2019 o vencedor deste cabo de guerra era a deflação. Então, houve a pandemia de 2020 e o jogo mudou de verdade. Em primeiro lugar porque o expansionismo monetário e fiscal ganhou contornos ainda mais radicais, flertando com patamares nunca antes navegados. Em segundo lugar, a quebra da cadeia de suprimentos foi bastante severa, de modo que um reaquecimento muito rápido do planeta, já em 2021, acarretaria inflação.

Hoje, parecemos ter passado do pico do problema. A propagação do vírus está desacelerando em quase todos os países, o que pode indicar que já ultrapassamos a pior parte da propagação do vírus nesta onda.

Isso anda de mãos dadas com a pesquisa da Universidade de Michigan, que descobriu que o vírus Corona é altamente sazonal, com um pico normal no final de janeiro ou início de fevereiro. Agora, há luz no fim do túnel, tanto de uma perspectiva vacinal quanto sazonal. As restrições serão, portanto, seguramente suspensas nas próximas 4 a 8 semanas. Boas notícias!

Consequentemente, as expectativas de inflação começam a aumentar. Vários bancos de renome, como o próprio Goldman Sachs, começam a projetar maiores oportunidades de retornos diferenciados dentro dos setores à medida que as diferenças entre vencedores e perdedores relativos entre os setores se tornam mais proeminentes em um ambiente inflacionário.

Os temas de tal contexto são os seguintes:

  • a tecnologia tende a ser deflacionária (substituição da mão-de-obra pela tecnologia). Os negócios de capital leve superaram significativamente o desempenho de empresas de CAPEX pesado, que geralmente estão em setores maduros.
  • a próxima revolução de descarbonização (verde). Estima-se que as infraestruturas verdes possuem algo entre 1,5 vezes e 3,0 vezes mais capital e empregos intensivos do que as infraestruturas de energia tradicionais por unidade de energia produzida. Essa mudança no CAPEX pode contribuir para a escassez e aumentos de preços em partes da economia que apresentaram desempenho inferior na última década.
  • os preços das commodities caíram, mas os mercados agora estão em déficit. A tendência contrária é provável, encarecendo as matérias-primas.
  • os salários têm tendência para baixo, mas podem ter feito fundo;
  • as taxas de poupança aumentaram de forma muito acentuada nas maiores economias, acarretando uma demanda empoçada considerável a ser solta assim que a economia reaquecer.
  • à medida que o dinheiro enfraquece (expansão de liquidez) e as cadeias de abastecimento se estreitam, existe o risco de que essa tendência diminua ou mesmo se reverta, em um processo inverso de globalização verificado até aqui.

Abaixo, um comparativo de diferentes ativos e combinação de ativos para diferentes cenários de inflação. Estamos em um contexto de inflação em linha ou de alta inflação, ainda não se sabe bem. O que se sabe, porém, é que se houver alta inflação (mais de 3%) em perspectiva crescente, há necessidade de compra de ativos reais (metais, imóveis e etc). Para os demais, a Bolsa segue sendo um cavalo importante – um blend 60/40 no exterior pode voltar a fazer sentido.

Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.

Vivemos uma realidade complicada. Economistas de renome, como Summers e Blanchard, começaram a alertar sobre o risco de superaquecimento da economia dos EUA, caso o plano de Biden de US$1,9 trilhão seja implementado. Seria mais dinheiro na economia, aumentando a chance de inflação.

O Fed (Banco Central dos EUA) poderia ficar com o mesmo medo se o núcleo da inflação começar a ficar acima de 2% no segundo trimestre?

Hoje se sabe, no entanto, que a curva de Phillips é muito mais plana do que antes. Ou seja, o baixo desemprego leva a uma inflação mais alta, mas mesmo uma economia muito aquecida só leva a um modesto superaquecimento inflacionário.

Estamos na fronteira de novos conhecimentos econômicos. Há muito o que refletir. Bem provavelmente, como já começamos a ver no Brasil, o mundo realmente volte a flertar com patamares mais acentuados de inflação, ao menos no curto prazo. Quais os efeitos disso à diante, contudo, será preciso mais tempo para que as ideias possam maturar.

Em um ambiente tão complicado, é necessário ter junto com você as melhores ideias para investir seu dinheiro. Afinal, a última coisa que você quer é perder para inflação em algum ano. Felipe Miranda, Estrategista-Chefe da Empiricus, a maior casa de análise independente da América Latina, se dedica periodicamente para fornecer aos seus leitores as melhores ideias de investimento.

Basta assinar o nosso best-seller, a série “Palavra do Estrategista” e se preparar para este mundo cada vez mais incerto.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A nova corrida do ouro? Cotação dispara em meio a busca por proteção e passa de US$ 2.900, mas pode subir mais

11 de fevereiro de 2025 - 6:04

Fortalecimento da cotação do ouro é acentuado por incertezas sobre a política tarifária de Trump e pela persistente tensão geopolítica

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Trump restabelece a política externa do ‘grande porrete’ nos EUA, mas deixa de lado uma parte importante dessa doutrina

4 de fevereiro de 2025 - 7:01

Mercado financeiro segue atento à escalada tarifária de Donald Trump e ao potencial inflacionário da guerra comercial do novo presidente dos EUA

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Donald Trump está de volta com promessa de novidades para a economia e para o mercado — e isso abre oportunidades temáticas de investimentos

21 de janeiro de 2025 - 6:48

Trump assina dezenas de ordens executivas em esforço para ‘frear o declínio americano e inaugurar a Era de Ouro da América’.

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O porrete monetário, sozinho, não será suficiente: é necessário um esforço fiscal urgente

17 de dezembro de 2024 - 6:28

Crescente desconfiança sobre a sustentabilidade fiscal agrava desequilíbrios macroeconômicos e alimentam ainda mais o pessimismo

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Os juros vão subir ainda mais? Quando a âncora fiscal falha, a âncora monetária precisa ser acionada com mais força

10 de dezembro de 2024 - 7:08

Falta de avanços na agenda fiscal faz aumentar a chance de uma elevação ainda maior dos juros na última reunião do Copom em 2024

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A dura realidade matemática: ou o Brasil acerta a trajetória fiscal ou a situação explode

3 de dezembro de 2024 - 7:01

Mercado esperava mensagem clara de responsabilidade fiscal e controle das contas públicas, mas o governo falhou em transmitir essa segurança

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um nome agrada o mercado: como a escolha de Trump para o Tesouro afeta o humor dos investidores

26 de novembro de 2024 - 7:01

Escolhido por Trump para chefiar o Tesouro dos EUA, Scott Bessent associa ortodoxia, previsibilidade e consistência na condução da economia

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado

12 de novembro de 2024 - 7:01

Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Caminhos opostos: Fed se prepara para cortar juros nos EUA depois das eleições; no Brasil, a alta da taxa Selic continua

5 de novembro de 2024 - 7:11

Eleições americanas e reuniões de política monetária do Fed e do Copom movimentam a semana mais importante do ano nos mercados

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Fortes emoções à vista nos mercados: Investidores se preparam para possível vitória de Trump às vésperas de decisão do Fed sobre juros

29 de outubro de 2024 - 6:43

Eventual vitória de Trump pode levar a desaceleração de ciclo de cortes de juros que se inicia em grande parte do mundo desenvolvido

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Ouro a US$ 3.000? Como os crescentes déficits dos EUA podem levar o metal precioso a níveis ainda mais altos que os recordes recentes

22 de outubro de 2024 - 7:01

Com a credibilidade do dólar questionada em meio a uma gestão fiscal deficitária, investidores e governos buscam alternativas mais seguras para suas reservas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

China anuncia medidas de estímulo em diversas frentes e ações locais disparam — mas esse rali tem fundamento?

1 de outubro de 2024 - 6:14

Um rali baseado em estímulos parece estar em andamento na China, mas seu sucesso vai depender da rápida implementação das medidas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros nos EUA não resolve tudo na bolsa: bomba fiscal põe em risco fim de ano do mercado de ações no Brasil

24 de setembro de 2024 - 6:17

Da mesma forma, o aumento dos juros por aqui é insuficiente sem um compromisso firme do governo com a responsabilidade fiscal

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Fed corta os juros? Copom eleva a Selic? Saiba o que esperar de mais uma Super Quarta dos bancos centrais

17 de setembro de 2024 - 7:01

Enquanto o Fed se prepara para iniciar um processo de alívio monetário, Brasil flerta com juros ainda mais altos nos próximos meses

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

‘It’s time!’: O tão aguardado dia do debate da eleição americana entre Donald Trump e Kamala Harris finalmente chegou

10 de setembro de 2024 - 6:16

Antes da saída de Biden, muitos consideravam Kamala Harris uma candidata menos competitiva frente a Trump, mas, desde então, Harris surpreendeu com um desempenho significativamente melhor

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O Ibovespa experimentou novos recordes em agosto — e uma combinação de acontecimentos pode ajudar a bolsa a subir ainda mais

3 de setembro de 2024 - 7:01

Enquanto o ambiente externo segue favorável aos ativos de risco, a economia brasileira tem se mostrado mais resistente que o esperado

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O Ibovespa acaba de estabelecer um novo recorde — e isto é o que precisa acontecer para a bolsa alçar voos ainda mais altos

20 de agosto de 2024 - 6:19

Correções são esperadas, mas a perspectiva para o Ibovespa permanece otimista, com potencial para ultrapassar os 140 mil pontos em breve

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O que precisa acontecer para o dólar parar de subir — e diminuir a pressão sobre a inflação e os juros

13 de agosto de 2024 - 7:01

O aguardado início de um ciclo de corte de juros pelo Fed tende a mudar a dinâmica das ações e do dólar nos mercados globais

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um susto nos mercados globais: existe razão para tanta histeria?

6 de agosto de 2024 - 7:02

Ibovespa teve desempenho melhor que o de outros índices de ações em meio ao susto nos mercados — e ainda pode se beneficiar da queda nos juros, pelo menos em tese

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Uma rotação setorial está em andamento — e ela conversa com o ‘Trump Trade’

23 de julho de 2024 - 6:37

Rotação setorial coincide com esgotamento da valorização das ‘big techs’ em Wall Street e inflação desacelerando nos EUA

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar